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Qual a ação e reação do silício nas plantas?

Autores

Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano – campus Morrinhos
rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br
Brenda Ventura de Lima e Silva
Engenheira agrônoma, mestra em Fitopatologia e servidora – IF Goiano – campus Morrinhos
Crédito Olimpio Filho

Para ser competitivo na agricultura moderna, o produtor rural necessita reduzir os custos de produção para se tornar mais eficiente. A melhor maneira de enfrentar este obstáculo é por meio da utilização de tecnologias geradas pela pesquisa científica aplicada. Dentre os fatores que afetam a produtividade estão a disponibilidade de nutrientes, que quando corretamente balanceados nos solos favorecem a nutrição e o controle de pragas, doenças e nematoides.

Resultados de pesquisas científicas realizadas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, comprovaram que a aplicação de silício (Si) na nutrição mineral das plantas proporciona diversos benefícios, a saber: melhor crescimento e maior produtividade, aumento da resistência à seca e maior tolerância ao ataque de pragas e doenças.

Portanto, o Si melhora a qualidade nutricional e fitossanitária das plantas quando utilizado. Diante disso, vem despertando muito interesse entre pesquisadores, técnicos e agricultores, pelos diversos benefícios que traz às culturas.

Plantas beneficiadas

Diversos trabalhos comprovam que a suplementação com o Si é capaz de incrementar a produtividade, reduzir estresses abióticos e a severidade de doenças em um elevado número de espécies. Os resultados são mais evidentes em plantas da classe das monocotiledôneas, família Gramineae, atualmente denominadas de Poaceae, a exemplo da cana-de-açúcar, trigo, braquiária, milho, sorgo e arroz.

Por outro lado, também encontramos resultados positivos nas culturas da batata, tomate, melancia, quiabo, alface, cenoura, soja, pepino, melão, abóbora, videira, cafeeiro, eucalipto, entre outras, tendo sido observados resultados de eficiência de controle que variam de 20 até 90%.

Silício nas plantas

Plantas com níveis mais elevados de Si contêm mais nutrientes em seus tecidos. Como este nutriente aumenta a produção de fotoassimilados devido ao incremento na taxa fotossintética, há um aumento na incorporação de minerais que conferem mais resistência à parede celular das plantas, o que torna a planta mais resistente a situações de estresses.

E, ainda, a aplicação de Si deixa as folhas mais eretas, diminuindo o sombreamento e deixando a planta mais resistente a doenças.

Quando adicionamos um nutriente ao solo via adubação, ocorrem reações químicas que podem modificar, para mais ou para menos, os teores disponíveis de outros elementos. O caso do silício é interessante, pois ocorrem interações com vários elementos que favorecem a nutrição da planta.

Além disso, o silício atua diretamente na diminuição da taxa de incidência de doenças e até mesmo o ataque de insetos, devido à sua deposição abaixo da cutícula, o que faz com que a espessura da epiderme aumente e ele atue também como uma barreira mecânica contra patógenos e insetos.

Resultados em campo

Plantas mais produtivas, com menos doenças e mais vigorosas. Este é o resultado que muitos agricultores vêm obtendo ao utilizar o silício como mais um nutriente para a nutrição das plantas. No entanto, muitos agricultores e técnicos ainda desconhecem os efeitos e as vantagens do uso de fontes silicatadas nas suas lavouras.

Benefícios como a redução da toxicidade do manganês (Mn), ferro (Fe) e outros metais pesados, redução da transpiração e aumento da absorção e metabolismo de elementos, como o fósforo (P), são observados.

A utilização de fertilizantes silicatados aumenta a eficiência da adubação NPK. Os adubos silicatados normalmente apresentam boas propriedades de adsorção. Isto faz com que ocorra menor lixiviação de potássio e outros nutrientes móveis no horizonte superficial.

Com o aumento do teor de silicato no solo ocorrem reações químicas de troca entre o silicato e fosfatos, como os fosfatos de cálcio, alumínio e ferro. Portanto, há formação de silicatos de cálcio, alumínio e ferro com a liberação do íon fosfato, aumentando o teor de fósforo na solução do solo.

Aliado a isso, o silicato pode deslocar o fósforo dos sítios de adsorção na argila e nos sesquióxidos, ou ocupá-los preferencialmente. O silício também aumenta a translocação interna do fósforo para a parte aérea da planta.

Outro ponto positivo da adição do Si no solo é a correção da acidez do solo por meio do emprego de silicatos, que proporciona resultados semelhantes aos do carbonato e do hidróxido de cálcio. O mesmo aumenta o pH, eleva os níveis de cálcio, diminui os efeitos tóxicos do ferro, manganês e do alumínio trocáveis na solução do solo, além de aumentar a saturação por bases.

Utilização eficiente do silício

O silício deve ser utilizado preferencialmente de forma preventiva contra doenças fúngicas, bacterianas e ataque de nematoides. A realização de análises de solo e/ou de folhas são ferramentas imprescindíveis para uma recomendação adequada de silício. Este elemento também pode estar envolvido na intensificação do crescimento e da produção em várias plantas, na promoção de exposição favorável das folhas à luz, que acarreta em aumento da fotossíntese, na resistência a estresses abióticos, como acidez, baixas temperaturas e salinidade.

Pesquisas mostram que resultados satisfatórios foram obtidos com a aplicação de silicato entre 1,0 a 8,0 l/ha via pulverização mecânica. Outros estudos relatam a aplicação de 1,2 a 1,5 t/ha via lanço para o material fino (pó), e por último alguns estudos demonstraram a utilização de silicato granulado entre 0,5 a 0,8 t/ha por aplicação na linha de plantio.

Cuidados necessários na aplicação

Para um melhor aproveitamento, o Si deve ser aplicado na forma de silicato no solo pelo menos um mês antes do plantio. O solo deve apresentar umidade adequada, ou seja, capacidade de campo da ordem de 60 a 80%, de modo a favorecer as reações do elemento no solo.

Deve-se ter atenção com as principais fontes de Si que podem ser aplicadas na agricultura e a sua disponibilidade de serem facilmente encontradas no mercado, como as escórias siderúrgicas e silicatos, que possuem granulometria fina e que fornecem maiores quantidades do micronutriente.

As características consideradas ideais para o uso de fontes de Si na agricultura são: alta concentração de Si solúvel, facilidade para a aplicação, pronta disponibilidade para as plantas, boa relação em quantidades de cálcio e magnésio, baixa concentração de metais pesados e reduzido custo.

As condições ideais para aplicação da calda contendo o Si são: ausência de vento e baixas temperaturas, aconselhando-se a aplicação no começo ou final do dia, sendo as horas mais amenas os melhores momentos para evitar perda de calda por evaporação ou deriva do produto.

Estudo de caso – cafeeiro

Trabalho de pesquisa realizado com mudas de cafeeiro demonstrou a capacidade desta planta acumular mais de 1% de Si nas raízes. Esta concentração de Si na raiz pode ser considerada elevada, em função de tratar-se de uma dicotiledônea que demonstra o potencial desse elemento num sistema de manejo de nematoides de galhas em cafeeiro.

Resultados positivos foram observados com a adição de Si no solo no controle de M. exigua em plantas de café. Houve maior desenvolvimento vegetativo do cafeeiro da ordem de 18% e uma redução da reprodução do nematoide de 28,1% em plantas de café cultivar Catuaí 44, suscetível a M. exigua, quando adicionado este nutriente.

Tendências

Tomando como referência as pesquisas recentes, constata-se o grande potencial do uso do silício para melhorar a produtividade das culturas no Brasil, minimizando a ação de agentes de estresse bióticos e abióticos nas plantas, além de favorecer várias interações com outros nutrientes, de modo a melhorar a nutrição da planta.

Atualmente, a sociedade anseia e cobra por uma agricultura mais equilibrada e com menor impacto ambiental, com menor consumo de água e defensivos agrícolas. Assim, o papel do silício no manejo da nutrição das plantas, por meio de uma nutrição equilibrada e fisiologicamente mais eficiente, torna-se cada vez mais importante para uma maior produtividade e sustentabilidade.

Novidade – fonte de silício

Uma novidade na área da suplementação com o Si é o produto SIFOL, da Diatom. Trata-se de um silício foliar que apresenta alta concentração de silício solúvel desenvolvido para elevar a produtividade, aumentar a resistência e regular a perda de água nas plantações.

O silício líquido foliar como fonte de micronutrientes completamente solúvel de silício e potássio propicia aumento de produtividade e da quantidade do produto colhido.

Outra novidade é o silício pó de rocha, que aumenta a produção, melhora a qualidade do solo, protege as plantas contra pragas e doenças, controla doenças e fungos, dentre outros produtos registrados no MAPA.

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