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quinta-feira, maio 2, 2024
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Reconhecimento e manejo da mancha angular feijoeiro

Autores

João Carlos Ribeiro Neto
Lara Alves Gabriel
Graduandos em Engenharia Agronômica – Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM Campus Uberlândia)
Igor Souza Pereira
Doutor em Fitopatologia – IFTM Campus Uberlândia
igor@iftm.edu.br
Crédito Nilton Jaime

O Brasil se destaca na produção de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), caracterizando-se como o principal produtor mundial da cultura. O cultivo do feijoeiro ocorre em praticamente todo o território nacional e o ano todo, em três safras distintas: a das águas, da seca e do inverno.

Devido a essa diversidade e gama de janelas agrícolas, a cultura apresenta diferentes fatores limitantes que resultam em uma baixa produtividade média nacional. Dentre esses, a ocorrência de doenças, como a mancha angular causada pelo fungo Pseudocercospora griseola (sin. Phaeoisariopsis griseola), apresenta grande importância.

A doença é de comum ocorrência nos países produtores das Américas, Ásia e Oceania, e no Brasil nos últimos anos vem aumentando sua presença e incidência nas lavouras dos principais regiões produtoras, com grande frequência no cultivo do feijoeiro de seca ou safrinha, sendo que quanto mais precoce sua entrada na lavoura, maiores são os prejuízos ocasionados.

Perdas

As perdas estimadas na cultura variam entre 10 e 80% em regiões tropicais e subtropicais. Contudo, tal variação é dependente do local de plantio, condições climáticas, da suscetibilidade das cultivares, dos tratos culturais e sanitários, pressão do inóculo e da patogenicidade dos isolados.

Agente causal da doença

O patógeno causador da doença é o fungo Pseudocercospora griseola (sin. Phaeoisariopsis griseola) que, além do feijoeiro comum, também é capaz de hospedar na fava (Phaseolus lunatus), feijão tepari (P. acutifolus), ervilha (Pisum sativum) e as espécies do gênero Vigna (como exemplo, o feijão de corda).

O fungo P. griseola é capaz de sobreviver nas sementes e nos restos culturais de seus hospedeiros por até 19 meses. O mesmo possui alta variabilidade genética e patogênica, com mais de 50 raças identificadas por estudos com isolados de diferentes regiões produtoras do País, sendo os Estados de Goiás e Minas Gerais os que apresentaram maior diversidade desse fungo.

Sinais e sintomas

A presença do fungo pode ser notada pela formação de estruturas reprodutivas na face abaxial das folhas de coloração escura, entretanto, os sintomas aparecem nas folhas, caule e vagens. Nas folhas primárias as lesões frequentemente são circulares e de coloração marrom ou castanha.

As folhas trifolioladas apresentam o sintoma mais característico e que denomina a doença, com as lesões delimitadas pelas nervuras apresentando-se angulares e de coloração mais acinzentadas circundadas por um halo amarelo. Com o tempo coalescem e ocorre a desfolha prematura.

No caule e pecíolos as lesões são alongadas e marrom-escuras. Nas vagens são circulares e marrons acinzentadas, mas diferente do sintoma da antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), as lesões não são deprimidas.

Condições favoráveis e disseminação

As condições mais favoráveis ao desenvolvimento da doença são temperaturas amenas, em média 25ºC, seguidas por períodos chuvosos ou de alta umidade relativa, alternados por período de baixa umidade.

Temperaturas acima de 32ºC impedem o processo de infecção. A disseminação dos esporos pode ocorrer por meio de sementes e solo com restos culturais contaminados, ventos e pela chuva e/ou irrigação.

Manejo e controle

➢ Monitoramento da lavoura, principalmente na safra das secas, ficando atento aos sintomas e sinais iniciais da doença;

➢ Utilização de sementes sadias e tratadas com defensivos;

➢ Realizar rotação de culturas, principalmente com gramíneas e espécies não hospedeiras;

➢ Eliminar os restos culturais, devido a sua fácil disseminação;

➢ Manter a cultura no limpo, utilizando herbicidas registrados ou implementos mecânicos, a fim de evitar as condições favoráveis para o aparecimento da doença;

➢ Utilização de cultivares com níveis de resistência a doenças. Atualmente, existem no mercado variedades com diferentes níveis de resistência, porém, o desenvolvimento de cultivares totalmente resistentes é dificultado pela alta patogenicidade de P. griseola, sendo registrado apenas o emprego de resistência vertical à doença. As variedades BRSMG Madre pérola, BRSMG Realce, BRS Radiante, BRS Pitanga, IPR Campos Gerais, IPR Tuiuiú, IPR Tangará, IPR Garça, IPR Gralha, IPR Tiziu, IPR Saracura, IAC Formoso, IAC Esperança e IAC Boreal apresentam resistência moderada.

➢ Utilização de fungicidas. Atualmente, existem cerca de 173 fungicidas registrados para o controle químico da doença, pertencentes, em sua maioria, aos grupos químicos dos triazóis, estrobilurinas, ditiocarbamatos e isoftalonitrila. Recomenda-se, ainda, a realização de aplicações preventivas a fim de reduzir a incidência da doença, efetuada na fase inicial da cultura com cerca de 20 a 30 dias após a emergência, com intervalos de 10 a 15 dias. Estudos ainda relatam que os produtos tebuconazole e chlorothalonil têm apresentado bons resultados no controle, contudo, não descartam a necessidade de rotação dos princípios ativos.

➢ Utilização de indutores de resistência. Recentemente, pesquisas vêm sendo realizadas a fim de verificar formas alternativas de controle dessa doença utilizando indutores de resistência (Acibenzolar-S-metil e fosfitos), contudo, apesar de reduzirem a severidade e proporcionarem certo controle, se mostram pouco promissores aos olhos dos agricultores.

➢ Apesar da variedade de medidas e manejos existentes para o controle de mancha angular no feijoeiro, o controle bem sucedido ou o mais eficaz depende inteiramente da integração de todas as medidas disponíveis.

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