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Rhizobium e Azospirillum: coinoculação na soja com bactérias

Crédito: Shutterstock

Gisele da Silva
Bernardo Melo Montes Nogueira Borges
Engenheiros agrônomos – Brasilquímica

A soja, uma cultura amplamente cultivada, demanda uma quantidade significante de nitrogênio para seu desenvolvimento, sendo o mais extraído e exportado pela cultura. Este nutriente desempenha um papel crucial em todas as fases do ciclo de vida da planta, desde o crescimento vegetativo até a maturação dos grãos. Surpreendentemente, a principal fonte de nitrogênio para a soja não é o solo, mas sim a atmosfera, onde ele é transformado e fornecido às plantas pelo trabalho de bactérias fixadoras de nitrogênio. Claro que existem outras fontes de nitrogênio como, por exemplo, a matéria orgânica do solo, mas essa é limitada. Esta reserva pode ser rapidamente esgotada. Além disso, as condições climáticas prevalecentes nos solos brasileiros, como temperatura elevada e alta umidade na época das chuvas, podem acelerar a decomposição da matéria orgânica e, consequentemente, a perda de nitrogênio. Assim, devemos buscar sempre formas e fontes afim de suprir a demanda constante por esse nutriente nas lavouras de soja.

Fontes de nitrogênio

A utilização de fertilizantes nitrogenados é a forma mais rápida de fornecer nitrogênio para as plantas, porém, essa prática possui um alto custo e devido à alta demanda da cultura, isso inviabilizaria a produção de soja no Brasil. Em uma conta rápida e simples, um ano de adubação nitrogenada, em preços normais de ureia, seria o equivalente ao gasto em 20 anos adotando a tecnologia de bactérias fixadoras de nitrogênio. Vamos aprofundar mais nesse assunto ao longo do texto.

Como funciona a inoculação

Existem algumas coisas de fato surpreendentes em se tratando de inoculação de soja com Bradyrhizobium. A maior delas é que ainda existem produtores que não a fazem. Inacreditável! No artigo publicado recentemente na conceituada revista Environmental Techonoly & Innovation, os autores mencionam que na safra 2019/20 houve uma economia de US$ 15,2 bilhões com a adoção da inoculação. Claro que os benefícios dessa prática vão muito além de economia financeira – podemos citar várias outras, como, por exemplo, a diminuição do uso de recursos finitos, incremento na qualidade do solo, aumento da diversidade microbiana, etc. De fato, são muitos, mas não paramos por aqui, temos que lembrar também de um grande aliado do produtor – o Azospirillum brasilense.

Biofertilização

A bactéria tem se destacado como um promissor agente de biofertilização na agricultura, especialmente na cultura da soja e milho. Pertencente ao grupo dos microrganismos diazotróficos, essa bactéria é conhecida por sua capacidade de fixar nitrogênio atmosférico e promover o crescimento das plantas. Sua utilização na prática agrícola, por meio da técnica de coinoculação, tem despertado interesse devido aos benefícios que proporciona, como o aumento da produtividade das lavouras. Neste contexto, explorar a interação entre Azospirillum brasilense e Bradyrhizobium japonicum torna-se crucial para a busca por estratégias agrícolas mais eficientes e sustentáveis, não só pelo efeito fixador de nitrogênio, mas também pelo efeito de promoção de crescimento.

Sustentabilidade

A busca por formas sustentáveis e eficientes de suprir a demanda de nitrogênio na cultura da soja é crucial para garantir sua produtividade e viabilidade a longo prazo. A adoção de práticas como a inoculação com Bradyrhizobium e o uso de Azospirillum brasilense não apenas oferece benefícios econômicos imediatos, mas também contribui para a preservação ambiental e a resiliência do sistema agrícola. No entanto, é fundamental superar as barreiras à sua implementação, promovendo a conscientização e oferecendo suporte técnico aos produtores, a fim de maximizar os benefícios dessas tecnologias e garantir um futuro sustentável para a soja.

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