Autores
Samara Moreira Perissato
Engenheira agrônoma, mestre e doutoranda em Agronomia/Agricultura – UNESP – Botucatu
samaraperissato@gmail.com
Leandro Bianchi
leandro_bianchii@hotmail.com
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Vitor Muller Anunciato
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu
Leandro Tropaldi
Engenheiro agrônomo, mestre em Agricultura, doutor em Proteção de Plantas e professor de Plantas daninhas – UNESP-Dracena
l.tropaldi@unesp.br
Os safaners são substâncias que possuem alto grau de especificidade botânica e química, possibilitando a seletividade de herbicidas em culturas, ou seja, constitui no uso de substâncias químicas aplicadas em plantas que a protegem do efeito tóxico causado pelos herbicidas. Assim, podem ser usados com a finalidade de conceder seletividade a certos herbicidas, visando aumentar a tolerância das espécies cultivadas, sem causar injúrias ou danos à cultura e sem afetar a sensibilidade das plantas daninhas.
Vale a pena ressaltar que os safeners previnem, mas não são capazes de reverter danos de herbicidas às culturas.
Implicações no manejo de plantas daninhas
Os safeners são importantes no manejo de plantas daninhas por elevar a rotação do ingrediente ativo utilizado na cultura. A principal vantagem destes produtos é a proteção de culturas a herbicidas que controlam plantas daninhas morfologicamente semelhantes à cultura principal.
Isso é muito evidente em cereais, onde diversos safeners evitam o efeito fitotóxico de inibidores de ACCase nessas plantas, o que proporciona eficácia de controle das plantas daninhas pertencentes ao grupo das Poacea.
Ação e reação
A ação protetora do “safener” pode ocorrer pela redução da diminuição da absorção e translocação do herbicida, pela competição pelo sítio de ação ou ainda pela metabolização destes compostos.
A maioria dos protetores induz expressão de genes que codificam enzimas envolvidas na desintoxicação de herbicidas, como citocromo P450 monoxigenase (P450), ou a glutationa S-transferase (GST).
Por atuar na atividade enzimática das plantas, atualmente algumas pesquisas demostram uma abordagem destes produtos com ação estimulante. Portanto, conhecer o posicionamento, a forma de ação e as perspectivas futuras dos “safeners” na agricultura é fundamental no manejo de plantas daninhas.
Manejo
Os safeners podem ser aplicados de três maneiras: em tratamento de sementes (TS); em mistura com herbicidas ou formulado com o herbicida. A aplicação depende do tipo de safener, da cultura e das plantas daninhas encontradas na área.
No caso da aplicação em mistura com o herbicida, o safener pode ser formulado com o herbicida, ou comercializado como um produto independente e posteriormente misturado ao herbicida no momento da aplicação. No Brasil, não há registro de produtos apenas com safeners usados na pós-emergência – há, apenas, safeners registrados para ao tratamento de sementes.
Entretanto, safeners como isoxadifen, mefenpyr, cloquintocete e benoxacor são exemplos de produtos formulados com herbicidas que possuem registro no Brasil. Safeners como flurazole, benoxacor, fenclorim, dicholmird e anidrido naftáico são usados em tratamento de sementes.
O anidrido naftálico, considerado o primeiro safener comercial, possui especificidade limitada, e quando aplicado em mistura com o herbicida pode reduzir a fitotoxidade nas plantas daninhas.
Portanto, sua aplicação é realizada em TS, principalmente em culturas gramíneas como milho, sorgo e trigo, e contra herbicidas da família tiocarbamatos, cloroacetamidas, sulfoniluréias, ciclohexanodionas e imidazolinonas. Outro exemplo de safener aplicado em sementes é o dietholate. O tratamento feito em sementes de arroz e algodão protege de danos causados por clomazone.
Ação estimulante
Atualmente, além de sua atividade protetora contra a ação de herbicidas, os safeners estão sendo associados a ações estimulantes em plantas. Devido a sua ação fisiológica, alguns produtos podem atuar no metabolismo secundário, na síntese de lipídeos, hormônios e esteróis, que podem estar ligados a respostas estimulantes.
Embora essa linha de estudo ainda seja incipiente, alguns resultados consistentes já foram reportados. Em trigo já foi observado aumento no comprimento da parte aérea, incremento de 20% de massa seca, bem como aumento no conteúdo total de lipídeos, após a aplicação de mefenpyr. Já o safener dichlormid em milho apresentou efeito estimulante em sementes, tanto em parte aérea quanto em raiz.
Limitações ao uso de safeners como protetores químicos
A performance dos safeners pode ser influenciada por fatores ambientais, tais como temperatura, umidade, textura e estrutura do solo, bem como pela sua dose de utilização. Além disso, há poucos estudos disponíveis em relação aos mecanismos de ação dos safeners e como esses diversos fatores podem influenciar sua eficiência.
O que ocorre ainda são estudos focados em gramíneas, havendo necessidade de uma abordagem mais ampla sobre culturas. Portanto, novos estudos necessitam ser realizados a fim de aumentar as informações sobre tecnologia de aplicação e desenvolvimento de formulações contendo estas substâncias, elucidando as vias envolvidas em sua resposta e maximizando sua visibilidade no mercado.