A área cultivada e a produção de soja e milho no Brasil deverão continuar crescendo. Por esse motivo, é urgente que o planejamento seja a primeira ação do produtor, ao iniciar sua safra
Amélio Dall’Agnol
Pesquisador da Embrapa Soja
Mais uma primavera chegou e com ela o início de uma nova safra de verão, que promete não ser menor do que as supersafras de 2015/16 e 2016/17. A soja, principal lavoura do Brasil, surpreendeu nesta safra, fechando a temporada 2017/18 com mais de 119 milhões de toneladas (Mt).
O milho, a segunda cultura mais importante, não repetiu o bom desempenho da safra anterior (98 Mt) e termina o ano 16 Mt menor (82 Mt), consequência da estiagem que afetou a 2ª safra, cuja semeadura foi retardada pelo atraso no estabelecimento da lavoura de soja, que também sofreu com a falta de chuvas no início da primavera.
A safra de algodão foi excepcional, com cerca de 2,0 Mt de pluma. As demais culturas não apresentam surpresas e deverão repetir o volume colhido na safra anterior, aproximadamente 12 Mt de arroz, 5,3 Mt de trigo e 3,6 Mt de feijão.
A safra de grãos deverá fechar a colheita de 2018 com cerca de 228 Mt; 10 Mt menor que os grãos colhidos em 2017, sendo que mais de 80% desse volume é representado pelas lavouras de soja e de milho, conforme indicado na figura a seguir.
Importância econômica
Segundo a FAO, a produção agrícola do Brasil evoluiu rapidamente a partir da década de 1970 e tornou-se o 3º maior exportador de alimentos, depois da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos (EUA), ou 2º, se considerarmos que a UE não é um país, mas um bloco econômico e polÃtico de países.
A área cultivada e a produção de soja e de milho no Brasil deverão continuar crescendo, dadas as imensas reservas de terras aptas e disponíveis para mais produção e, principalmente, por causa da crescente demanda desses grãos para formular as rações que alimentam os animais produtores de carne, cujo consumo aumenta com o crescimento da renda per capita da população.
No Sul do Brasil, o milho 1ª safra tem apresentado tendência de redução de área em favor da soja nas duas últimas décadas, mas, dados os bons preços atuais do cereal, o grão poderá não ter sua área reduzida na próxima temporada e poderá até aumentá-la, intuindo sobre a possibilidade de uma colheita superior 100 Mt, se o clima não prejudicar.
As condições climáticas são imprevisÃveis, apesar dos muitos acertos nas previsões dos institutos que monitoram o clima. Segundo essas previsões, nada indica que teremos sérias inconveniências climáticas na safra que se avizinha, para cuja temporada está-se prevendo a ocorrência do fenômeno El Niño, projetando mais chuva do que o normal para o Sul e menos umidade do que a tradicional para o Nordeste.
Panorama
O plantio do milho 1ª safra já vai adiantado e o da soja já começou em algumas regiões tropicais contempladas com chuvas recentemente. Outubro e novembro é o período mais indicado para semear a soja, mas a data pode ser antecipada em áreas com temperaturas mais amenas e úmidas, desde que as semeaduras não ocorram antes de finalizado o vazio sanitário.
Considerando que muitos agricultores pretendem semear milho na sequência da soja, é fundamental a escolha da cultivar certa para favorecer essa parceria, priorizando variedades de soja de ciclo mais curto, mas com bom desenvolvimento quando semeadas antecipadamente.
O plantio antecipado da soja com cultivares precoces favorece a antecipação da semeadura do milho 2ª safra, disponibilizando uma janela de plantio mais apropriada para o cereal, favorecendo maior produtividade.
No início de safra é importante que o produtor tenha realizada a dessecação da cobertura e/ou das plantas daninhas, tenha corrigido os defeitos nos terraços de contenção de enxurradas, tenha ajustado seus equipamentos de semeadura para uma melhor plantabilidade e tenha negociado a aquisição das sementes e dos fertilizantes a preços convenientes, visto que, a depender do ano, a maior parcela do lucro da safra poderá vir da boa negociação na aquisição dos insumos e comercialização da produção.
Essa é parte da matéria de capa da Revista Campo & Negócios Grãos, edição de novembro de 2018. Adquira o seu exemplar para leitura completa.