Apesar do aumento dos custos de produção, da queda dos preços da soja no mercado internacional e do dólar, o Brasil deve registrar recordes na safra do grão, caso não ocorram problemas climáticos. A previsão é do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura Hélio Sirimarco. Tomando por base as estimativas da safra 2016/17, ele concorda com o crescimento moderado da área de soja.
No sexto acompanhamento da safra, a Céleres® revisou positivamente o tamanho da safra brasileira de soja na safra 2016/17.Com área plantada em 33,8 milhões ha, 2,6% maior em relação à temporada passada, a produtividade média das lavouras brasileiras deverá alcançar 3,1 t/ha (51,3 sc/ha) na safra 2016/17, nível recorde para o País.
Tal aumento deve-se aos bons níveis à regularidade das chuvas observados desde o início da semeadura, que também ocorreu dentro do período ideal para o desenvolvimento favorável da planta. Apesar dos ajustes positivos generalizados pelo País, chamam atenção os estados do Centro-Oeste e o Paraná. A adoção de alta tecnologia e uma genética apurada também são motivos para a maior produção.
Também se destaca a recuperação do potencial produtivo do MATOPIBA. A região deverá apresentar produtividades mais elevadas na safra atual, porém, ainda abaixo do potencial, tendo em vista que a mesma passou por um período de veranico no final de dezembro/16 e que boa parte da área ainda está dentro do estágio de floração e enchimento de grãos.
Portanto, com condições climáticas bastante favoráveis no território brasileiro como um todo, a Céleres® estima a produção nacional de soja recorde em 2016/17, devendo alcançar 105 milhões t, volume quase 10% maior que no ciclo anterior.
Exportações a todo vapor
Já as exportações de soja deverão totalizar 52,5 milhões de toneladas em 2016/17, recuando 1% na comparação com o ano anterior. A previsão faz parte do quadro de oferta e demanda brasileiro, divulgado por Safras & Mercado. O esmagamento deverá subir 1%, totalizando 40,9 milhões de toneladas.
A oferta total de soja deverá aumentar 7% na temporada, passando para 104.935 milhões de toneladas. A demanda total está projetada por Safras & Mercado em 96,5 milhões de toneladas, repetindo o ano anterior. Desta forma, os estoques finais deverão aumentar 564%, passando de 1.271 milhões para 8.435 milhões de toneladas.
Safras & Mercado trabalha com uma produção de farelo de soja de 31,1 milhões de toneladas, crescendo 1%. As exportações deverão cair 2% para 15 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno está projetado em 16,1 milhões, com elevação de 2%. Os estoques deverão permanecer em 608 mil toneladas.
Quanto à produção de óleo de soja, deverá ficar em 8,1 milhões de toneladas. O Brasil deverá exportar 1,4 milhão de toneladas, 2% a menos em relação ao ano anterior. A previsão é de que 2,65 milhões de toneladas sejam disponibilizadas para a fabricação de biodiesel, com aumento de 2%.
O consumo interno deve subir 2% para 6,6 milhões de toneladas, contando o uso para o biocombustÃvel. A estimativa é de crescimento de 25% nos estoques para 606 mil toneladas.
Opções
Segundo Amelio Dall Agnol, pesquisador da Embrapa Soja, uma média de dez materiais comerciais têm se destacado nas lavouras de soja, sendo que a própria Embrapa tem novidades que estão no mesmo nível de produtividade e prometendo ganhar espaço, se forem devidamente promovidas.
“Tratam-se de cultivares transgênicas (RR ou RR2Bt), precoces, hábito indeterminado, resistentes ao acamamento, folhas lanceoladas para facilitar a penetração dos raios solares e os agrotóxicos“, considera o pesquisador.
Média produtiva
A média regional do Brasil, para as lavouras de soja, está sendo esperada em cerca de 3.200 kg/ha (53,3 sc/ha), mas o clima poderá, eventualmente, decepcionar mais para frente. “A produtividade varia muito entre produtores e o mesmo produtor poderá ter produtividades diferentes em distintos talhões, por causa das diferenças de fertilidade do solo“, explica.
Custo de produção
Quando ao custo de produção, igualmente varia de produtor a produtor, mas AmelioDallAgnol estima que a média regional ficará em cerca de R$ 2.500,00/ha. Segundo ele, plantar soja ainda é a melhor opção para o agricultor da região do Paraná, que planta milho após a soja, ao invés do trigo, como fazia há duas décadas.
“Com o preço atual da soja em torno de R$ 70,00 por saca de 60 kg e um custo de produção de R$ 2.500,00, a lavoura deixa um lucro de (53,3 x 70,00 = 3.731,00) R$ 1.231,00/ha, o que é uma boa margem, principalmente para produtores mais competitivos, cujas produtividades são muito superiores à média regional“, calcula o especialista.