Claudia Adriana Görgen
Doutora e CEO Terra Nova – Agricultura Planetária Sustentável
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Em solos cultivados, a matéria orgânica está em constante decomposição devido, principalmente, ao seu conteúdo de biomassa ativa. Embora extremamente complexa, tanto na origem quanto na estrutura, a matéria orgânica do solo geralmente é classificada arbitrariamente em substâncias húmicas de cor escura e relativamente estáveis.
Por várias razões, muita atenção tem sido dada à extração e composição das substâncias húmicas e, até recentemente, esta abordagem tem operado contra estudos de outros metabólitos e componentes não húmicos importantes responsáveis pelo efeito residual do sistema biológico em solos cultivados.
Origem
Toda matéria tem sua origem. Para entendermos as substâncias húmicas, é necessário conhecer a origem da palavra e suas derivações. A palavra humus vem do Latim e significa “terra”, incluindo tudo que estiver “perto do solo”. Na superfície do solo a vida é mantida à constituição biogeoquímica e suas propriedades.
Assim, é importante reconhecer tudo o que é solo, está para o solo, reage no solo e funciona como solo.
O sistema solo é uma composição multielementar, constituído de minerais, água, ar e matéria orgânica (raízes e microrganismos associados), reagindo a todo momento de forma dinâmica e sem preconceito.
As transformações ocorrem por inúmeras cargas eletromagnéticas originadas pelo processo de formação/degradação de partículas orgânicas e inorgânicas. Estas cargas eletromagnéticas determinam diferentes valores do pH, ou seja, do potencial hidrogeniônico, que muda constantemente em solos com umidade acima do ponto de murcha permanente (0,24 Mpa na pressão de máximo desenvolvimento de raiz da cultura do girassol).
E, finalmente, a comunicação ativa intra e interfuncional destes elementos biogeoquímicos gera as chamadas substâncias húmicas.
O sistema radicular do girassol
O sistema radicular do girassol, naturalmente, apresenta uma raiz principal ramificada por raízes laterais, formadas majoritariamente no terço superior, na parte mais larga da raiz, próximo à superfície do solo.
As raízes laterais são numerosas e fortes, aparecem e se desenvolvem durante todo o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta. Os ramos muito numerosos, mas principalmente pequenos, que cobrem as laterais fornecem um sistema de absorção extenso e eficiente, especialmente na superfície, podendo chegar a 80 cm de profundidade no solo.
Quanto maior o sistema radicular da planta, maior a quantidade de exsudação de metabólitos e, consequentemente, maior a quantidade de substâncias húmicas no solo “rizosférico”.
É necessário aplicar ácidos húmicos na cultura do girassol?
Tudo depende do manejo realizado pelo agricultor. Se o proprietário da área de cultivo de girassol realiza bioativação com produção de bifertilizantes associado a plantas de cobertura (adubação verde) e sempre realiza o manejo da fertilidade do solo de acordo com as necessidades nutricionais da planta, não há necessidade de aplicação de ácidos húmicos.
Manejo dos biofertilizantes
Os biofertilizantes podem ser preparados em condições tanto aeróbicas como anaeróbicas. Além dos resíduos orgânicos regionais, como cama de gado ou aves confinadas, os biofertilizantes poderão ser enriquecidos com aditivos que concentrem macro e micro elementos essenciais (remineralizadores, e rochas fosfáticas naturais, entre outros), auxiliem a atividade microbiana (fontes de açúcares, carboidratos, carvão, etc.) ou a enriqueçam pela adição de compostos orgânicos, serapilheira, ou mesmo restos vegetais da própria lavoura de girassol.