Para ser considerada de alta qualidade, a semente de soja deve possuir características fisiológicas e sanitárias, tais como altas taxas de vigor, de germinação e de sanidade, bem como garantia da pureza física e varietal, e não conter sementes de plantas daninhas. Ao contrário, sementes de menor vigor podem acarretar em baixo estande de plantas, desuniformidade, má distribuição e desenvolvimento, afetando o rendimento econômico.
Ou seja, o principal fator de sucesso inicial de uma lavoura é o uso de sementes de qualidade elevada, que contribuem para que sejam alcançados níveis altos de produtividade. Sobre esses aspectos, alguns trabalhos têm mostrado efeito direto do vigor das sementes sobre o rendimento de grãos.
Um deles, publicado na dissertação de mestrado de José Ricardo Baguateli, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, da Universidade Federal de Pelotas, demonstrou, entre outros dados, que o acréscimo no vigor das sementes provoca aumentos lineares no crescimento das plantas, no número de vagens por planta, no número de sementes por planta, na massa de mil sementes e principalmente na produtividade da soja.
Ainda segundo o autor, cada ponto percentual de acréscimo no nível do vigor de sementes é capaz de aumentar a produtividade em até 28,0 kg por hectare (ha). Além disso, o uso de sementes com níveis de vigor de 95% pode incrementar a produtividade da soja em 842 kg/ha, provocando acréscimos superiores a 35% no rendimento de grãos quando comparado a sementes de baixo vigor. O trabalho de dissertação foi concluído em 2015 e utilizou para testes cultivares de soja com potenciais genéticos daquele ano.
Mais potencial em 2024
Winicius Menegaz, gerente de produção de sementes da Girassol Agrícola, empresa que é referência no setor no Brasil, explica que com a genética atual é possível alcançar acréscimos de produtividade ainda maiores. Empenhada em garantir novos patamares de rendimento ao sojicultor brasileiro, a companhia está sendo pioneira na safra 2024/25 em garantir 100% de seu volume com sementes que tenham acima de 90% de IRG (Índice de Recomendação Girassol, calculado pela média de todos os testes históricos de vigor do lote, além de germinação em boletim).
Já para sementes adquiridas com TSI (tratamento de sementes industrial), a Girassol oferece lotes com 92% de IRG e germinação. E com o TSI completo e o novo BAG ATI, que traz a inovação da atmosfera isolada, o produtor pode optar por lotes com padrão 95%. Assim como trabalhos anteriores, os estudos internos da sementeira apontam que este padrão de IRG 95% pode propiciar incrementos de até 35% em produtividade, quando comparado a lotes de qualidade inferior.
Conforme o gerente de produção, que também desenvolve estudos relacionados à qualidade de sementes em sua tese de doutorado na Universidade de Pelotas, estima-se que a média atual de mercado, considerando vigor padrão, é de 80 a 85%. “Baseado nesta taxa, as sementes de soja oriundas da Girassol Agrícola incrementam a seus clientes em média quatro a sete sacas por hectare, devido ao uso de vigor superior ao padrão de mercado”, explica.
Importância do armazenamento
Ele acrescenta que os resultados preliminares dos trabalhos mostram que a manutenção do vigor das sementes de soja é também favorecida pelo uso de embalagens mais adequadas à máxima conservação. Isso porque, do processo de produção até o embarque, há um período aproximado de seis a sete meses de armazenamento. E, durante este tempo, é fundamental que as sementes se mantenham em sua máxima conservação e qualidade fisiológica.
“Em nossos dados já compilados, a manutenção superou 5% de vigor para as sementes com uso de BAG de atmosfera isolada (BAG ATI), quando comparado a um mesmo lote em embalagens convencionais. Uma verdadeira revolução no setor sementeiro e um novo patamar de qualidade está sendo construído”, diz o profissional.
Para ele, não existe solução mágica para incremento de produtividade, porém, é inquestionável que o primeiro passo de uma lavoura bem estabelecida é o uso de sementes de alta qualidade. Isso, quando aliado a boas práticas agronômicas, tem sim maiores garantias de um maior rendimento em produtividade, ou seja, demonstra que a “sorte” dos agricultores de sucesso vem junto com o uso de sementes ou de insumos de elevada qualidade.
“A base fundamental agronômica do “bom feijão com arroz bem-feito” é uma lei agrícola que certamente irá perdurar por muito tempo. E esta, nada mais é que, em todas as etapas de cultivo, buscar as melhores práticas agrícolas, sejam elas de manejo ou estratégias de compra dos melhores insumos. O sucesso nunca vem ao acaso e a sorte geralmente vem para os que fazem bem feito com as ferramentas mais adequadas”, conclui o especialista.