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Seringueira – Da madeira à borracha

Diogo Esperante

Analista de mercado do Grupo Hevea Forte e coordenador da Comissão de Políticas Públicas da Câmara Setorial da Borracha

Gilson Pinheiro de Azevedo

Sócio proprietário da Hevea Ambiental – Consultoria e Assistência Técnica, engenheiro agrônomo responsável pela NB – Noroeste Borracha, vice-diretor técnico da APABOR e membro da Câmara Setorial da Borracha Natural Paulista

gilson@noroesteborracha.com.br

Seringueira (Miriam Lins)
Seringueira (Miriam Lins)

A bibliografia especializada aponta para 35 anos como o ponto de declínio produtivo da seringueira. Contudo, as atuais tecnologias de exploração possibilitam a extensão deste prazo.

Em relação à madeira, temos em justa oposição o que acontece com esta madeira no Brasil e o que acontece na Ásia. Na Ásia (onde o mercado de madeira de seringueira é pujante e estrategicamente financiado pelo governo), seringueiras de apenas 20 anos já são cortadas, ou seja, não é que a produção de látex esteja em declínio, mas o preço oferecido pela madeira é tão atrativo que é mais rentável cortá-la do que continuar produzindo látex neste período.

No Brasil, mesmo após comprovada exaustivamente a grande viabilidade técnica e comercial do produto, o mercado de madeira de seringueira ainda é tão insipiente que encontramos árvores de até 40 anos de idade em produção. Nestes casos, o valor oferecido pela madeira não supera nem mesmo a estreita rentabilidade destes “velhos seringais”.

Mercado

Na maioria dos casos,a madeira da seringueira é vendida como lenha, salvo raras exceções, como linhas específicas de movelariae até aplicações mais simples, como estrados de cama e pallets.

Infelizmente, estas aplicações ainda operam com baixíssimos volumes em nosso país, e ainda não foram capazes de estruturar uma demanda mais firme, capaz de absorver o grande contingente de áreas que se beneficiariam de um projeto de renovação.

O corte

O corte da seringueira depende do mercado. Na Ásia acontece aos 20 anos, mas no Brasil não há uma idade certa, não por falta de potencial, que é farto, mas por falta de um mercado consumidor estruturado.

Vantagens da madeira da seringueira

A madeira de seringueira se destaca pelo baixo custo, apelo socioambiental e, ainda,tem a vantagem de ser uma madeira clara, ou seja, passível dos mais diversos tingimentos. Já foi largamente estudada e é comprovadamente boa para fabricações de móveis.

Os contras são: alto teor de sacarose e madeira suscetível ao ataque de fungos logo que cortada. Por isso, há necessidade de se secar/tratar a madeira logo após o corte.

Valor de mercado

Ásia USD 80,00
Brasil USD 3,00

Viabilidade econômica

Para o produtor, a conta é simples: após 30 anos de faturamento com a produção de látex, a venda da madeira, criadas as devidas condições de mercado para uma demanda estruturada, viabilizaria a renovação da área.

Vamos às premissas:

ÃœDemanda para remunerar o m3 da madeira de seringueira em pelo menos R$35,00;

Ãœ 470 árvores por hectare;

Ãœ1m3 por árvore;

ÃœFaturamento: R$16.450 (suficiente para replantar e conduzir a área por sete anos, isto é, até o início da nova produção).

 

Custo-benefício

 

A madeira de seringueira é um produto incremental, isto é, soma-se à rentabilidade da produção de borracha. Para o produtor, é uma boa forma de financiar a renovação da área.

Vale destacar também que uma árvore de seringueira, durante seus 30 anos de produção, não só gerou lucro para o produtor como distribuiu renda, pois é uma cultura de alto índice de ocupação homem/hectare (um trabalhador a cada cinco hectares por 11 meses ao ano).

O fato de ser uma cultura de baixo impacto ambiental também agrega valor ao produto (madeira de reflorestamento).

Promoção da seringueira

A ACIRP reuniu um grupo de agentes do setor que estão trabalhando em uma proposta de promoção dacadeia produtiva em torno da madeira de seringueira no polo moveleiro do Noroeste Paulista.

Os estrados das nove mil camas da Vila Olímpica no Rio2016 foram feitas com madeira de seringueira por uma serraria de Paranaíba (MS). Esta empresa faz parte do grupo da ACIRP.

Essa matéria você encontra na edição de setembro /outubro 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua.

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