Walleska Silva Torsian
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP
walleskatorsian@usp.br
Alasse Oliveira da Silva
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – ESALQ/USP
alasse.oliveira77@usp.br
Liliane Marques de Sousa
Engenheira agrônoma e mestranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
liliane.engenheira007@gmail.com
O tomate é a segunda hortaliça mais cultivada no Brasil, perdendo apenas para a batata, destacando o Estado de São Paulo como o responsável por mais da metade da produção nacional e está presente na mesa da população brasileira desde uma simples salada até produtos industrializados.
Caracteriza-se como um importante alimento devido à alta concentração de licopeno, um antioxidante poderoso, responsável por proteger o nosso organismo contra os radicais livres e, até mesmo, do câncer.
Entretanto, vários fatores limitam a produção de tomate no Brasil e, por esse motivo, a utilização em larga escala de defensivos agrícolas é realizada, devido à grande variedade de doenças e pragas que atacam a produção e, consequentemente, limitam a produtividade, diminuindo a qualidade dos frutos de tomate.
A requeima
Uma das principais doenças que ataca a cultura do tomate é a requeima, causada pelo fungo Phytophthora infestans, considerada a mais destrutiva e agressiva, pois compromete toda a produção de tomate em poucos dias.
A requeima é conhecida por ocorrer praticamente em todos os locais de cultivo do tomate, podendo ser mais severa em períodos frios e úmidos. Alta umidade relativa, como neblina, chuva fina ou irrigação frequente, e temperaturas oscilando entre 12 a 20°C contribuem para o aparecimento da doença no cultivo de tomate.
Os sintomas da doença aparecem nas folhas, hastes e frutos do tomateiro, apresentando um aspecto de queima.
Controle
Diversos métodos vêm sendo estudados para combater a requeima e tornar a cultura mais rentável para o produtor. Produtos alternativos e preventivos vêm chamando a atenção para o controle da doença. Antes do plantio ou na aplicação via foliar, a adubação mineral vem apresentando resultados satisfatórios na redução ou controle de diversas doenças e pragas que são importantes no tomateiro, e consequentemente, conseguem eliminar ou reduzir as aplicações de fungicidas e inseticidas durante a condução da cultura.
As tecnologias de produção sempre visam reduzir os custos de produção e elevar a produtividade e qualidade de qualquer cultura, logo, o silício se destaca por ser um nutriente utilizado no combate a pragas e doenças e que está conseguindo reduzir a severidade em diversas culturas.
Atuação do silício
O silício atua na constituição da barreira física, impedindo o ataque de pragas e doenças, além de afetar os sinais entre a praga e patógeno com o hospedeiro. Com isso, os mecanismos de defesa são formados de maneira rápida na planta.
O papel do silício no interior da planta é estrutural, ou seja, ele proporciona mudanças anatômicas nos tecidos, deixando a parede celular mais espessa, ocasionado pela deposição de silício nas mesmas, o que irá favorecer uma melhor arquitetura da planta e aumentar a capacidade fotossintética, tornando a planta mais resistente a pragas e doenças.
O silício também ativa alguns genes que estão envolvidos na produção de compostos secundários da planta, como os polifenóis e enzimas da defesa vegetal. O nutriente aumenta a clorofila e o metabolismo da planta do tomateiro, tornando-o mais tolerante às diferentes condições climáticas, aos estresses ambientais e reduzindo o desequilíbrio de nutrientes e a toxicidade de metais na planta.
A aplicação do silício no tomateiro resulta em aumento da produtividade, maior nutrição da planta devido à melhor absorção de macronutrientes e redução de elementos tóxicos, como alumínio e manganês.
Manejo
A aplicação do silício na cultura do tomateiro é feita quando as plantas estão em estádio vegetativo, com a presença de brotações, flores e frutos verdes. É importante aplicar em folhas jovens para que a absorção seja maior e então formar as barreiras protetoras contra o fungo causador da requeima.
Como o silício é pouco móvel na planta, são necessárias aplicações frequentes via pulverização foliar, estimulando os efeitos benéficos na planta e reduzindo o desenvolvimento do fungo.
As aplicações são realizadas de forma sólida (em pó ou granulado) e líquida (via solo ou foliar), normalmente nas linhas de plantio ou misturado com outros adubos, como por exemplo, o NPK.
Estudos determinam que a utilização de silicato de cálcio variando de 1,5 t/ha a 2,0 t/ha é eficiente no controle da requeima do tomateiro. Outros estudos sugerem que para solos corrigidos, o ideal é a aplicação de 800 kg/ha para o material fino (pó) aplicado a lanço. Para a aplicação via pulverização, o ideal de dose varia de 1,0 a 8,0 L/ha, parcelado durante todo o ciclo da cultura.
Porém, para que a aplicação do silício seja mais bem aproveitada, algumas técnicas importantes são necessárias, como o plantio de cultivares de tomate tolerantes ou resistentes à requeima, adubação sem excesso de nitrogênio, adubação com as doses recomendadas de silício, evitar plantios adensados e em áreas velhas com histórico de requeima, destruir os restos de culturas e evitar áreas de terrenos baixos.
Quanto custa?
O custo de aplicação do silício na cultura do tomateiro varia de acordo com as condições do solo, sendo importante realizar a análise de solo que melhor indicará a dose a ser utilizada. O uso do silício é uma tecnologia sustentável e de baixo custo, com enorme potencial para reduzir as aplicações de defensivos agrícolas na cultura, aumentando, então, a produtividade do tomateiro por meio do equilíbrio da nutrição e da fisiologia da planta.
O ganho que o produtor terá na produtividade do tomateiro com a aplicação do silício já paga o custo do mesmo no manejo da requeima.