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Silício favorece alongamento da fibra do algodão

Algodão – Crédito: Shutterstock

Fábio Olivieri de Nobile Professor titular do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB) fabio.nobile@unifeb.edu.br
Maria Gabriela Anunciação Engenheira agrônoma – UNIFEB

Um dos elementos da nutrição mineral de plantas, ultimamente, mais estudados, no Brasil, é o silício. As plantas, normalmente, absorvem o silício na forma de ácido (H4SiO4) com gasto de energia (ativo) e que em seguida interage com a pectina e deposita-se na parede celular, ficando praticamente imóvel na planta.

No Brasil, o Si foi recentemente incluído na Legislação Brasileira (Decreto 4.954 de14.01.04 Instrução Normativa nº 39, 08-08-2018) como micronutriente para as plantas e, portanto, pode ser comercializado isoladamente ou em mistura com outros nutrientes.

O uso de Si na adubação tem mostrado inúmeros benefícios para as plantas, incluindo aumentos na produtividade e na resistência contra pragas e doenças e redução dos efeitos do excesso de metais potencialmente tóxicos, do estresse salino e da deficiência hídrica, dentre outros.

A cotonicultura

O algodão é um dos principais produtos agrícolas brasileiros de exportação. Desta forma, a melhoria na qualidade da fibra é um dos fatores que está impulsionando o algodão nacional no mercado externo.

As características tecnológicas da fibra, apesar de serem condicionadas por fatores hereditários, sofrem decisivas influências dos fatores ambientais, conforme as situações de cultivo, alguns incontroláveis, como as condições climáticas e outros passíveis de controle, como a fertilidade do solo, a incidência de pragas e o aparecimento de doenças.

Estudos realizados têm mostrado que o silício pode ter um papel fundamental na formação e no alongamento da fibra e, possivelmente, no desenvolvimento da parede secundária.

Fontes de silício

Para a aplicação foliar de Si, a fonte mais utilizada tem sido o silicato de potássio (K2SiO3), no entanto, a forma predominante de aplicação de Si é por meio de silicatos de cálcio e magnésio ao solo que, além de serem fontes desse elemento, são corretivos da acidez.

As principais fontes de silicatos são as escórias da siderurgia de ferro e aço, originárias da reação do calcário com a sílica (SiO2), presentes no minério de ferro ou no ferro gusa, em altas temperaturas, geralmente acima de 1.400ºC. A dose de Si a ser aplicada no solo depende da reatividade da fonte, do teor de Si no solo e da cultura considerada.

As características ideais para uma fonte de Si, para fins agrícolas, são: possuir alta concentração de Si-solúvel, apresentar boas propriedades físicas, ser de fácil aplicação mecanizada, ter pronta disponibilidade para as plantas, possuir boa relação e quantidades de cálcio e magnésio e baixa concentração de metais pesados e apresentar baixo custo.

Vale a pena?

O uso de silício tem se mostrado muito interessante para uma aplicação de primeiro ano, já respondendo com ganhos de produtividade de 10 a 15%, justificando seu investimento e com custo-benefício favorável.

No entanto, resultados satisfatórios são obtidos com a aplicação de silicato entre 1,0 a 8,0 L/ha via pulverização mecânica. Outros estudos relatam a aplicação de 1,2 a 1,5 t/ha via lanço para o material fino (pó) e, por último, alguns estudos demonstraram a utilização de silicato granulado entre 0,5 a 0,8 t/ha por aplicação na linha de plantio.

A concentração de Si na fibra de algodão aumenta durante a fase de alongamento, alcançando um valor máximo na iniciação da parede secundária, sugerindo que o Si poderia ter um papel na iniciação e alongamento da fibra e, possivelmente, na iniciação da parede secundária.

A adubação com Si via solo promoveu um crescimento prematuro do algodão, aumentou significativamente o número total de capulhos e simpódios, tamanho de capulhos e porcentagem de fibra e a produção de fibra aumentou, em média, 11,7%.

Reflexos

Os resultados práticos no campo são plantas mais produtivas, com menos doenças e mais vigorosas, tais como a redução da toxicidade do manganês (Mn), ferro (Fe) e outros metais pesados, redução da transpiração e aumento da absorção e metabolismo de elementos, como o fósforo (P).

No solo, o aumento do teor de silício faz com que ocorram reações químicas de troca entre o silicato e fosfatos, como os fosfatos de cálcio, alumínio e ferro. Portanto, há formação de silicatos de cálcio, alumínio e ferro com a liberação do íon fosfato, aumentando o teor de fósforo na solução do solo.

Aliado a isso, o silicato pode deslocar o fósforo dos sítios de adsorção na argila e nos sesquióxidos, ou ocupá-los preferencialmente. O silício também aumenta a translocação interna do fósforo para a parte aérea da planta.

Outro ponto positivo da adição do Si no solo é a correção da acidez por meio do emprego de silicatos, que proporciona resultados semelhantes aos do carbonato e do hidróxido de cálcio. Ele aumenta o pH, eleva os níveis de cálcio, diminui os efeitos tóxicos do ferro, manganês e do alumínio trocáveis na solução do solo, além de aumentar a saturação por bases.

Potencial na produtividade

Tomando como referência as pesquisas recentes, constata-se o grande potencial do uso do silício para melhorar a produtividade da cultura do algodão no Brasil, minimizando a ação de agentes de estresse bióticos e abióticos nas plantas, além de favorecer várias interações com outros nutrientes, de modo a melhorar a nutrição da planta.

Atualmente, a sociedade anseia e cobra por uma agricultura mais equilibrada e com menor impacto ambiental, com menor consumo de água e defensivos agrícolas. Assim, o papel do silício no manejo da nutrição das plantas, por meio de uma nutrição equilibrada e fisiologicamente mais eficiente, torna-se cada vez mais importante para uma maior produtividade e sustentabilidade.

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