Suzeth Carvalho Sousa– Graduanda em Agronomia – Unicerrado – suzecarvalho10@gmail.com
Pauletti K. Rocha – Engenheira agrônoma, mestra em Agronomia e diretora do curso de Agronomia – Unicerrado – paulettirocha@unicerrado.edu.br
O eucalipto (Eucalyptus sp) é uma planta originária da Austrália, com mais de 700 espécies reconhecidas botanicamente. Algumas espécies foram introduzidas no Brasil e tiveram uma boa adaptação às condições edafoclimáticas brasileiras e hoje é uma planta de grande importância econômica, visto que pode ter múltiplos usos e finalidades devido às suas características físicas e químicas, que vão desde o uso de sua madeira até mesmo à extração de óleos essenciais.
Devido a sua importância econômica, há uma grande demanda por mudas. Sendo assim, tem-se vários viveiros especializados na produção de mudas e manejo de plantios adultos. Um dos gargalos na produção de eucalipto é a incidência de doenças, sendo a principal o oídio (Oidium eucalypti), doença fúngica que ataca a parte aérea da planta e de grande incidência tanto nos viveiros, casas de vegetação, como a campo.
Sua ocorrência é mais frequente em épocas de estiagem prolongadas, podendo ocorrer em condições de umidade alta, sob clima frio ou quente, mas também pode ocorrer em condições de seca sob clima quente.
Sintomas
Os sintomas são notados nas brotações e gemas, que são preferencialmente atacados e quando não morrem, dão origem a folhas de limbo enrugado, afilado e geralmente com uma metade mais estreita do que outra. O ataque sucessivo às brotações resulta em superbrotamento, com perda da qualidade da muda.
No campo, o sintoma toma maior importância pela perda da dominância apical, comprometendo a formação de um fuste reto para a produção de postes ou mourões. Nas partes afetadas, ocorre um crescimento esbranquiçado, pulverulento, constituído por micélios e estruturas reprodutivas do patógeno, típico dos oídios.
Disseminação
A doença dissemina-se facilmente através do contato entre plantas doentes e sadias ou pelo vento e respingos da chuva. A doença não mata o hospedeiro, mas utiliza seus nutrientes, promovendo uma redução da fotossíntese, aumentando a respiração e a transpiração, concorrendo para diminuir o crescimento da planta e a produção vegetal, podendo ter uma redução entre 20 a 40%.
Controle
O melhor método para o controle dessa doença em florestas é a exploração da variabilidade genética, utilizando-se espécies tolerantes ou resistentes. Em condições de campo, o oídio é importante na folhagem juvenil de E. citriodora, porém, na troca desta folhagem pela adulta, a doença não ocorre mais, o que dispensa medidas de controle.
A existência de indivíduos sem apresentar doença ou com baixa severidade, mostra a possibilidade do uso do melhoramento genético. Atualmente, o controle químico é o mais utilizado, através de fungicidas registrados para a cultura, sendo produtos à base de triazois e estrobirulinas, que por meio da alternância demonstram eficiência no controle da doença e também uma estratégia no combate à resistência.
Alternativas
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Existe a possibilidade de um controle alternativo com base na utilização do silício (Si) como indutor de resistência. O mecanismo pelo qual o silício afeta o desenvolvimento de doenças em plantas é o resultado da ação deste elemento no tecido hospedeiro, proporcionando impedimento físico e um maior acúmulo de compostos fenólicos e lignina nos tecidos de sustentação de folhas e caule, promovendo células epidérmicas com a parede celular mais espessa devido à deposição de sílica nas mesmas.
Essa substância favorece uma melhor arquitetura das plantas, além de aumentar a capacidade fotossintética e resistência a doenças. As plantas representam, em sua estrutura, células mais rígidas, conferindo caules mais eretos. Além disso, as folhas têm uma maior exposição à luz solar, o que ocasiona alta capacidade fotossintética.
Recomendações
A aplicação do silício deve ser feita por meio de soluções nutritivas ou pulverizações foliares. Estudos comprovam que o uso dessa técnica, além de diminuir o número de colônias de fungos, também reduzem a severidade das doenças.
Pesquisas recentes mostram que esse elemento proporciona redução de doenças foliares como o oídio e ferrugem das mirtáceas no eucalipto, pelo fato de atuar tanto no enrijecimento da parede celular como na síntese de substâncias tóxicas aos patógenos denominados de fitoalexinas.
Além disso, por permitir melhorias na fotossíntese e no metabolismo antioxidativo, permite a formação de mudas sadias e mais resistentes ao ataque de doenças. Outras pesquisas realizadas em outras culturas relataram que, através da aplicação via foliar, utilizando-se o silicato de potássio como fonte de Si, houve redução de 63,2% de folhas afetadas por fungos do gênero Cercospora, além de 43% no total de lesões por plantas a partir da aplicação de 1,0 g de silicato de cálcio incorporado em 1,0 kg de substrato.
Viabilidade
O silício é o segundo elemento mais abundante em toda crosta terrestre e também um dos mais baratos, tendo sua variação nos preços conforme a composição e as formas disponíveis no mercado. Em 2013, experimento realizado com produto em que o preço médio de uma tonelada é de aproximadamente R$ 40,00, foram utilizados 800 kg de silício em um hectare.
O produtor teve um custo médio de R$ 80,00 por hectare, englobando os preços do insumo e de sua aplicação, entretanto, obteve em torno de R$ 240,00 com o aumento na produtividade. Atualmente, os valores vão de R$ 46,00 a R$ 240,00 comercializados em pó ou na forma líquida.
Em geral, além da viabilidade, esse elemento apresenta um retorno rentável devido ao aumento na produtividade e eficácia no controle do oídio.