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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Silo bolsa

Tecnologia de baixo custo devido à sua flexibilidade e alta adaptabilidade à realidade de cada produtor

Endy Lopes KailerEngenheira agrônoma e mestranda em Fitotecnia – University of Kentuckyendy.kailer@ufv.br

Ao longo dos últimos anos, o Brasil vem se destacando no cenário mundial como um dos maiores produtores de grãos, sendo responsável pelo cultivo de uma área estimada em 62,82 milhões de hectares com soja, milho, trigo, feijão, entre outros grãos de grande importância econômica.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção nacional de grãos ultrapassou a marca de 257 milhões de toneladas na safra 2019/20 e deve novamente bater recordes na safra 2020/21, com um aumento esperado de 11,9 milhões de toneladas a mais que na última temporada.

Porém, apesar da alta capacidade produtiva, as perdas pós-colheita no momento da armazenagem e/ou transporte dos grãos ainda são responsáveis por grandes prejuízos econômicos, impactando diretamente nos custos de produção e na qualidade do produto a ser comercializado.

Desafios

Um dos maiores problemas enfrentados por produtores de grãos em todo o Brasil é a baixa capacidade de armazenamento dentro das propriedades rurais, afetando principalmente pequenos e médios produtores, que muitas vezes são forçados a efetuar as vendas logo após a colheita, perdendo a oportunidade de comercializar a preços mais competitivos no futuro.

Além disso, muitos produtores dependem inteiramente da terceirização da armazenagem, o que causa uma grande dependência do setor de transportes, que tende a apresentar valores bem altos para os fretes realizados durante a safra, elevando de maneira significativa os custos de produção, impactando na lucratividade e, consequentemente, elevando o custo final do produto.

Versatilidade do silo bolsa

Um sistema de armazenagem eficiente dentro da propriedade impacta diretamente tanto na conservação da qualidade dos grãos quanto na redução das perdas pós-colheita, garantindo maior lucratividade e menor dependência do setor de transportes.

Assim, é de suma importância que as unidades armazenadoras possuam uma infraestrutura adequada a fim de garantir que os grãos produzidos sejam comercializados ao longo da entressafra com a sua qualidade preservada.

Nesse cenário, o silo bolsa tem se mostrado como uma excelente alternativa aos silos tradicionais, sendo responsável pela armazenagem de milhões de toneladas a cada safra na Argentina, e vem se popularizando ao longo dos anos no Brasil.

Como funciona

O silo bolsa é definido como um túnel composto por polietileno de alta densidade, possuindo três camadas que são seladas hermeticamente, gerando uma atmosfera rica em CO2 e pobre em O2, capaz de diminuir consideravelmente o metabolismo e a capacidade de reprodução de insetos e fungos que tendem a ocasionar os maiores prejuízos no que diz respeito à deterioração dos grãos armazenados.

Além disso, a atmosfera do silo bolsa também é capaz de diminuir as atividades metabólicas que levam à deterioração natural dos grãos, aumentando consideravelmente o tempo de armazenamento do produto.

Benefícios

Dentre os principais benefícios da utilização do silo bolsa, destaca-se o seu baixo custo operacional, a sua maior proteção em relação a pragas e patógenos, uma maior flexibilidade em relação ao momento da comercialização, além de uma melhor logística e uma maior economia durante a colheita, uma vez que os gastos com fretes para o armazenamento fora da propriedade não são mais necessários.

O processo

Para a armazenagem, os grãos são descarregados dentro da máquina embutidora e ensacados automaticamente dentro da bolsa. Os grãos são movimentados da caixa de entrada para o silo através de uma rosca sem fim acionada pela tomada de força do trator.

O próprio peso dos grãos é responsável por promover o alinhamento da bolsa e o deslocamento da máquina, sendo enchido até o seu limite máximo. Para esvaziar o silo bolsa, uma das suas extremidades é aberta e encaixada à guia do implemento. Os grãos são “varridos” por duas roscas sem fim até um elevador, que é responsável por descarregar os grãos enquanto um rolo hidráulico enrola a bolsa vazia.

Cuidados

Apesar dos inúmeros benefícios oferecidos pelo silo bolsa, é importante considerar que tal tecnologia teve sua origem em países de temperaturas mais baixas, como a Argentina e o Canadá, o que justifica o seu melhor funcionamento em temperaturas mais baixas.

Nesses locais, os grãos são geralmente colhidos limpos e secos, devido ao baixo volume de chuvas, o que garante um armazenamento de qualidade. Considerando o cenário nacional, é de suma importância que os grãos sejam armazenados com baixa umidade (por volta de 13%) para que se evite a fermentação e a consequente depreciação dos grãos devido às altas temperaturas.

Além disso, é importante que se evite o armazenamento de grãos com a presença de impurezas, e que se minimize os riscos de furo da bolsa por pássaros e roedores, o que poderia permitir a entrada de água e prejudicaria de forma expressiva a qualidade dos grãos armazenados.

Compensa?

Quando comparado aos silos convencionais, o silo bolsa é apontado como uma tecnologia de baixo custo devido à sua flexibilidade e alta adaptabilidade à realidade de cada produtor, uma vez que os silos convencionais possuem um volume de armazenagem pré-determinado.

Assim, o silo bolsa tem um investimento inicial de cerca de R$ 1.500,00 (considerando uma capacidade de estocagem de 200 toneladas de grãos) e um investimento adicional de R$ 100.000,00, quando se opta pela aquisição de uma máquina embutidora para enchimento e uma extratora para a retirada dos grãos, que também podem ser alugadas a valores acessíveis, de acordo com as necessidades de cada produtor.

Dessa forma, o uso do silo bolsa tem se mostrado uma tecnologia promissora e de baixo custo, sendo facilmente adaptado à realidade do pequeno e médio produtor, além de proporcionar um bom custo-benefício, considerando que o armazenamento dos grãos para posterior comercialização pode levar a uma economia de cerca de 20 a 25% aos produtores de trigo e soja e de até 35% para os produtores de milho.

Assim, é notável que o silo bolsa apresenta diversas vantagens em relação ao silo convencional, considerando seu menor custo inicial, sua maior adaptabilidade à realidade de pequenos e médios produtores, assim como uma maior lucratividade pela comercialização na entressafra, se mostrando uma tecnologia promissora que pode mudar a realidade do cenário nacional de armazenamento de grãos.

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