Em sua estimativa de fevereiro, a StoneX elevou a expectativa de produção brasileira de soja 2022/23 para 154,2 milhões de toneladas, contra 153,79 milhões de toneladas divulgados no relatório anterior.
“Apesar das preocupações com o clima seco no Sul do Brasil, que motivaram mais um corte na safra do Rio Grande do Sul, as perspectivas no restante do País se mantêm muito positivas”, avalia a Especialista de Inteligência de Mercado do grupo, Ana Luiza Lodi.
Enquanto a produção gaúcha agora está estimada em 19 milhões de toneladas, mais de 2 milhões a menos que o divulgado no começo de janeiro, outros Estados mostram resultados satisfatórios na colheita.
A StoneX calculou aumento da produtividade esperada no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, compensando a queda no Sul, além de uma revisão da área plantada em alguns estados.
Oferta e demanda
Com a confirmação de uma safra de soja acima de 150 milhões de toneladas, o balanço de oferta e demanda 2022/23 poderia terminar com estoques um pouco maiores que em anos anteriores, em 6,89 milhões de toneladas.
Contudo, o cenário da demanda ainda pode mudar, destacando que uma quebra de safra na Argentina tende a incrementar as a busca por outras origens de farelo e óleo, incentivando o esmagamento aqui no Brasil. “Uma safra recorde não é necessariamente garantia de um balanço mais folgado, com a demanda podendo trazer surpresas”, pondera Ana Luiza.
Produção de milho
Prejuízos causados pela seca em áreas produtoras do Sul do Brasil foram superados pelo bom desenvolvimento da safra de milho nas demais regiões. Em relação à primeira safra, enquanto a produção gaúcha recuou para 3,3 milhões de toneladas, a produtividade média esperada para Minas Gerais, por exemplo, subiu para 9,0 toneladas por hectare.
Em sua divulgação de fevereiro, a StoneX trouxe aumento na produção nacional – totalizando 27,55 milhões de toneladas na primeira safra e 100,1 milhões de toneladas na safrinha (contra 99,6 milhões de toneladas divulgados anteriormente).
Aumento da safrinha
“É preciso lembrar que a safra de inverno de milho é mais arriscada, por se desenvolver logo antes do início da estação seca em grande parte do país, com o clima sendo acompanhado de perto”, explicou a consultoria, em relatório. O grupo destacou o aumento da área plantada do milho safrinha no Brasil, superando os 18 milhões de hectares no total.
Considerando os ajustes positivos, somado ao aumento também na safra de verão, a produção total brasileira 2022/23 está estimada no recorde de 129,9 milhões de toneladas (contabilizando a terceira safra).
A possibilidade de uma safra também recorde em 2022/23, a depender da safrinha, poderia resultar em um cenário de aumento dos estoques, estimados atualmente em 14 milhões de toneladas.
“Com um consumo doméstico cada vez maior e reforçado pela produção de etanol de milho, o volume de estoque de passagem tem demanda garantida no primeiro semestre do ano seguinte, antes do período de maior oferta, que é colheita da segunda safra”, avaliou a consultoria.