Antes mesmo da pandemia do novo Coronavírus, as lavouras brasileiras demandavam as chamadas “tecnologias limpas” para o controle de pragas e doenças, setor que tende triplicar de tamanho até 2030, segundo projeções de Marcelo Morandi, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.
Em 2023, o mercado de biocontrole já movimenta uma cifra de R$ 3 bilhões, vindo de um crescimento de 60% entre os anos de 2018 e 2022. Esta solução inovadora e necessária é, atualmente, utilizada em 20 milhões ha de soja, 10 milhões ha de milho, 6 milhões ha de cana e 400 mil ha de café.
“Somente entre as duas safras mais recentes o mercado de biocontrole mais que dobrou de tamanho, muito impulsionado pelo advento da cigarrinha do milho, vetor de uma doença altamente destrutível e com grandes impactos na produtividade”, aponta Bernardo Vieira, responsável pela área técnica de Controle Biológico da Rovensa Next Brasil.
Vieira ressalta ainda outro ponto favorável à expansão do uso de produtos biológicos no curto prazo: a pressão internacional dos consumidores, que estão fazendo os agricultores a investir em produtos de baixo impacto ao meio ambiente e zero resíduo nos alimentos. É o caso de cafeicultores certificados, por exemplo. Antes de exportarem seus produtos, eles precisam comprovar a qualidade do grão em rigorosas auditorias.
“Contudo, o maior catalisador deste crescimento é a eficiência comprovada dos defensivos biológicos, pois, se ganhos em produtividade e rentabilidade não fossem observados, nada justificaria sua ascensão safra após safra”, avalia o responsável pela área técnica de Controle Biológico da Rovensa Next Brasil, unidade brasileira da empresa que deve movimentar 1 bilhão de euros no segmento de biossoluções até 2025.
Cigarrinha do milho é ameaça real
Desde 2015, Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo sofrem com alta incidência de cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), avançando – a partir de 2019 – para os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde prejuízos de até 80% na produção foram vistos nas últimas safras. A praga carrega consigo os agentes causadores das doenças do enfezamento-pálido (espiroplasma), enfezamento-vermelho (fitoplasma) e virose-da-risca, todas elas com potencial altamente destrutivo.
Além do controle de plantas involuntárias ou tigueras provenientes das colheitas anteriores, que servem de hospedeiras para o inseto, é recomendado o uso de bioprodutos enquadrados no Manejo Integrado de Pragas (MIP), possibilitando matar cigarrinhas, percevejos e pulgões simultaneamente. E as mais recentes novidades nessa questão são Metanext e Bovenext, lançados pela Rovensa Next durante o Simpósio de Controle Biológico (Siconbiol).
Ferrugem e mofo branco
Da mesma forma que a cigarrinha, doenças foliares como as ferrugens da soja (Phakopsora pachyrhizi) e do café (Hemileia vastatrix) são capazes de dizimar as lavouras, com potencial de perdas de até 100% da produção, no caso do café. Já o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) pode acabar com as plantações de feijão, soja e algodão, entre outras culturas, além de se tornar um problema endêmico na área, pois, sua estrutura de resistência pode permanecer viável no solo por períodos superiores a dez anos.
Para conter a destruição dessas importantes doenças, os produtores dispõem, agora, do biofungicida foliar Row-Vispo (tratamento da ferrugem e doenças foliares), que possui a exclusiva tecnologia de formulação Bioevology. Ela combina microrganismo de alta eficiência com coformulantes especiais que amplificam a ação de controle. E para o manejo de doenças de solo, os agricultores também passam a contar com um biofungicida específico: o Trichonext (combate Rhizoctonia e mofo branco).
Completam o novo portfólio da empresa os biofungicidas foliares Ospo Vi55, para tratamento do oídio em diversas frutas, e Milarum, recomendado para requeima e míldio. Esses também possuem tecnologia Bioevology. “Tantas novidades são reflexo da própria necessidade do produtor. Por isso será difícil ver esse mercado crescer menos de 30% ao ano no médio-longo prazo”, conclui Vieira.