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Rone Batista de Oliveira
Marco Antonio Gandolfo
Professores e doutores do Núcleo de Investigação em Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos e Máquinas Agrícolas (NITEC) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Bandeirantes (PR)
A escolha correta dos adjuvantes é uma das práticas adotadas para minimizar os impactos negativos da deriva nas pulverizações, bem como para permitir a maior segurança e eficácia nas aplicações em condições operacionais e ambientes menos favoráveis.
Os adjuvantes são produtos adicionados no tanque de mistura que podem conter fungicidas, herbicidas, inseticidas e adubos foliares e visam melhorar a eficiência física, química e biológica da calda final de pulverização. Isso na teoria, porque em nível de campo a confusão é outra, ou seja, é comum a separação do termo adjuvante de surfactante, óleo mineral e vegetal.
Importante salientar que “todos os surfactantes e óleos são considerados adjuvantes, mas nem todo adjuvante é um óleo ou surfactante“, pois existem inúmeros outros tipos de adjuvantes agrícolas, dentre eles os redutores de deriva.
Um pelo outro
Muitos agroquímicos já contêm adjuvantes em suas formulações, denominados de emulsificantes, que também são adicionados aos óleos vegetais não modificados para que possam ser misturados à calda de pulverização.
Os adjuvantes têm atuação desde a formulação do agroquímico até o controle fitossanitário, em função de minimizar os efeitos de escorrimento, deriva, evaporação, lavagem por chuva, fotodegradação, inativação por cátions, degradação do ingrediente ativo, além de favorecer os fenômenos de espalhamento, retenção e distribuição do agroquímico na folha, absorção e translocação, atividade biológica e ação do produto.
Todos esses benefícios já foram validados em pesquisas de forma isolada para vários adjuvantes, porém, ainda não foi comprovado no Brasil nenhum produto que atenda todas estas vantagens ou funcionalidades num único adjuvante.
A existência de diferentes tipos de adjuvantes e funcionalidades são as razões que lhes qualificam para serem recomendados para diversas culturas agrícolas que necessitam de pulverizações.
Relação entre a deriva e a aplicação de adjuvantes
A deriva é o movimento físico das gotas pulverizadas para fora do local designado. Ela é definida como a quantidade de agrotóxicos utilizados para proteção das plantas, que é desviado para fora do alvo a ser atingido por correntes de ar durante ou depois das aplicações.
Esse transporte pode ser nas formas de gotas ou vapor, sendo a segunda muito dependente da pressão de vapor e das características físicas e químicas da formulação. Excluir totalmente a deriva nas pulverizações seria impossível, porém, o risco pode ser significativamente reduzido se os fatores que o potencializa forem evitados.
Os principais fatores que afetam a deriva são: condições climáticas, técnicas de aplicação, propriedades físicas e químicas do líquido aplicado e outras tecnologias.
Condições climáticas
O vento é um dos principais fenômenos climáticos que interfere na aplicação, agindo diretamente sobre as gotas, de maneira a alterar o deslocamento destas em direção ao alvo. Os adjuvantes denominados redutores de deriva atuam na redução da formação de gotas finas que são facilmente carregadas pelo vento.
A temperatura e umidade relativa do ar afetarão a evaporação das gotas, uma vez que a primeira é diretamente proporcional à segunda, sendo potencializada em ambientes com baixos valores de umidade relativa. Esta evaporação, quando ocorre em níveis elevados, pode impedir a chegada das gotas ao alvo e, ainda, reduzir o tempo de contato do líquido com o alvo, implicando em menor efeito sobre o mesmo, reduzindo a eficiência da aplicação e aumentando as perdas e o impacto no ambiente.
Os adjuvantes “antievaporantes“ podem atuar diretamente no tempo de evaporação ou até mesmo de exposição do produto sobre o alvo.
Técnica de aplicação
Todos os tipos de pontas geram gotas de diferentes tamanhos, denominado de espectro de gotas e, atualmente, tem sido reconhecido como a mais importante variável a ser controlada como medida de redução de perdas nas pulverizações.
Neste caso, os adjuvantes, denominados de agentes redutores de deriva, modificam a viscosidade da calda produzindo um espectro de gotas com maior Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV), reduzindo o percentual de gotas com diâmetros menores que 100 µm (reduzem a formação de gotas finas).
Essas gotas (< 100 µm) são facilmente desviadas pelo vento ou evaporam rapidamente, antes de atingirem o alvo. Além disso, os adjuvantes podem proporcionar maior homogeneidade do espectro de gotas. Nesse caso, devem-se escolher adjuvantes que são tipicamente compostos de grandes polímeros, com poliacrilamidas e polissacarÃdeos e certos tipos de gomas.