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Tecnologia do gotejamento em melancia

Givago Coutinho Doutor em Fruticultura e professor efetivo – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)givago_agro@hotmail.com

Melancia – Crédito: Crédito: Shutterstock

A água constitui mais de 90% do peso de matéria fresca da parte utilizável da maioria das hortaliças. No caso específico da melancia, a água corresponde a 92,6% da composição em 100 g de polpa.

Assim, dentre as culturas de importância econômica as hortaliças e com isso também a melancia se destacam por serem altamente exigentes em água. O grupo das hortaliças-fruto, como a melancia, só ficam atrás do grupo das hortaliças herbáceas em relação à exigência em água.

Neste sentido, é essencial que o sistema de irrigação adotado possa suprir a necessidade hídrica da cultura, proporcionando seu melhor desenvolvimento com baixo custo, evitando o desperdício de água e a utilização irregular de energia.

Assim, há uma tendência na utilização da irrigação na cultura via gotejamento, que consiste em método de irrigação localizada. Devido aos inúmeros benefícios desta tecnologia, diversos produtores estão migrando para o sistema de irrigação por gotejamento.

Como funciona

De maneira geral, o método de irrigação a ser adotado varia em função dos seguintes fatores: condições do solo, clima, topografia, suprimento hídrico disponível e nível tecnológico do produtor.

De acordo com Filgueira (2013), o gotejamento é um método de irrigação relativamente novo e introduzido na olericultura brasileira durante a década de 1990. Consiste na aplicação direta da água, conduzida sob baixa pressão e aplicada gota a gota na zona de maior concentração de raízes.

O volume de solo no qual ocorre a aplicação da água é denominado bulbo molhado e sua forma e tamanho variam em função da vazão do emissor, do volume de água aplicado por irrigação, da textura e do perfil do solo (figura 1).

Figura 1. Formação do bulbo molhado em diferentes tipos de textura do solo. Fonte: Simões, Oliveira e Calgaro, (2016).

Eficácia

Além da maior eficiência, a irrigação por gotejamento apresenta diversas vantagens, como o não favorecimento do ataque de doenças foliares, reduz significativamente a presença de plantas infestantes e possibilita a obtenção de melancias de melhor qualidade.

No sistema de irrigação via gotejamento, há ainda a possibilidade de se realizar a aplicação de fertilizantes via água de irrigação, a chamada fertirrigação, na qual podem ser aplicados fertilizantes nitrogenados e potássicos, o que possibilita a redução dos custos com mão de obra para aplicação desses nutrientes.

Na região nordeste, por exemplo, os produtores de melancia vêm adotando o gotejamento, sendo crescente a quantidade de áreas irrigadas por este método.

– Quais os benefícios proporcionados?

Uma das principais características do gotejamento é o fornecimento de água diretamente ao sistema radicular em quantidade que se aproxime ao consumo da planta, sendo que a taxa de aplicação não deve ser superior a capacidade de retenção do solo.  

A irrigação por gotejamento é mais eficiente em cultivos sob solos arenosos e que apresentam baixa retenção de água ou em zonas áridas nas quais são mais elevadas as perdas de água por evapotranspiração.

Além disso, a irrigação por gotejamento apresenta eficiência superior a 90%, sendo maior quando em comparação com os outros métodos, como a irrigação por sulcos, que apresenta eficiência de irrigação baixa em torno de 40 a 60%, além de requerer condições específicas de solo.

Já a irrigação por aspersão apresenta melhor eficiência, com cerca de 70% quando comparada à irrigação por sulcos, entretanto, inferior quando comparada à irrigação por gotejamento.

Como implantar a técnica

No gotejamento são utilizadas mangueiras de polietileno que possuem gotejadores (orifícios) distribuídos ao longo de toda sua extensão. Em geral, os gotejadores mais encontrados nas casas de comércio são os de 1, 2, 4, 6 e 8 litros por hora.

No caso da melancia, existe a possibilidade de se trabalhar com um ou mais gotejadores por planta. Segundo Ferreira et al. (2014), em regiões com ocorrência de chuvas regulares em períodos de pelo menos quatro meses, recomenda-se utilizar dois gotejadores por planta em uma única linha lateral.

A cultura da melancia é considerada de elevada exigência quanto ao consumo de água, podendo haver prejuízos na qualidade dos frutos e a produtividade, caso haja escassez no suprimento, mesmo que por um período curto de tempo. Em geral, a melancia pode consumir de 300 a 550 mm por ciclo de produção, o que varia com varia de acordo com a variedade cultivada e as condições edafoclimáticas da região de cultivo.

Detalhes do manejo

Segundo Braga e Calgaro (2010), a faixa de pressão de 0,5 kgf/cm2 a 2,0 kgf/cm2, com vazões que variam de 0,5 L.h-1 a 5,0 L.h-1 são as mais utilizadas para a maioria dos sistemas de irrigação por gotejamento, sendo os espaçamentos mais utilizados entre gotejadores de 0,2 m a 0,3 m para solos de textura grossa e 0,5 m a 1 m para solos de textura média e fina.

Ainda segundo os mesmos autores, para a cultura da melancia pode-se utilizar um ou mais gotejadores por planta, sendo a frequência de irrigação também chamada de turno de rega variável em relação às condições de solo, clima, variedade e estádio de desenvolvimento da cultura.

Os autores ressaltam que para condições que requerem maior taxa de evaporação e em condições de solos com textura arenosa pode ser necessária a aplicação do volume de água requerido pela cultura por mais de uma única vez ao dia, o que pode ser de duas vezes ou mais, ao longo do mesmo dia.

Erros frequentes

Segundo Hora et al. (2018), o método de irrigação por gotejamento pode contribuir para a salinização do solo, causando assim um grande problema. Tal fato é decorrente do controle inadequado da lâmina de água, e caso as medidas corretas não forem tomadas, isso acaba tornando o solo impróprio para o cultivo.

O número adequado e a localização dos gotejadores podem melhorar a eficiência do uso de água e o desempenho produtivo das culturas. Ressalta-se, ainda, que a utilização de instrumentos no manejo da irrigação pode contribuir para a racionalização no consumo de água.

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