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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Tecnologia elimina raleio e reduz custos da cenoura

Plantio de cenoura - Crédito Marcelo Takeshi Matsubara (2)
Novas técnicas sendo adotadas na cultura da cenoura, podem reduzir em até 10% o custo total – Crédito Marcelo Takeshi Matsubara

O cerrado mineiro e goiano são os responsáveis pela metade da produção de cenoura de todo o Brasil, o primeiro produzindo oito mil hectares, e o segundo dois mil.

A evolução da atividade

Marcelo Takeshi Matsubara
Marcelo Takeshi Matsubara – Crédito Ana Maria Diniz

Marcelo Takeshi Matsubara, engenheiro agrícola, conta que, enquanto em outros países, como nos EUA e EUROPA, a tecnologia de mecanização no plantio preciso da cenoura já é utilizada há muitos anos, no Brasil ainda que vários produtores importaram há vinte anos continua sendo uma novidade, devido à atual presença de empresas como a APH Group Brasil que fornecem as peças de reposição, tendo sido implantada há quatro anos. “Os principais benefícios são, sem dúvida, a redução de custos e a uniformidade da distribuição de sementes, ocasionando melhor uniformidade no tamanho das cenouras, assim refletindo diretamente no melhor preço dessas cenouras“.

A nova tecnologia, muito mais precisa, proporciona a eliminação do raleio no cultivo da cenoura, com redução significativa de custos. Só de semente, passa-se a utilizar 34% menos, além de eliminar a mão de obra da operação.

Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Leal, o custo de um funcionário para fazer raleio de

Carlos Leal - Crédito Luize Hess
Carlos Leal – Crédito Luize Hess

um hectare de cenoura é de R$ 600,00, mais encargos tributários, transporte, refeição, etc. Na etapa do raleio, esse custo deixa de existir.

Quanto às sementes, o produtor antes jogava 1,2 milhão de sementes e fazia o raleio para deixar 700.000 plantas. Com o novo sistema, jogam-se 800 mil sementes, direto. Somando tudo, a economia que o produtor chega a ter, no final, é de R$1.800,00 por hectare, em média. E para chegar a isso é necessário uma plantadeira a vácuo de alta precisão, sementes graúdas (acima de 1.8 mm) e não fazer o raleio é a tendência do mercado.

Precisão no plantio

Equipamento para plantio de cenoura dispensa raleio - Crédito Marcelo Takeshi M (2)
Equipamento para plantio de cenoura dispensa raleio – Crédito Marcelo Takeshi
Plantio de cenoura - Crédito Marcelo Takeshi Matsubara
Plantio de cenoura – Crédito Marcelo Takeshi Matsubara
Equipamento para plantio de cenoura dispensa raleio - Crédito Marcelo Takeshi Matsubara
A viabilidade de investir na máquina está na redução de custos e aumento do benefício, dispensando a necessidade de mão de obra, que tem se tornado a cada dia mais complicada e onerosa – Crédito Marcelo Takeshi Matsubara
Equipamento para plantio de cenoura dispensa raleio - Crédito Marcelo Takeshi M
Equipamento para plantio de cenoura dispensa raleio – Crédito Marcelo Takeshi

No Brasil tem disponíveis no mínimo duas marcas de plantadeiras de alta precisão. “A tecnologia já está trabalhando ativamente nas lavouras de grandes produtores, no cerrado mineiro e goiano, com resultados surpreendentes“, conta Carlos Leal.

Cuidados

Para aproveitar todo o potencial das plantadeiras, especialmente em relação à redução de sementes, estas têm que ter um mínimo de 90% de geminação e tamanho acima de 1.8 mm. Ou seja, uma semente menor que 1.8 mm dificulta a distribuição uniforme, interfere no vigor e germinação comprometendo a uniformidade e produtividade. “Quanto maior o tamanho da semente, melhor para a sua plantabilidade“, considera.

Marcelo Takeshi recomenda que a profundidade de trabalho da rotoencanteiradora seja de 25 cm, chegando aos 30 cm. E a profundidade de plantio ideal 1 cm, chegando a até 2 cm de profundidade.

 

O manejo

Com a uniformização do estande de plantas, Carlos Leal conta que a cenoura deixa de competir por espaço, água, luz e nutrientes. Além disso, a ventilação fica melhor, assim como a prevenção de doenças.

Com a nova máquina, alguns produtores optam por fazer quatro linhas duplas, outros três linhas triplas (para aqueles que visionam a colheita mecanizada). “A boa uniformidade não traz maior rendimento, mas sim um melhor produto, pois as cenouras se apresentam com padrão de qualidade superior. De nada adianta produzir mais, com cenouras desuniformes, se elas não são bem aceitas pelo mercado. Por isso, a melhor uniformidade está associada à melhor seleção das raízes e valor agregado, e não à maior produção“, avalia o especialista.

 

Cuidados

Para a produção, é importante que a encanteiradora seja eficiente, pois os canteiros devem ter uma profundidade uniforme que possibilite o bom desenvolvimento da raiz.

O agrônomo Carlos Leal alerta que não adianta o produtor comprar a plantadeira mais precisa do mercado, sem mudar seu manejo, que seu raleio não será eliminado. Todas as etapas devem ser cumpridas com profissionalismo.

Economia de peso

“Os grandes produtores de cenoura plantam com intervalo de 7 a 10 dias. Em um ano o produtor paga a plantadeira e a encanteiradora, cultivado uma área acima de 500 hectares, o que aconteceu com os grandes produtores. Já os produtores de áreas de 600 hectares por ano, por exemplo, podem economizar até R$ 1.800 por hectare, o que em um ano chegará a R$ 1,08 milhão“, calcula Carlos Leal.

O valor presumido pelo agrônomo paga a colhedeira de cenoura importada e parte da plantadeira, mostrando como é rápida a diluição do investimento. Segundo essas contas de economia por hectare, o produtor precisa plantar pelo menos 139 hectares de cenoura para que seu investimento seja pago em um ano.

Plantando pouco mais que o dobro disso, 300 hectares x R$ 1.800 de economia, ao final do ano serão R$ 540 mil, valor que paga pelo menos duas plantadeiras.

Mercado

A cenoura uniforme tem melhor rendimento e, por consequência, melhor rentabilidade. Carlos Leal cita como exemplo a cenoura pequena, que tem a caixa vendida a R$ 7,00, enquanto a média sai a R$ 8,00, e a especial a R$ 12,00.

“A cenoura especial tem 18 cm de tamanho, o que não é muito grande nem pequeno. E é justamente com essa máquina mais precisa que o produtor consegue produzir esse tipo de cenoura, condição dada pela melhor distribuição e, portanto, menor concorrência“, analisa o agrônomo.

 

Custo

No Brasil, o custo da plantadeira importada, dependendo do número de linhas, fica entre R$ 80 mil e R$ 250 mil, mas é preciso adquirir, junto com ela, um preparador de solo específico que custa, dependendo do tamanho, entre R$ 60 mil e R$ 250 mil, por ser importado.

Mesmo assim, o agrônomo garante que diante de toda a economia que se tem por hectare, e dependendo da área que o produtor planta, em um ano o investimento já se paga.

RESULTADOS COMPROVADOS

Cláudio Carvalho Ottoni é produtor de cenouras em Uberaba (MG), onde são cultivados 450 hectares/ano. Ele utiliza a plantadeira e conta que o maior diferencial na operação que é a qualidade de distribuição da máquina, que tem ótima precisão. “Ela distribui a linha simples, linha por linha. Não é como as outras máquinas, que plantam de duas a três linhas de uma vez no canteiro. Para cada linha a plantadeira tem um distribuidor, e a máquina tem dois seletores de semente que retiram o excesso das sementes que ficam aderidas ao disco“, detalha.

Ainda segundo ele, a máquina faz três canteiros de uma só vez, totalizando 27 linhas de plantio, com nove linhas em cada canteiro. A eficiência é tanta que uma máquina foi suficiente para cobrir a área, trabalhando até cinco hectares por dia, em condições normais de plantio.

Antes dessa aquisição, Cláudio trabalhava com duas máquinas convencionais, mas trocou ambas por essa, de precisão. “Com essas outras máquinas, eu gastava em torno de 1.150 milhão de sementes por hectare, número que reduziu para 800 mil. Deixei de gastar mais de 350 mil sementes por hectare, um ganho significativo. Considerando que cada um milhão dessa semente custa R$ 2.400, eu tenho economia de R$ 850 por hectare, só com semente, sendo que a eliminação do raleio ainda me economiza R$ 800 a R$ 1 mil com mão de obra“, calcula

Cláudio adquiriu a plantadeira há um ano. Importou da Itália, da Agrícola Italiana, representada pela APH do Brasil. “A APH é muito interessante porque é formada por um grupo de empresas europeias que se juntaram para criar uma representação mundial. Ela representa máquinas de colheita, de preparo, pulverizadores, câmaras frias e câmaras de resfriamento, entre outras especialidades“, informa o produtor.

Ele elogia a operacionalidade da máquina e baixa manutenção, o que fez com que sua equipe se adaptasse rapidamente a ela. Quanto ao investimento, ele compara às máquinas convencionais, já que estas plantam um canteiro, enquanto aquelas plantam três. “O investimento se paga dentro de um ano. Plantando 400 hectares, com economia de mão de obra, mais a economia da semente, a máquina já se pagou. Minha equipe foi remanejada para outros setores, e se profissionalizou no que faz“, orgulha-se.

Verão x inverno

No verão, Cláudio semeia para ter entre 550 a 600 mil plantas de cenoura por hectare, e no inverno chegar a 800 mil. “Em questão de minutos aumentamos ou reduzimos a quantidade de sementes a serem plantadas por essa máquina. Eu recomendo o uso dessa máquina. Vi ela funcionando na França, na Alemanha e na Bélgica, então resolvi comprar. De um grupo de 17 produtores europeus que visitaram a minha propriedade que já tinham a máquina funcionando, 15 utilizavam essa máquina na Europa. E os únicos dois produtores que não utilizavam essa máquina, tinham intenção de adquiri-la“, relata.

Além de todas as vantagens mencionadas, o produtor ainda menciona que a máquina apresenta facilidade de transporte, pois as linhas laterais podem ser dobradas hidraulicamente para transitar na estrada. Quando está aberta, a máquina chega a quase 5,5m de largura.

A precisão é outro ponto destacado por Cláudio: “92% das sementes vão cair exatamente no local que eu quero. As outras máquinas importadas têm precisão de 80 a 85%, e as nacionais por volta de 75%“, conclui.

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