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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Tecnologia em maquinários avança no setor florestal

Autores

Diego Weslly Ferreira do Nascimento Santos
Doutorando em Mecanização e Máquinas Agrícolas – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Haroldo Carlos Fernandes
Professor titular do Departamento de Engenharia Agrícola – UFV
haroldoufv@gmail.com

A mecanização florestal pode ser definida como a utilização de máquinas em substituição ao trabalho humano ou de animais. Além de proporcionar a redução do custo de produção, a mecanização das operações de corte, extração e carregamento possibilita a redução da mão de obra no campo, aumento do rendimento, redução dos acidentes de trabalho, melhores condições ergonômicas para os trabalhadores e possibilidade de execução das operações durante 24 horas por dia.

Com o passar dos anos, as máquinas de colheita florestal passaram por diversas modificações estruturais e, principalmente, na tecnologia empregada, sendo adotados diversos sistemas de controle suportados por softwares e novas unidades de monitoramento dos sistemas.

Mecanização total

Atualmente, as grandes empresas do setor florestal brasileiro buscam a total mecanização das operações de colheita florestal, no entanto, algumas delas ficam limitadas em função da topografia do terreno.

Normalmente as máquinas florestais, como harvester, forwarder, feller-buncher, skidder, dentre outras, só operam até 25° de declividade, sendo necessária a adoção de métodos semimecanizados e manuais para cortar e extrair a madeira dessas áreas.

No entanto, vale salientar que existem no mercado nacional algumas alternativas viáveis que possibilitam a mecanização das operações nas áreas de relevo acidentado, mas ocorre a perda de rendimento, aumento do custo operacional e, consequentemente, aumento do custo de produção.  

Demanda

O ideal é que o processo de colheita florestal seja 100% mecanizado, contudo, quando isso não possível, a extração da madeira torna-se uma atividade mais delicada e requer um planejamento mais eficiente.

A extração da madeira, quando realizada de forma semimecanizada, manual ou por meio de animais, requer muito esforço físico, aumenta os índices de acidentes e diminui drasticamente o rendimento operacional, o que resulta em uma atividade extremamente árdua.

Viabilidade

Até o momento, não existe um modelo matemático que calcule a viabilidade ou não de mecanizar as operações de colheita de determinada área. O baixo volume de madeira por hectare, presença de árvores tortas ou distúrbios, topografia acidentada do terreno e más condições das estradas que dão acesso à área são fatores que podem inviabilizar a mecanização das operações de colheita de madeira.

Além dos fatores já citados, a existência de empresas que prestam esse tipo de serviço próximo à área a ser colhida será um fator determinante. Vale salientar que o custo com transporte de maquinário e estrutura de manutenção é bastante oneroso, sendo que quanto maior a distância, maiores serão os valores, o que pode impossibilitar a operação.

Opções

Existem diversos tipos de máquinas que podem ser empregadas no corte, extração e carregamento de madeira, como por exemplo, harvester, feller-buncher, forwarder, skidder de garras, trator autocarregável, carregador florestal, etc.

A adoção de determinada máquina irá depender, basicamente, do poder aquisitivo do agricultor ou empresa, declividade do terreno, uso final da madeira e sistema de colheita adotado. Atualmente, no Brasil, as maiores empresas do setor florestal adotam o sistema de toras curtas, sendo harvester, forwarder e o carregador florestal as máquinas mais utilizadas.

– Harvester: colhedora florestal automotriz, capaz de realizar todas as etapas que compõem o corte. É constituída por uma máquina base, podendo ser de pneus ou esteiras, um braço hidráulico de tamanho variável (depende do modelo) e um cabeçote. O cabeçote é constituído por braços acumuladores, que têm a função de segurar e levantar as árvores durante o corte de derrubada, rolos dentados para movimentar as toras horizontalmente, facas para realizar o descascamento e dasgalhamento e, por fim, um sabre ou serra para realizar o corte e o traçamento das toras. É um trator de alto rendimento, capaz de cortar e processar uma árvore em cerca de 30 segundos.

– Feller-buncher: é um trator florestal autopropelido de esteiras ou pneus, projetado para realizar o corte e acúmulo das árvores. Assim, quando atinge o número máximo de árvores que o cabeçote pode acumular, elas são depositadas na superfície do solo. O cabeçote do feller-buncher apresenta braços acumuladores para empilhar as árvores, garras para segurar durante o trabalho e um elemento de corte, que pode ser um disco dentado, tesoura de dupla ação ou serra. O feller-buncher de disco trabalha em altas rotações do motor e, em consequência, apresenta elevada demanda energética, porém, com alto rendimento, podendo cortar até 500 árvores por hora efetiva de trabalho.

– Skidder de garras: é um trator de pneus, articulado, com uma garra hidráulica, de abertura inferior, localizada na parte traseira, sendo indispensável para realizar a extração quando o corte é realizado com feller-buncher.

– Forwarder: É um trator autocarregável projetado para utilização no transporte primário, ou seja, a remoção das toras já cortadas de dentro da floresta para a periferia dos talhões, de modo a evitar o tráfego de caminhões dentro da mesma. Essa máquina é formada por uma caixa de carga com capacidade variável, a depender do modelo e fabricante e uma grua hidráulica utilizada para realizar o carregamento e descarregamento das toras.

– Trator agrícola adaptado: em razão do alto valor de aquisição das máquinas florestais, foram desenvolvidas algumas adaptações nos tratores agrícolas visando à propagação dessas máquinas a pequenos agricultores e a pequenas empresas. O trator agrícola autocarregável é uma ótima opção para operar em pequenas áreas, sendo a caixa de carga acoplada à barra de tração e a grua hidráulica acionada pelo controle remoto do trator, possibilitando assim a abertura e fechamento da pinça. Já o guincho-arrastador é um trator agrícola de pneus com um guincho que é acionado pela TDP. É uma solução para áreas montanhosas com declive > 20°. Esta máquina tende a compactar mais o solo devido ao arraste das toras.

BOX

Investimento

Inicialmente, é necessário realizar um estudo econômico para verificar se existe viabilidade no investimento. O item fundamental é verificar a quantidade de horas que serão trabalhadas por ano ou se terá madeira disponível para ser colhida durante todo o ano. O ponto de equilíbrio é uma ferramenta que possibilita calcular o número mínimo de horas que a máquina deve trabalhar por ano, a fim de justificar sua aquisição.

De maneira geral, as máquinas florestais, como harvester, forwarder, feller-buncher e skidder devem operar em torno de 2.500 horas por ano para justificar sua aquisição. Em casos em que as máquinas vão operar por uma quantidade menor de horas, é mais viável economicamente o aluguel dos equipamentos florestais.

É importante salientar que ao adquirir máquinas florestais é necessária uma boa estrutura de manutenção no campo contendo um bom estoque de peças, disponibilidade e rapidez de suprimento e abastecimento ágil, além de mão de obra capacitada e bem treinada.

Novidades

Constantemente são implantadas nas máquinas de colheita florestal diversas inovações tecnológicas que têm o objetivo de aumentar a eficiência do processo produtivo e melhorar as condições de trabalho dos operadores.

Recentemente, o chassi do harvester Ponsse, modelo Scorpion, foi dividido em três partes ligadas por pontos de rotação, sendo a cabine localizada no chassi central, que é mantido hidraulicamente equilibrado no sentido longitudinal, enquanto os chassis frontal e traseiro se inclinam de acordo com o terreno.

Esse sistema minimiza a inclinação da cabine, evita que o operador balance de um lado para o outro e fornece melhores condições ergonômicas de trabalho para o operador.

Foi adicionado em harvesters e forwarders o sistema Maxifleet de gerenciamento, que permite consultar dados e informações das máquinas em tempo real, via internet e em qualquer lugar, fazendo o uso de computadores, notebooks e smartphones.

A partir desse sistema é possível verificar a localização das máquinas, horas de trabalho, KPIs da produtividade, disponibilidade mecânica, consumo de combustível, necessidade de reparos e o momento exato de realizar manutenções corretivas, além de prevenir o uso indevido e roubos das máquinas.

O guincho de tração passou a ser utilizado em harvesters e forwarders e tem a função de “segurar” a máquina durante a execução de suas atividades em áreas acidentadas.

A utilização do guincho permite que a máquina tenha acesso a áreas onde anteriormente não era possível, proporcionando a execução da atividade de forma segura e com menor risco de acidentes. O guincho é instalado na parte traseira das máquinas, sendo composto basicamente por um tambor para armazenamento do cabo, e o motor acionado hidraulicamente, o que fornece tração. Os cabos são ancorados em árvores localizadas na parte superior da floresta que está sendo colhida.

Com essas informações, certamente o silvicultor terá mais base para decidir suas demandas.

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