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Tetsukabuto: os segredos para ter sucesso no cultivo

O ambiente é fator preponderante na concretização do potencial genético, portanto, realize um levantamento de quais materiais são plantados na sua região.

Antônio Spiassi Silva Pereira Mendes
Engenheiro agrônomo e pós-graduando em Solos e Nutrição de Plantas – ESALQ/USP
antoniospiassimendes@gmail.com

Franciely S. Ponce
francielyponce@gmail.com
Silvia Graciele Hulse de Souza
silviahulse@unipar.br
Thiago Alberto Ortiz
thiago.ortiz@prof.unipar.br
Engenheiros agrônomos, doutores em Agronomia e professores – UNIPAR/Umuarama (PR)
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A abóbora tetsukabuto (‘tetsu’, em japonês, é ferro e ‘kabuto’ é capacete, ou seja, “capacete de ferro”), também chamada de cabotiá, foi desenvolvida no Japão nos anos 40 como resultado do cruzamento de linhagens de moranga (Cucurbita máxima Duch.) e abóbora (C. moschata Duch.).
Chegou ao Brasil nos anos 60 e se estabeleceu como uma das hortaliças de maior importância econômica do país. O Estado de Minas Gerais é o maior produtor, com aproximadamente 36 mil toneladas por ano e produtividade média de 15 t/ha.

Critérios do cultivo

Para garantir uma boa colheita, precisamos nos atentar a alguns fatores aqui resumidos. Indica-se que a temperatura de cultivo fique entre 15 e 35ºC e que seja plantada durante a primavera ou verão.
Pode ser plantada no outono ou inverno, desde que irrigada. O terreno deve permitir a mecanização, sendo o mais plano possível. A cultura prefere solos de textura média e bem drenados.
Basearemos a adubação e a calagem na interpretação, por parte de um agrônomo, da análise de solo realizada quatro meses antes do plantio. O espaçamento deve variar entre 2,0 e 3,0 m entre linhas e 1,0 e 2,0 m entre plantas.
Sulcos ou covas de 30 cm de diâmetro e 25 cm de profundidade podem ser usados para o plantio. Daremos preferência aos sulcos, pois as raízes terão mais espaço para crescer. Eles devem preenchidos com solo e adubo orgânico para criar uma camada fofa.
As mudas devem ser recobertas por 1,0 ou 2,0 cm dessa mistura. Utilizar mudas ao invés de sementes é vantajoso, pois promove controle mais eficiente de pragas, doenças e plantas daninhas no início do ciclo, reduz o tempo de ocupação da área e o custo com irrigação.
Alguns frutos devem ser desbastados para que o restante possa crescer livre da competição por nutrientes e se torne satisfatoriamente grande. A colheita é realizada com 90 a 110 dias.

Manejo integrado de pragas

O cultivo da abóbora é atrapalhado por diversas pragas. Dentre elas, destacam-se as seguintes:
 Fêmeas da mosca-das-frutas: possivelmente a maior inimiga das frutas e hortaliças. Depositam seus ovos no interior dos frutos. Quando as larvas nascem, passam a se alimentar da poupa, escavando-a. A presença de uma única larva torna o fruto impróprio para o consumo.
 Mosca-branca: é uma espécie que afeta várias hortaliças, incluindo as abóboras. É hospedeira de viroses como o mosaico dourado, transmitindo-o no início do desenvolvimento da cultura. As ninfas sugam sua seiva e injetam toxinas que tornam o amadurecimento dos frutos irregular.
 Broca-das-cucurbitáceas: causam danos em partes diferentes da planta. Uma delas (Diaphania nitidalis) ataca as flores e, principalmente, os frutos, cavando túneis que permitem a entrada de patógenos causadores de podridão na polpa. A outra (Diaphania hyalinata) broqueia talos e hastes, causa desfolha e perfura os frutos, gerando o mesmo problema anteriormente relatado. Apesar da abóbora tetsukabuto apresentar resistência elevada a esta praga, seus prejuízos ainda causam preocupação.

Monitoramento é essencial

Como podemos identificar as pragas com precisão e pôr em prática as medidas de controle mais efetivas? Através da amostragem, monitoramento e do emprego de técnicas de manejo diversificadas que se complementem.
Quanto mais específicas, derivadas de nossas observações e adaptadas à nossa realidade forem as medidas de controle, mais efetivas elas serão.
Para definirmos como e quando intervir, devemos primeiro encontrar exemplares das pragas em trechos da lavoura, a fim de estimar sua população total e dano potencial. Para isso, dividiremos a área cultivada em talhões e amostraremos 40 plantas distribuídas uniformemente ao longo de um deles. Faremos isso toda semana, assim, conforme a safra avança e a planta desenvolve novas estruturas, adaptaremos nossas ações.
Além de contar os insetos desprendidos das folhas na batida de pano, anotaremos a presença de minas nas folhas e de escavações nos caules e hastes. Quanto às flores e frutos, avaliaremos cinco por planta, observando se estão danificados.
Os frutos amostrados devem estar em estágio inicial de desenvolvimento. Para capturar a mosca-das-frutas, podemos espalhar armadilhas tipo McPhail pela lavoura.

Níveis de controle

Feita a amostragem, definiremos agora os níveis de controle. O que é isso? Basicamente, indica o quão atacada deve estar a nossa lavoura para que seja economicamente viável investir no controle de pragas.
O nível para as hortaliças é de 10% de desfolha, 5% de flores atacadas, 4% de frutos atacados, um inseto sugador por planta e um adulto de mosca-das-frutas por armadilha por semana.

Boas práticas

Incorpore os restos culturais profundamente; mantenha a cobertura vegetal; destrua plantações abandonadas ao redor da lavoura, elas podem hospedar pragas; opte por cultivares resistentes e precoces (quanto menor o ciclo, menos tempo para as pragas atacarem); recolha frutos e flores caídos ou separados da planta; colete ovos, larvas ou ninfas e/ou insetos adultos e esmague-os.
Para incentivar o controle biológico natural, temos que usar fungicidas com moderação, visando poupar os fungos que acometem as pragas. Pulverizações com a bactéria Bacillus thurigiensis são efetivas para combater as lagartas brocadoras em seus estágios de desenvolvimento iniciais.
O controle químico, indispensável em alguns contextos produtivos, deve priorizar produtos de menor toxicidade e seletivos aos inimigos naturais das pragas; respeitar o período de carência (dias entre a última aplicação e a colheita); e promover a rotação dos princípios ativos para não criar pragas resistentes.
Durante a floração, a aplicação deve ser feita no período da tarde, pois os insetos polinizadores das cucurbitáceas são mais ativos pela manhã.

Escolha da cultivar

Outro aspecto importante para o sucesso do empreendimento é a seleção de uma cultivar que se adapte bem às particularidades do sistema adotado pelo produtor. Independente da escolha, todas as abóboras tetsukabuto produzem apenas machos estéreis e precisam ser plantadas em conjunto com outro tipo de abóbora ou moranga para serem polinizadas.
O plantio das variedades polinizadoras deve ser antecipado, para que haja coincidência de sua floração com a da abóbora japonesa. As morangas ‘Coroa’ ou ‘Exposição’ devem ser plantadas com sete dias de antecedência e as abóboras ‘Menina Brasileira’, ‘Canhão’, ‘Caravela’, ‘Jacarezinho’ ou ‘Baianinha’ com 15 a 21 dias de antecedência.
Queremos uma frutificação uniforme e, para isto, devemos distribuir as polinizadoras pelo terreno, intercalando uma fileira dessas variedades para quatro do híbrido. Esse modelo apresenta sucesso de 25 a 50% no pegamento de frutos.
Podemos, também, induzir a partenocarpia (frutos desenvolvidos sem fecundação) por meio de químicos reguladores de crescimento. Essa prática pode ser interessante, por aumentar a área de cultivo da abóbora tetsukabuto (mais valorizada pelo mercado), uma vez que a polinizadora não ocupará espaço, e gerará um produto sem sementes que, por ser exótico, atrairá o interesse do consumidor.

Variações

Apesar de haver padrão estético bem definido entre as cultivares, podemos encontrar algumas variações de coloração, formato e desempenho produtivo. Por ser um híbrido, é necessário adquirir sementes da abóbora tetsukabuto constantemente, pois, se plantarmos sementes extraídas dos frutos da safra anterior, as plantas resultantes não manterão as mesmas características.
Essa demanda, aliado ao fato das sementes importadas do Japão receberem preferência por parte dos produtores, encarece a produção. A genética delas é considerada superior em termos de produção e qualidade dos frutos em relação às nacionais.
Ainda assim, ótimas cultivares são produzidas por empresas agrícolas brasileiras e, dentre elas, a ‘Jabras’, desenvolvida pela Embrapa ainda na década de 90, destaca-se pelo seu ótimo desempenho. Ela é comumente recomendada para os Estados da Bahia, Espirito Santo, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal, por estar adaptada ao clima dessas localidades.
O ambiente é fator preponderante na concretização do potencial genético, portanto, realize um levantamento de quais materiais são plantados na sua região.

Embalagem e marketing

Depois de termos seguido todas as recomendações e nos esforçado para produzir frutos sadios, grandes e saborosos, seria uma pena se eles fossem subvalorizados, tratados como outros quaisquer de qualidade inferior.
Como diz o velho ditado: “quem não é visto, não é lembrado”. Não basta um bom produto. Ele precisa ser apresentado ao consumidor em uma embalagem que cause chame sua atenção e evidencie sua qualidade. A simples sacolinha de plástico não serve mais.
Devemos investir em um design agradável para as etiquetas e rótulos, pensar em um logo que defina a essência da marca e expor as informações sobre o produto de maneira objetiva.
Existem embalagens de diferentes tamanhos, formas, materiais e custos de produção e escolher a que melhor acomoda nosso produto é crucial.

Comercialização

Uma hortaliça grande como a abóbora tetsukabuto pode ser comercializada inteira, apenas com uma etiqueta colada em sua casca. No atacado, geralmente vem em sacos telados ou de ráfia de 20 kg.
Porém, com o cotidiano frenético dos dias atuais, o fracionamento prévio poupa muito tempo no preparo dos alimentos, estimulando hábitos de consumo mais saudáveis. No caso das abóboras, podem ser cortadas ao meio e ter suas sementes retiradas, ou ser descascada e picada em cubos. A comodidade que esse processamento traz agrega valor significativo ao produto final.
A embalagem não deve apenas causar impacto visual, ela também deve ajudar a estender a vida útil do alimento e preservar suas qualidades nutricionais e sensoriais. Para isso, os frutos são colocados dentro de plásticos onde o ar é retirado e substituído por uma mistura de gases contendo CO2, que retarda o crescimento de microrganismos deteriorantes.
Os níveis de oxigênio também são reduzidos e, após serem selados, a parede dos sacos realiza trocas gasosas seletivas com o ambiente, algo muito benéfico para a conservação. Chamamos esse processo de atmosfera modificada.
Outras vantagens da técnica são a diminuir da taxa de respiração (sim, plantas respiram, e quanto menos respirarem, mais elas duram), retardar o amadurecimento e a senescência (processos que levam à morte dos tecidos vegetais), impedir a perda de clorofila e de umidade (possibilitando frutos verdes e frescos por mais tempo) e o escurecimento enzimático (causador de manchas).
O isolamento do produto também previne a contaminação decorrente de possível falta de higiene em sua manipulação.

Transporte e armazenamento

A abóbora tetsukabuto possui uma casca muito dura e espessa, o que protege e polpa relativamente bem de danos físicos, como batidas e arranhados. Isso não significa que não devamos ter cuidado, pois frutos “machucados” podem ser desprezados pelo comprador.
Adicionalmente, o estresse físico e climático pode levar os frutos a consumir sua reserva de carboidratos e água mais rapidamente, levando à perda de peso e deterioração acelerada.
Apesar das abóboras poderem ser armazenadas por mais de três meses em ambientes secos e sombreados antes de serem comercializadas, recomendamos que o produtor faça isso de imediato, pois os frutos perdem umidade rapidamente, e seu peso pode diminuir até 8% em apenas 30 dias.
Algumas técnicas podem ser utilizadas durante o transporte e armazenamento para reduzir esse efeito. Em primeiro lugar, devemos investir no transporte em caminhões refrigerados. Sob temperaturas baixas e estáveis, o fruto respira e transpira menos, o que reduz a perda de água e conserva suas propriedades.
Há, também, menos ação microbiológica, evitando o estabelecimento de doenças. A melhor temperatura para a abóbora tetsukabuto é de 5°C.
A umidade relativa do ar dentro dessas câmaras frias também deve ser controlada. Quando muito baixas, os vegetais ficam murchos. Quando muito altas, há maturação excessiva, senescência e proliferação de patógenos (fungos e bactérias). Para abóboras, recomenda-se uma umidade relativa do ar entre 90 e 95%.
Por último, mas não menos importante, devemos permitir a livre passagem de ar dentro do ambiente refrigerado, empilhando as abóboras corretamente, em fileiras espaçadas. Nada de tentar preencher cada pedacinho de espaço disponível. Isso atrapalhará o sistema de resfriamento de cumprir o seu papel.

Mercado em ascensão

A abóbora tipo Tetsukabuto, “cabotiá’ ou abóbora japonesa, é um híbrido interespecífico, macho estéril, resultante do cruzamento entre a Cucurbita maxima e a C. moschata.
Os frutos apresentam elevada aceitação no mercado brasileiro devido às características organolépticas, sabor adocicado, textura, coloração atrativa e qualidade de poupa. Já no campo, as plantas apresentam rusticidade, precocidade, uniformidade de frutos, resistência à broca-das-cucurbitáceas (Diaphania spp.) e elevado potencial produtivo.
Além disso, os frutos apresentam ótima resistência ao transporte devido à sua casca resistente e prolongada conservação pós-colheita, conquistando cada dia mais o consumidor, sendo uma das principais abóboras produzidas no Brasil.

Como garantir elevada produtividade para a tetsukabuto

As plantas deste tipo de abóbora são monoicas, mas, por se tratar de um híbrido interespecífico as flores masculinas são estéreis, ou seja, não produzem pólen viável, ou encontram-se em menor concentração na planta, não sendo o suficiente para garantir a polinização.
Para que haja produção de frutos, existem duas formas bastante utilizadas: o estímulo à partenocarpia ou o cultivo de espécies doadoras de pólen.
O estímulo à partenocarpia é realizado utilizando-se a pulverização de reguladores vegetais nas flores femininas, logo após a antese. O herbicida 2,4D (ácido diclorofenoxiacético) é utilizado pelos produtores, sendo pulverizado em doses baixas (12,8 mg L-1) para este fim.
Outra forma de garantir a produção de frutos de tetsukabuto é pelo cultivo de uma espécie doadora de pólen, conjuntamente com o cultivo do híbrido. Normalmente se recomenda o plantio de 20% da área de uma espécie que apresente pólen viável, podendo ser abóbora paulista ou moranga.
Deve-se estar atento à época de floração das espécies, para que ocorra conjuntamente visando garantir a disponibilidade de pólen no período em que as flores fêmeas da tetsukabuto estejam aptas à polinização.
Outro fator importante a ser observado é quanto à presença de polinizadores, como toda cucurbitácea, os híbridos de tetsukabuto são dependentes de agente de polinização, principalmente as abelhas, que têm um papel importantíssimo para o cultivo dessas espécies.
As cucurbitáceas, em geral, apresentam a antese de suas flores no período da manhã, sendo visitadas pelos polinizadores neste período. Portanto, todo e qualquer tratamento fitossanitário deve ser feito no período da tarde, a fim de garantir a plena polinização.

Recomendações práticas

Os híbridos apresentam exigências muito diferentes das abóboras comuns. Além disso, são plantas vigorosas, que respondem muito bem à fertilização, irrigação e apresentam precocidade.
O ciclo da cultura da abóbora híbrida tem duração de 95 e 110 dias, com a floração iniciando entre 35 e 45 dias, a depender do material genético utilizado (Tabela 1).

Tabela 1. Híbridos de tetsukabuto utilizados no Brasil e suas características.
Híbrido Características Ciclo (dias) Empresa
Chikara® Fruto globular de coloração verde escuro, alta aceitação no mercado, rusticidade, precocidade, elevado potencial produtivo, alta qualidade organoléptica, ótima resistência ao transporte e prolongada conservação pós-colheita. 100 ISLA® sementes
F1 Takayama® Frutos grandes e uniformes, alta produtividade e maior espessura de polpa.
As plantas são vigorosas, com muito boa adaptação e rusticidade. Os frutos são uniformes de formato globular e cavidade pequena com 2,6 kg,
casca verde-escura com polpa amarela-alaranjada. 110 TopSeed Premium-Agristar®
B8A®
Plantas vigorosas de crescimento indeterminado, com fruto globular achatado, casca firme e boa espessa, coloração verde escuro brilhante, pesando entre 2,5 a 3,0 Kg.
Nas regiões mais quentes (Norte, Nordeste e Centro Oeste) o plantio pode ser feito durante todo ano e de agosto a dezembro nas regiões Sul e Sudeste. Produtividade: 15 – 18 ton/ha. 90 a 120 Feltrin®
Hiroko® Planta forte com folhas escuras e sistema radicular bem desenvolvido, os frutos são levemente achatados com presença de gomos e poupa consistente de coloração alaranjada e peso entre 2,0 a 2,5 kg.
Regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste o cultivo pode ser feito durante todo o ano, e regiões Sul e Sudeste recomenda-se plantar de agosto a dezembro.
Produtividade: 13 a 16 ton/ha. 90 a 120 Feltrin®
Jabras®
Plantas de hábito rasteiro, apresenta internódios curtos e crescimento indeterminado, boa tolerância ao oídio. Os frutos são verde escuro, com poupa alaranjada, pesando entre 2,0 e 3,0 kg.
Híbrido criado pela EMBRAPA-CNPH. 90 a 110 dias Hortec®
Takayama F1® Bastante vigorosa, com muito boa adaptação, rusticidade e resistência a Foc. Apresenta frutos grandes e uniformes com alta produtividade e maior espessura de polpa, pesando em média 2,6 kg. 110 dias Good Yield Good Seeds®
Ebisu Lata®
Planta precoce de alta produção, hábito de crescimento rasteiro, os frutos são semi-achatados, verde escuro muito uniformes com peso médio de 1,9 kg e poupa amarelo intenso.
*Não necessita de polinizador (não é macho estéril).
Produtividade: 10 toneladas/ha. 75 a 85 Takii Seed®
Takada Certa® Planta de excelente vigor, rusticidade e resistência a oídio e Phytophthora, com bom pegamento de frutos, ótima cobertura foliar e alto potencial produtivo. Os frutos são grandes (2 a 3 kg) de formato globular concavidade pequena, poupa firme e ótima espessura. A popa é amarela-alaranjado com casca lisa, verde escuro. 80 a 110 BlueSeeds®
Takii® Fácil cultivo com alta produção e crescimento, desenvolvimento rasteiro com três frutos por planta e peso médio de 2,2 kg. Os frutos são arredondados de coloração verde escura e polpa amarelo intenso.
Produtividade: 13 a 18 ton/ha. 80 a 90 Takii Seed®
Divina® Planta vigorosa de hábito de crescimento indeterminado. Fruto redondo-achatado com casca de coloração verde escuro e polpa amarelo intenso, pesando em média 2,0 kg. Adaptada a climas quentes e amenos. 80 a 120 Horticeres®

Cuidados

Por se tratar de um híbrido e responder muito bem à adubação e irrigação, é preciso estar atento às recomendações de plantio quanto a solo, época do ano, calagem e disponibilidade de nutrientes, para garantir uma boa produtividade.
O solo deve ser bem drenado, com pH de 5,5 a 6,5 e bom teor de matéria orgânica. A recomendação de adubação deve ser feita conforme os resultados presentes na análise de solo (Tabela 2).

Tabela 2. Doses recomendadas de fósforo (P2O5), potássio (K2O) e nitrogênio (N) para adubação de abóbora tetsukabuto para uma produtividade de 12.000 kg/ha e espaçamento entre fileiras 2,0 m e entre covas 2,0 m.
Disponibilidade de P ou K Dose total a ser aplicada (kg/ha)
P2O5 K2O N
Baixa 80 50 60
Média 60 40 60
Boa 40 30 60
Fonte: Casali, 1999.

Vantagens do cultivo

Para os produtores de abóbora, o cultivo de tetsukabuto apresenta várias vantagens, como precocidade, produção de frutos de elevada qualidade, aceitação no mercado e possibilidade de armazenamento por certo tempo, pois trata-se de um fruto com bom tempo de prateleira.
A comercialização, portanto, pode ser feita para locais mais distantes, devido à resistência ao transporte e tempo pós-colheita.

Inovações tecnológicas

O cultivo de híbridos tetsukabuto não é recente, contudo, cada vez este tipo de fruto tem agradado o mercado consumidor. A produção de frutos depende do cultivo de espécies doaras de pólen, o que ocupa parte da área, sendo interessante utilizar espécies com frutos comerciais.
Outra inovação advém do lançamento de híbridos de rama curta, como Okamoto e a Turmalina, ambas da Feltrin®, que devido ao menor tamanho das plantas, permite o adensamento do plantio.
Os frutos desses híbridos variam entre 2,5 a 4,0 kg, com casca gomada ou mais lisa, atendendo todo tipo de preferência, sendo o adensamento de plantio uma das grandes vantagens deste material.
O uso de irrigação é outra tecnologia que garante a produtividade elevada, sendo indispensável no cultivo de hortaliças.

Desafios

Como observado anteriormente, alguns dos materiais genéticos utilizados apresentam melhor desenvolvimento em períodos de maior temperatura, outros apresentam dupla aptidão, sendo necessário atenção ao escolher o híbrido a ser utilizado.
As mudanças no regime hídrico, bem como altas temperaturas observadas, podem representar um empecilho à produção de hortaliças de qualidade, sendo necessário o advento de tecnologias como a irrigação, para minimizar os efeitos climáticos.
Em algumas culturas, as altas temperaturas podem promover baixo pegamento de frutos e abortamento, sendo necessário que o produtor fique atento a esses detalhes.

Benefícios ambientais

O cultivo de tetsukabuto, além de muito lucrativo, pode proporcionar uma redução do uso de agrotóxicos, devido à maior rusticidade e resistência das plantas. Observa-se, em alguns híbridos, como Jabras® e Takada Certa®, a resistência a doenças importantes de cucurbitáceas, como o oídio, o que reduz a necessidade do uso de agrotóxicos no cultivo.
Por se tratarem de plantas vigorosas, há uma rápida cobertura do solo pelas ramas, o que diminui o tempo de exposição.
Há, ainda, a possibilidade de utilização do plantio direto, fornecendo cobertura do solo, aumento da matéria orgânica, o que garante boa produtividade a este tipo de abóbora.

Oportunidades

Por se tratar do cultivo plantas com alta produtividade e ótima aceitação no mercado consumidor, o produtor pode alcançar ganhos elevados com o cultivo de tetsukabuto. Contudo, é preciso ficar atento às preferências dos consumidores quanto à textura da casca dos frutos, coloração da polpa, bem como ao tamanho dos frutos.
Com a redução no número de pessoas das famílias, é normal haver procura por frutos menores, bem como a comercialização de frutos fracionados. Por se tratar de uma abóbora enxuta, ou seja, com baixo conteúdo de água e com casca resistente, pode haver, ainda, procura por produto minimamente processado, sem a casca e picado, o que se torna uma oportunidade para a agroindústria.
A manutenção de oferta de produtos é outro fator que torna os produtores mais competitivos, fazendo com que haja garantia de mercado para comercialização da produção.
Desta forma, é preciso planejamento adequado do plantio, utilização de tecnologias que garantam a produtividade e qualidade dos frutos, bem como a escolha de materiais genéticos bem adaptados à região de cultivo.


Expressão do cultivo

Apesar de a cultura ter boa adaptação a todas as regiões do país, o cultivo tem se concentrado em algumas regiões, como Jaíba/Manga (MG), São Desidério (BA), Paracatu (MG), Morrinhos (GO) e Pontalina (GO).
Para que haja maior expressão em outras regiões, os produtores precisam focar em planejamento, escolha do material genético mais adequado e direcionar esforços para atender o mercado consumidor, o que irá garantir bons rendimentos e consolidação no mercado.

Denisval José de Borba

Vale a pena produzir tetsukabuto?

Denisval José de Borba é produtor rural em Corinto (MG), e atualmente planta 500 hectares de abóbora tetsukabuto por ano, com até 25 ton/ha de produtividade, nas melhores áreas.
O produtor alcança aproximadamente uma produção de 10 mil toneladas de abóboras por ano e, para tal, ele ressalta a importância de escolher uma boa semente que se encaixe no clima da época do plantio, com atenção aos foliares e defensivos, buscando sempre tecnologias de ponta.
“Há muitas variedades, incluindo Takayama, Kanda (agora Furusato), Montana (muito plantada, frutos grandes e lisos, mas menos saborosa) e Sakata (lançaram um produto de alta produtividade, cerca de 35 toneladas por hectare)”, detalha o produtor.

Manejo

Denisval não abre mão de uma boa adubação de base e complementa com nitrogênio, cloreto potássio e foliares, dependendo das necessidades da planta.
Quanto às doenças e pragas que mais afetam a abóbora tetsukabuto, ele destaca o míldio, oídio, virose, calo d’água, lagarta, mosca branca, tripes, nematoides e pulgão. Ainda segundo o produtor, o manejo deve ser feito conforme as necessidades da planta.

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