Timóteo Scheidt
Gerente de Produtos para América do Sul e Caribe (solanáceas) – Enza Zaden
O vírus do rugoso castanho do tomate (ToBRFV) foi identificado pela primeira vez em Israel e na Jordânia em 2014, e desde então tem se propagado pelo mundo. Por volta de 2018, o vírus atingiu fortemente países com uma sólida tradição na tomaticultura, como México, Espanha, Holanda e China, gerando um grande alerta internacional sobre essa doença.
Hoje, enfrentamos uma disseminação mundial, em que praticamente todos os continentes já lutam contra o vírus.
Contaminação
Na América do Sul, a contaminação está em estágios iniciais, evidenciada por casos isolados no Peru, Colômbia e Chile. A situação na Argentina é particularmente preocupante, com níveis de infecção e danos alarmantemente elevados.
Em visitas recentes a diversas áreas de produção argentinas, como Corrientes, La Plata e Salta, testemunhamos danos econômicos que chegam a assustadores 90% em muitas áreas que percorremos.
Atualmente, enfrentamos uma considerável inquietação em relação à possível introdução da doença no Brasil, dada a significativa movimentação de mercadorias agrícolas entre o Brasil e a Argentina.
Reconhecemos que a implementação de medidas fitossanitárias capazes de assegurar um controle absoluto de 100% é uma tarefa desafiadora. Diante desse cenário, o risco de contaminação no Brasil é alto e temos que ter um cuidado especial com áreas de produção em cultivo protegido onde os danos podem ser significativamente mais expressivos, quando a doença não é controlada com os devidos cuidados.
Manejo
O vírus rugoso castanho é uma doença muito complexa e é necessário diferentes tipos de manejo para o controle.
O uso de variedades resistentes é a estratégia mais eficaz na luta contra o vírus, aliado a práticas fitossanitárias que visam evitar a disseminação da doença para novas áreas.
Implementar medidas como restrições de acesso de pessoas de áreas afetadas para áreas limpas, minimizar o manuseio das plantas e não compartilhar caixas de frutas e objetos de uma área para outra são ações cruciais que ajudam a diminuir as chances de contágio.
Além disso, o uso de sementes certificadas é fundamental para evitar a dispersão e contaminação de novos países e regiões.
Assim como vemos em outros Tobamovírus, o rugoso castanho do tomateiro tem um nível de infecção e persistência muito alto. Pode permanecer viável por muito tempo no solo em superfícies diversas e na água.
Genética
A Enza Zaden encontrou, em 2015, em seu banco genético, uma fonte de alta resistência contra o vírus do rugoso castanho do tomateiro, e desde então vem trabalhando fortemente na produção de novas variedades com alta resistência em todos os segmentos de tomate para diferentes regiões do mundo.
Na Argentina, já disponibilizamos ao mercado materiais tipo salada e saladete com alta resistência em nível comercial. No Brasil, nosso time de melhoramento de tomates está preparado para oferecer, quando necessário, um portfólio de produtos com alta resistência, adaptados ao clima brasileiro.
Nosso compromisso é contribuir para um futuro saudável e sustentável na tomaticultura brasileira.