Alessandro Bandeira Dalbianco – Engenheiro agrônomo, mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (PPGASP) – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) – alessandrodalbianco2013@gmail.com
Daiane Andréia Trento / Fernanda Lourenço Dipple
Mestras em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – UNEMAT
Adalberto Santi – Professor do Departamento de Agronomia – UNEMAT
Santino Seabra Júnior – Professor do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – UNEMAT
O tomate (Solanum lycopersicum) é a hortaliça-fruto mais consumida, pertencente à família das solanáceas, e é amplamente cultivada em diferentes regiões do Brasil e do mundo. Os Estados brasileiros que mais produzem tomate são: Goiás, São Paulo e Minas Gerais, os quais representam mais de 60% da produção nacional (IBGE, 2016).
A produção de tomate no Brasil no ano de 2018 foi de 4.084.910 toneladas em uma área de 59.726 hectares, em que o Estado de Mato Grosso representa uma parte desta produção, com 3.931 toneladas produzidas em uma área de 184 hectares, com produtividade média de 24.844 kg/ha (IBGE, 2018).
O tomate é um fruto com alto consumo em sua forma fresca ou processada e é rico em compostos funcionais como licopeno, βcaroteno, vitamina C e E. (Kelebek et al., 2017).
Sistemas de produção
O cultivo do tomateiro visando o mercado in natura é geralmente realizado no sistema tutorado e com cultivares de hábito de crescimento indeterminado. Porém, tem crescido o interesse das empresas em lançar cultivares de hábito de crescimento determinado para esse segmento, visando a redução de mão de obra e custo com a produção.
O cultivo do tomate rasteiro para o segmento in natura é recente e necessita de pesquisa e adequação climática, principalmente pode ser introduzido em regiões e épocas que apresentem baixo índice pluviométrico e períodos de seca.
A cobertura do solo é uma prática agrícola que traz várias vantagens, como o controle das plantas invasoras, a diminuição das perdas de água por evaporação e a facilidade de colheita e a comercialização, uma vez que, por não ficar em contato direto com o solo, o produto é colhido mais limpo, com melhor qualidade e importante na melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo (Almeida et al., 2018).
Vantagens
A principal vantagem desse sistema, além da redução de mão de obra, é que ele possibilita a mecanização em todas as fases do cultivo do tomateiro, desde o preparo do solo, implantação do mulching, adubação por fertirrigação e controle de pragas e patógenos.
Dentre as técnicas de cobertura do solo, os filmes plásticos de polietileno ou “mulching” podem ser amplamente utilizados, e vêm proporcionando aumento da produtividade de frutos comerciais no cultivo do tomate rasteiro em condições experimentais na UNEMAT.
Porém, já vem sendo utilizado por produtores comerciais de tomate. Nesse trabalho, será apresentado as técnicas de como se cultiva o tomateiro determinado rasteiro sobre mulching plástico.
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Ponto de partida
Inicialmente, na área que se deseja implantar o cultivo do tomateiro rasteiro sobre o mulching, deve-se observar se o solo está muito compactado. Se estiver, torna-se necessário a gradagem da área para romper a camada compactada e melhorar as condições físicas do solo, ideais para o crescimento radicular das plantas.
Após, é realizado a confecção dos canteiros, que pode ser feito de 1,00 m a 1,20 m de largura e com o comprimento que desejar em sua área. Pode ser feito manualmente ou com auxílio da enxada rotativa.
Deve-se realizar a análise química e física do solo, para partir para a calagem e a adubação requerida pela cultura, seguindo o manual da 5ª aproximação para o tomate de mesa. É necessário que se faça a correção da acidez elevando a saturação de bases na faixa de 70%, com aplicação de calcário (Ribeiro et al., 1999).
O próximo passo é realizar a instalação do sistema de irrigação por gotejamento, formado por uma mangueira de polietileno que possui tubos gotejadores, com espaçamento ideal entre 20 a 30 cm entre gotejadores. A mangueira deve ser instalada próximo à linha de plantio do tomate, em torno de 20 cm da borda do canteiro, o que vai tornar a irrigação mais precisa e uniforme.
A utilização do sistema de irrigação por gotejamento abaixo do filme plástico possibilita realizar a fertirrigação, que fornece todos os nutrientes que a planta necessita durante todo o ciclo. Neste sistema, é utilizado um reservatório para a dissolução dos adubos em água, que por meio de uma motobomba é impulsionado para as mangueiras gotejadoras, onde será fornecido para as plantas.
Após instalar o sistema de irrigação por gotejamento, é instalado o filme plástico, enterrado em torno do canteiro, podendo ser mecanizado ou manual. Posteriormente, realizar os furos no plástico no local que se deseja transplantar as mudas, e por fim, fazer o transplantio das mudas de tomate.
Atenção
Antes da instalação do filme plástico sobre o canteiro, é necessário realizar a adubação de plantio para o tomateiro, com a abertura do sulco na linha onde serão transplantadas as mudas.
Em nossas pesquisas na UNEMAT, foi aplicado 100% do fósforo, 10% do potássio e 10% do nitrogênio requerido pela cultura, sendo que o restante é realizado na adubação de cobertura com o sistema de fertirrigação.
O método que temos desenvolvido de cultivo de tomateiro sobre mulching é adaptado, visando direcionar a planta para que se acomode totalmente sobre o mulching. Com isso, realizamos o plantio das mudas em furos a 15 cm da borda do canteiro e pode-se utilizar espaçamentos entre plantas variando de 20 a 50 cm, adequando as necessidades do produtor.
O mulching plástico é feito de polietileno, sendo o ideal de 25 micras de espessura. Pode ter de 1,00 a 1,80 m de largura, dependendo do tamanho do canteiro, e para nossa região, onde o clima é mais quente, se utiliza o mulching plástico dupla face (preto e branco), sendo que a parte branca fica direcionada para cima, refletindo os raios solares e reduzindo a temperatura da planta. Já a cor preta fica direcionada para baixo, mantendo a umidade do solo.
A mudas de tomate devem der produzidas em um local limpo e bem protegido de fonte de pragas e doenças, e a casa de vegetação deve possuir no mínimo três metros de altura, ideal para a circulação do ar, com bancadas de um metro de altura. As mudas estarão prontas para o transplantio quando atingirem entre 20 a 25 dias depois de semeadas em bandeja.
Redução de riscos
Para o Estado de Mato Grosso, o período de implantação desse cultivo com menores riscos para a produtividade é de abril a junho, com colheita de julho a outubro, devido à chuva na fase inicial da cultura ou na colheita dos frutos, pois existem riscos fitossanitários se o cultivo for realizado em outras épocas.
Sendo assim, esta técnica se torna muito importante para impulsionar a produção de tomate rasteiro para o consumo in natura no Estado de Mato Grosso, que no momento não é suficiente para atender a demanda de consumo.
Esta técnica pode ser utilizada em pequenas e grandes áreas, aumentando a produtividade e qualidade dos frutos, pois nesse sistema vai favorecer o crescimento mais rápido e uniforme das plantas, reduzir o ataque de pragas e doenças, evitar o contato direto dos frutos com o solo e vários outros benefícios, Contudo, vai aumentar a rentabilidade e sustentabilidade da produção.