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Tomateiro: Como os porta-enxerto podem otimizar o cultivo

Laís Naiara Honorato Monteiro Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura e docente – Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV)laismonteiiro@gmail.com

Fátima Gouvêa Prudênciofatimagouvea.tst@gmail.com

João Victor Dam de Abreujoaov.dam@hotmail.com

Graduandos em Engenharia Agronômica – UNIFEV

Tomate – Crédito: Shutterstock

Com grande importância dentre as espécies olerícolas, a cultura do tomateiro (Solanum lycopersicum) se destaca nacional e mundialmente por estar presente no consumo da população sob diversas formas, sendo em forma de simples saladas até os produtos industrializados.

Segundo dados da FAO, em 2018 houve uma produção de 182.256.458 toneladas de tomate em uma área total de 4.762.457 hectares no mundo. O maior produtor mundial é a China, sendo que o Brasil está em 10° lugar no ranking, com uma produção em 2019 de 3.917.967 toneladas em uma área cultivada de 54.916 hectares, de acordo com o IBGE.

Doenças do tomate

Dada a relevância do tomate em diversos setores alimentícios, o controle das doenças se faz prática fundamental para o alcance de altas produtividades. A cultura do tomateiro pode ser afetada por diversas doenças que são causadas principalmente por fungos, bactérias, vírus e nematoides.

Além disso, aspectos como excesso ou deficiência nutricional, aplicação inadequada de defensivos, temperatura e umidade inapropriadas para cultura, entre outros, são também causas de moléstias, tanto em campo aberto como em cultivo protegido do tomateiro.

As centenas de doenças que podem acometer o tomateiro prejudicam a produtividade e a qualidade dos frutos, o que acaba tornando o controle fator determinante para a garantia do sucesso na produção.

O controle de patógenos causadores de doenças, por meio da utilização da enxertia, tem sido mais interessante que outros manejos. Isso se dá devido ao fato de que, ao se optar pela enxertia, não serão necessárias mudanças radicais na cultura.

Ação da enxertia

A enxertia é composta pelo enxerto, o qual constitui a parte da planta cultivada (a que se deseja obter produção), e o porta-enxerto, que funciona como suporte para o enxerto, que normalmente exibe boa taxa de crescimento e vigor.

Se o porta-enxerto é vigoroso, tal característica é transferida à planta comercial enxertada, possibilitando, por exemplo, aumentar o número de plantas por área sem causar danos à produção. Além disso, quando o porta-enxerto possui resistência genética a patógenos e condições edafoclimáticas diversas, permite reduzir e/ou eliminar prejuízos e, dessa forma, atingir elevadas produtividades.

O uso de porta-enxertos de tomate tem cada vez mais se destacado, uma vez que, além de propiciar incremento no vigor das plantas, protege-as contra patógenos causadores de doenças.

A enxertia auxilia tanto no suporte e adaptação das plantas de tomate às condições de solo, como também na absorção de elementos essenciais, entre eles água e macronutrientes como fósforo, nitrogênio e cálcio.

Em ambientes em que há déficit hídrico, a utilização de materiais genéticos que apresentem maior capacidade de absorção de água é uma condição necessária. Dessa forma, se esses materiais forem utilizados como porta-enxerto, irão se tornar essenciais ao sucesso do cultivo de tomate em áreas exigentes. 

Como implantar a técnica

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A espécie vegetal a ser empregada como porta-enxerto pode ser o próprio genótipo do tomateiro ou de outras espécies resistentes do gênero Solanum, sendo as mais conhecidas e utilizadas a jurubeba (Solanum paniculatum), o jiló (Solanum aethiopicum) e a berinjela (Solanum melongena).

Antes de dar início à técnica de enxertia, a limpeza e a desinfecção das ferramentas e dos materiais que serão utilizados no processo são essenciais para obter êxito no método, uma vez que, dessa forma, eliminará qualquer patógeno presente.

Para realizar o plantio do porta-enxerto, as sementes deverão ser certificadas e específicas para essa finalidade de técnica, além de pertencerem à mesma família, com compatibilidade morfológica e fisiológica.

A semeadura do enxerto e do porta-enxerto deve ser realizada simultaneamente em bandejas destinadas à produção de mudas, com preferência para aquelas de polietileno preto e rígido, devendo ser preenchidas com substrato comercial, que possui aspectos nutricionais adequados.

Tratos importantes

A irrigação das bandejas deve ser realizada de maneira moderada, para que assim não ocorra tombamento das plântulas. Além disso, as bandejas devem ser acondicionadas em ambientes bem iluminados, evitando o estiolamento.

Após 20 a 25 dias da semeadura, as mudas de enxerto e de porta-enxerto estão prontas para o processo de enxertia, pois nessa época apresentarão 2,7 a 3,0 mm de diâmetro dos caules. Ferramentas como presilha ou tubo de silicone e lâmina de barbear ou bisturi são fundamentais para realização da técnica.

As mudas preparadas para o enxerto devem ser cortadas transversalmente na altura das folhas cotiledonares, utilizando-se a ferramenta cortante. Posteriormente, faz-se um corte em bisel duplo no limite inferior do caule, formando uma cunha de aproximadamente 1 cm. Para o porta-enxerto, também deverá ser realizado o corte transversal do caule, em uma altura em torno de 8,0 cm acima da superfície da bandeja. Em seguida, deve-se fazer uma abertura longitudinal em formato de fenda, na profundidade de 1,5 cm.

Após a preparação das mudas, é necessário unir em encaixe o corte em bisel do enxerto com a fenda do porta-enxerto. Para que ambas plantas fiquem em perfeito contato do tecido cambial, o auxílio da presilha ou do tubo de silicone é muito importante para junção das partes.

É normal, após o procedimento da enxertia, ocorrer a murcha do enxerto, o que pode ser explicado devido ao rompimento dos vasos vasculares, o que, consequentemente, impediu o fornecimento de seiva. Por isso, as mudas devem ser mantidas em ambiente que apresente umidade relativa mínima de 80%.

Cicatrização

Com o objetivo de favorecer a formação do calo cicatricial, nos primeiros quatro dias as mudas devem ser mantidas em locais sem luminosidade, pois dessa maneira ocorrerá a diminuição do fluxo de seiva.

Após esse período, deve-se reduzir o sombreamento para 50% durante três dias. Ao completar esse intervalo, ou seja, aos sete dias após a enxertia, deve-se retirar as ferramentas fixadoras das plantas, e estas devem permanecer em ambiente claro e seco por três dias, onde estarão prontas para o transplantio em local definitivo.

O caso do tomateiro

Devido à importância do tomateiro, diversas variedades são cultivadas. Por isso, técnicas como a enxertia são recomendadas aos produtores por apresentarem incrementos significativos na produtividade da cultura, pois baseia-se na concepção de unir e explorar os melhores aspectos do enxerto e do porta-enxerto.

A técnica de enxertia na cultura do tomateiro tem se tornado uma opção para alcançar resultados a curto prazo, pois o controle de patógenos de solo está associado à melhoria na qualidade dos frutos. Por meio do uso de porta-enxerto de bom material genético é possível atingir incremento de até 30% na produtividade do tomateiro, além da maior porcentagem dos frutos de melhor classificação comercial.

Há relatos que o uso da enxertia no tomateiro controlou diversas doenças, como podridão da raiz (Rhizoctonia spp.), nematoides, murcha bacteriana (Ralstonia solanacearum), murcha de Fusário (Fusarium oxysporum fsp. lycopersici), murcha de verticillium (Verticillium dahliae), entre outras.

Além disso, outras vantagens do uso de porta-enxertos no tomateiro também foram observadas em locais com oscilação de temperatura e ambientes de alta salinização, onde houve controle dos íons salinos Na, Cl e K. Além das características de produção, aspectos químicos dos frutos do tomateiro também são melhorados a partir do uso de porta-enxertos, como o teor de acidez titulável, bem como incremento na massa média dos frutos.

Investimento que retorna

Uma muda enxertada pode custar até três vezes mais do que uma muda não enxertada, pois o preço final está associado diretamente ao valor dos insumos utilizados na produção, sendo que estes variam de acordo com a região. É importante salientar que a lista dos insumos utilizados constitui a obtenção de sementes de empresas idôneas, bandejas, substratos, sistemas de irrigação, etc.

Além disso, é necessário considerar o custo com a mão de obra e também a tecnologia, envolvendo técnicas como o ambiente adequado para desenvolvimento das mudas. Para implantação da técnica, o custo médio é em torno de R$ 1,20 a R$ 1,50 por muda.

Apesar da muda enxertada ser significativamente mais cara do que a convencional em função do custo adicional da semente do porta-enxerto, dos instrumentos e da mão de obra para a realização da técnica da enxertia, este é um método cada vez mais promissor para atingir boas produtividades do tomateiro.

A viabilização de áreas de cultivo não tradicionais torna a cultura do tomateiro uma opção de produção para produtores de diversas regiões. Dessa maneira, devido ao alcance de maiores produtividades estar relacionado a incrementos no retorno financeiro, o investimento inicial do produtor será compensado a médio e longo prazos.

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