Camile Dutra Lourenço Gomes
camile.dutra@unesp.br
Luana de Carvalho Catelan
luana.catelan@unesp.br
Engenheiras agrônomas e doutorandas em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Fitopatologia e professora – UNESP
adriana.kronka@unesp.br
Uma lavoura produtiva começa pela semente. Sementes atacadas por insetos e infectadas por determinados patógenos podem se constituir um fator negativo no estabelecimento inicial da lavoura.
A presença de patógenos e de insetos-pragas associados às sementes tem sido a causa de perdas e prejuízos, devido à deterioração das mesmas, prejudicando a germinação, estabelecimento das plântulas em campo, além de serem meio de introdução e disseminação de importantes doenças entre regiões produtoras.
Soluções
O tratamento de sementes é uma das soluções para controlar os problemas fitossanitários iniciais na cultura e para fazer com que a planta expresse ao máximo o seu potencial produtivo.
Dessa forma, a lavoura apresentará uma alta performance em campo e maiores produtividades por unidade de área. Por meio desta prática, é possível proteger as sementes desde a semeadura, e no contato inicial com o solo até a fase inicial de formação das plantas contra pragas e doenças que ameaçam a germinação, o vigor e o início do desenvolvimento do cultivo.
Desta forma, auxilia, também, no estabelecimento do estande inicial de plântulas, além de manter a área livre do ataque de patógenos e pragas no início do cultivo e/ou a entrada destes em áreas isentas.
Entenda
A prática consiste na aplicação de defensivos químicos ou biológicos, visando proteger a semente de pragas e patógenos. Além disso, podem ser aplicados nas sementes agregadores, como nutrientes, inoculantes e enraizadores, cuja finalidade é garantir o desempenho das sementes em campo e melhorar o desenvolvimento da planta, possibilitando um equilíbrio nutricional, pelo melhor aproveitamento dos nutrientes do solo e dos fertilizantes pela planta.
Ainda, podem ser aplicados polímeros e pós secantes com o intuito de potencializar os benefícios do tratamento de sementes, além de proporcionar uma melhor fluidez da semente na semeadora no processo de semeadura.
Na produção de grãos como soja e milho, o tratamento de sementes está entre as medidas fitossanitárias mais usadas e eficientes. O tratamento das sementes pode ser realizado “on farm” ou de maneira industrial.
O primeiro é feito diretamente na propriedade, em que o agricultor adquire as sementes sem tratamento e realiza a aplicação de produtos na própria fazenda de forma manual e/ou com o auxílio de maquinas agrícolas.
No tratamento industrial (TSI), o produtor adquire as sementes já tratadas diretamente nas indústrias sementeiras, as quais utilizam as mais avançadas tecnologias disponíveis no mercado.
O tratamento de alta performance
Atualmente, no mercado, existem diferentes tecnologias que proporcionam um alto desempenho das sementes e da lavoura em campo. Essas tecnologias vão desde produtos químicos e biológicos a máquinas de automação para aplicação de produtos, com uma melhor estrutura e maior segurança aos operadores.
Os produtos de alta performance possuem múltiplas funções. Além de blindar as sementes contra o ataque de pragas e doenças na fase inicial de desenvolvimento da cultura, também proporcionam benefícios fisiológicos para as plantas, como maior desenvolvimento de raiz e parte aérea, maior tolerância a estresses, melhor aproveitamento dos nutrientes do solo e, consequentemente, maior produtividade agrícola.
O tratamento de sementes, quando realizado com produtos recomendados e aplicados de forma correta, garante ao produtor uma maior uniformidade para sua lavoura e sucesso em campo.
Custo-benefício
O tratamento de sementes de soja e milho é uma técnica consolidada desde a década de 90 no Brasil. A ótima relação custo/benefício faz com que, atualmente, a técnica seja indispensável nas lavouras, por proporcionar inegáveis vantagens para o produtor.
Segundo dados disponibilizados pela Embrapa, o tratamento de sementes de soja é uma das práticas de menor custo, quando comparada com as demais envolvidas na produção, representando, em média, um custo de 1,49% em relação ao total de produção por hectare. Já para a cultura do milho, o custo médio com o tratamento de sementes é de 0,65% do custo de produção por hectare.
Diante disso, os custos para implementação do tratamento de sementes são baixos, quando comparados aos benefícios proporcionados pela prática e o retorno financeiro ao final do ciclo da cultura.
Dessa forma, o tratamento de sementes pode ser visto como um “seguro barato” realizado pelo produtor no início da implantação da lavoura, uma vez que a utilização de sementes tratadas confere proteção às sementes e plântulas, alterações benéficas na planta, melhor aproveitamento de nutrientes e fertilizantes do solo, aumento de tolerância ao estresse, resultando em uniformidade de estandes, com efeitos positivos sobre o rendimento de grãos de soja e milho, entre outras culturas.