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Regina Maria Quintão Lana
 Engenheira agrônoma, pós-doutora, professora titular do Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Ana Carolina Pereira de Vasconcelos
 Engenheira agrônoma, mestranda do Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Novas tecnologias e sistemas de produção sustentáveis vêm sendo estudados, desenvolvidos e adotados nas várias regiões do país visando alcançar maiores produtividades sem aumentar a abertura para exploração de novas áreas e, associados a estes sistemas, tem-se observado o uso crescente de agroquímicos de controle hormonal.
Levando em conta a fisiologia da planta, intensificaram-se estudos sobre os feitos de substâncias orgânicas modificadoras do desenvolvimento vegetal, capazes de aumentar significativamente a produtividade. Esse emprego, na agricultura, vem se tornando prática viável com o objetivo de explorar o potencial produtivo das culturas.
Com efeito, a fisiologia vegetal é um dos campos da ciência agronômica que tem promovido grandes avanços nos últimos anos pelo advento de modernas técnicas como a produção de plantas por cultura de tecidos, manipulação genética e biotecnologia.
Com o desenvolvimento da biotecnologia, bioquímica e da fisiologia vegetal, novos compostos têm sido identificados nos vegetais, sendo que os avanços tecnológicos têm propiciado a síntese de novas moléculas, que se mostram eficientes quando aplicadas nas plantas, para a sua proteção e aumento de produtividade.
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Os bioestimulantes e seus benefícios
Os agroquímicos de controle hormonal, conhecidos como bioestimulantes, além de fitoquímicosantiestressantes, complexantes, ainda são condicionadores do sistema solo-planta, que têm adquirido crescente importância na agricultura. Assim, o não aproveitamento desses produtos pode restringir a evolução do manejo dos cultivos e a maior economicidade do sistema de produção agrícola(Castro, 2010).
Os bioestimulantes podem ser designadostambém como a mistura de dois ou mais reguladores vegetais com outras substâncias de natureza bioquímica, como aminoácidos, hormônios de crescimento de plantas, vitaminas e vários outros elementos (Tanaka et al., 2003), como substâncias orgânicas provenientes de extrato de algas. Esses reguladores vegetais são compostos orgânicos, naturais ou sintéticos, que em pequenas quantidades inibem ou modificam de alguma forma processos morfológicos e fisiológicos do vegetal. Ainda, os hormônios contidos nos bioestimulantes agem como moléculas sinalizadoras, naturalmente presentes nas plantas em pequenas concentrações, sendo responsáveis por efeitos marcantes no desenvolvimento vegetal (Taiz eZeiger, 2004).
Os bioestimulantes são, ainda, descritos por Russo e Berlyn (1992) como produtos não nutricionais, que podem reduzir o uso de fertilizantes e aumentar a produção e a resistência aos estresses causados por temperatura e déficit hídrico, enquanto que Ono et al., (1999) definem bioestimulantes como complexos que promovem o equilíbrio hormonal das plantas, favorecendo a expressão do seu potencial genético, estimulando o desenvolvimento do sistema radicular.
Os benefícios alcançados com o uso dos aminoácidos contidos nos bioestimulantes estão associados com a melhoria da germinação, produção de plantas com raízes mais bem desenvolvidas e plantas mais vigorosas, enchimento mais uniforme de grãos e produtividade elevada. Estes aminoácidos destacam-se por serem os precursores de hormônios, de enzimas e outras moléculas, estando presentes em todos os processos de crescimento e desenvolvimento das plantas, desde a germinação das sementes até a maturação dos frutos.
Ferrini e Nicese (2002) destacam que a utilização desses bioestimulantes serve como alternativa potencial à aplicação de fertilizantes para estimular a produção de raízes, especialmente em solos com baixa fertilidade e disponibilidade de água.
De acordo com Weber (2010), por meio destas substâncias pode-se interferir em diversos processos fisiológicos e/ou morfológicos, tais como a germinação, crescimento vegetativo, florescimento, frutificação, senescência e abscisão. Esta interferência pode ocorrer pela aplicação dessas substâncias via sementes, via solo ou via foliar, de modo que elas precisam ser absorvidas para que possam exercer sua atividade.
Ainda, segundo Casillaset al., (1986), os bioestimulantes são eficientes quando aplicados em baixas doses, favorecendo o bom desempenho dos processos vitais da planta e permitindo a obtenção de maiores e melhores colheitas, além de garantirem rendimento satisfatório em condições ambientais adversas.
Ácidos húmicos efúlvicos
Os componentes principais de bioestimulantes comercialmente disponíveis podem ainda incluir materiais húmicos (ácidos húmicos e ácidos fúlvicos). Neste contexto, alguns bioestimulantes podem aumentar a concentração de nutrientes no tecido foliar devido à presença desses ácidos húmicos em sua composição, os quais afetam positivamente a retenção de água e atuam como reserva de nutrientes pelo fato de terem alta capacidade de formarem complexos com íons metálicos solúveis em água.
Além disso, as substâncias húmicas são constituintes da maior parte da matéria orgânica de solos e sedimentos, responsáveis pela melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas, especialmente na rizosfera (Floss eFloss, 2007). As frações húmicas mais importantes quanto à reatividade e de maior ocorrência nos ecossistemas são os ácidos húmicos e ácidos fúlvicos.
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