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Uso sustentável do ipê roxo no Brasil

Variedades de espécies da família Bignoniaceae. (Fonte: Ageu Freire).

Ageu da Silva Monteiro Freire
Engenheiro florestal, mestre em ciências florestais e doutorando em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
ageufreire@hotmail.com
Amanda Brito da Silva
amandab_silva12@hotmail.com
Joaquim Custódio Coutinho
joaquimcustodiocoutinho@gmail.com
Engenheiros florestais e mestres em Ciências Florestais – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Sabemos que os ipês são plantas muito conhecidas pelos brasileiros, principalmente por se destacarem no seu período de floração. Entretanto, a maioria desconhece que as plantas são uma variedade de espécies, ou seja, existem vários ipês amarelos, roxos, rosas, mas sendo espécies diferentes.

Todas elas pertencem à família Bignoniaceae, que de acordo com o Livro Vermelho da Flora do Brasil, possui 280 são lianas, 70 árvores e 40 arbustos, em que 23 de 46 espécies são ameaçadas de extinção.

Sempre é interessante observar os aspectos ecológicos e o nível de conservação da espécie, para que tenhamos nelas um uso sustentável, especialmente quando se trata de plantas muito exploradas e amplamente distribuídas, como os ipês.

Ipê roxo

Diante desta variedade de espécies, o presente texto traz informações sobre o Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos, chamada popularmente de “ipê roxo”, “ipê rosa”, “ipê preto” e “pão-d´arco”.

Conforme o Centro Nacional de Conservação da Flora a espécie é classificada como NT, que significa que é quase ameaçada, em que no momento não se classificam como ameaçadas, mas estão perto ou suscetíveis de entrar em alguma classificação de ameaça.

O Handroanthus impetiginosus é uma planta nativa, mas que ocorre do México à Argentina. No Brasil, tem ocorrência na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, excluindo-se somente o bioma Pampa, estando presente na maioria dos Estados brasileiros.

A espécie está inserida em floresta estacional semidecídua ou decídua, sendo considerada heliófila, ou seja, que necessita de exposição solar.

Utilização do ipê roxo

Uma das grandes aplicabilidades do Handroanthus impetiginosus é no uso medicinal, ornamental e da madeira para a construção civil. Ainda existem poucas empresas que fazem plantios em grande escala para exploração madeireira, em que, maior parte da exploração e comercialização são provenientes de manejos florestais.

A comercialização da espécie para uso medicinal no Estado do Pará se dá principalmente nos mercados regionais (comunidades ribeirinhas, assentamentos rurais e indígenas).

Raramente ocorre a comercialização direta entre produtor e consumidor final. As cascas são as partes vegetativas mais comumente encontradas nas bancas à venda em feiras livres, o que remete a preocupações sobre a conservação da espécie.

Na medicina popular a casca e a entrecasca do tronco são utilizadas como adstringente, analgésica, anódina, antibacteriana, antifúngica, anti-inflamatória, antioxidante, antitumoral, antiviral, diurética, febrífuga, imunoestimulante, laxante, depurativa, antiblenorrágica, antissifilítica, antianêmica, antimalárica, inseticida, antialergênica, anticoagulante, antirreumática, cardiotônica e hepatotônica.

Já na área urbana a aplicabilidade da espécie se dá principalmente na arborização urbana, onde as suas flores são bastante vistosas no período de floração.

Aspectos econômicos

O valor econômico da árvore em pé do ipê roxo varia entre R$ 136,67 a R$ 570,00 o m³. A madeira da árvore ipê roxo tem sido comercializado nas últimas décadas dentro do mercado interno varejista, com diversos formatos, que variam de toras, vigas a lâminas. Essa madeira é utilizada principalmente em confecção de móveis de luxo, em produção de instrumentos musicais, construção civil, na produção de carvão entre outros.

A melhor opção para o plantio do ipê roxo é a partir das mudas, pois tem seu desenvolvimento rápido em apenas 4 meses já estão aptas ao plantio. Quanto ao espaçamento é recomendado 3 x 2 m, com duas a três mudas por covas, criando competição entre elas. Esse modelo apresenta ser o melhor em custo benéfico para o plantio da espécie, também facilitando o manejo entre as linhas. Outro ponto importante para o desenvolvimento dessas plantas é adotar os seguintes tratos culturais nos primeiros anos:

•          Sombreamento para as mudas;

•          Adubação verde e química (fósforo e nitrogênio);

•          O consórcio espécies diferentes com crescimento rápido.

A espécie apresenta rápido desenvolvimento em solos férteis, úmidos e bem drenados. Contudo, é necessário salientar que o desenvolvimento das mudas em campo pode ser lento ou moderado dependendo dos tratos culturais. Possui um IMA de 6,60m³/ha/ano, atingi 10m de altura em 14 anos, com um corte raso no 25º ano. Os principais erros para o plantio do ipê roxo é negligência das necessidades da espécie, como o espaçamento imprecisos, falta do consórcio com outras espécies e os erros nos tratos culturais.

Valor comercial

Podemos observar que o ipê roxo possui valor comercial considerável na madeira, mas que outras partes da planta também apresentam uso, principalmente na medicina popular. Considerando que no Brasil, ainda há carência de informações sobre a maioria das espécies nativas, com a espécie em questão não seria diferente.

Portanto, são necessários mais investimentos em pesquisas, desde a caracterização da espécie, até a sua aplicação, para que no futuro possamos fazer u uso dela, sem que a mesma esteja ameaçada de extinção. Além disso, precisa-se avançar nas melhorias das técnicas silviculturais da espécie, desde as etapas de produção de mudas até os cuidados de plantios com plantas em idade mais avançada.

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