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sexta-feira, abril 26, 2024
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Variedades de soja – qual a recomendação?

Crédito Shutterstock

Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Produção Vegetal
jsoliveira1@hotmail.com

Hoje, o cultivo de soja em diversas regiões do Brasil só é possível graças ao melhoramento genético, que tem permitido a exploração da cultura em áreas de baixas latitudes, como as do Cerrado, por exemplo.
Assim sendo, há indicações de cultivares de melhor potencial produtivo para cada região. Dentre as variedades indicadas, deve-se dar preferência às resistentes às pragas e doenças predominantes na região em que serão cultivadas, às que apresentam altura de planta adequada à colheita mecânica e duração de ciclo compatível com a distribuição dos fatores climáticos (temperatura e chuva) e com o sistema de produção adotado (sucessão de culturas).
Recomendam-se, também, variedades com boa altura de inserção da primeira vagem; número de ramificações; resistência ao acamamento e espessura do caule; resistência à deiscência das vagens; tolerância a herbicidas e adaptabilidade e estabilidade de produção de grãos. Essas características agronômicas favorecem a colheita mecânica e a redução das perdas na colheita.
Aconselha-se evitar a utilização de apenas uma cultivar a cada ano, em toda a área. Indicam-se duas ou três cultivares, de diferentes durações de ciclo, especialmente em grandes áreas, para garantir maior estabilidade de produção ao longo dos anos. Não se deve utilizar a mesma cultivar na mesma área, em anos consecutivos, para evitar o aumento da incidência de enfermidades às quais essas cultivares sejam suscetíveis.

Adaptações

Aa variedades que apresentam a característica “período juvenil longo” possuem adaptabilidade mais ampla, possibilitando sua utilização em faixas mais abrangentes de latitudes (locais) e de épocas de semeadura, resultantes de melhoramento genético introduzido no Brasil através da linhagem PL-240665 das Filipinas.
Essa característica de fase juvenil longa reduz a sensibilidade ao fotoperíodo até que um longo período térmico ocorra antes que a floração seja induzida. A recomendação de novas variedades de soja passa pela melhoria do manejo tecnológico da cultura e do ambiente de cultivo.
Por isso, na recomendação de novas variedades se leva em consideração características como:

  • A adaptação quanto ao ciclo da cultivar. Em razão da sensibilidade da soja ao fotoperíodo, a adaptabilidade de cada variedade varia à medida que desloca ao norte ou ao sul, ou seja, quando varia a latitude.
    Portanto, as variedades têm faixa limitada de adaptação. A duração do ciclo total das variedades dentro da mesma faixa de latitude pode ser classificada ainda como superprecoce, precoce, semiprecoce, médio, semitardio e tardio.
    Dessa forma, a indicação de uma variedade pelo seu ciclo só pode ser realizada dentro dessa faixa de adaptação, pois em latitudes maiores ou menores há mudanças no ciclo, podendo comprometer o desenvolvimento adequado da cultivar e, consequentemente, sua produtividade.
    O ciclo das variedades também pode ser influenciado pela altitude, ou seja, quanto maior a altitude, menor a temperatura, o que influencia no retardamento do ciclo.
  • A altura média da planta de 20 a 150 cm, conforme a variedade, época de plantio, fertilidade, temperatura, fotoperíodo, etc. Já a altura mínima desejada para a colheita mecanizada é em torno de 50 a 60 cm.
    Plantas acima de 1,0 m tendem ao acamamento, além de dificultarem a eficiência das colheitadeiras. Assim, deve-se trabalhar com uma população adequada para cada variedade, bem como o local e época indicada de semeadura para obtenção de produtividade elevada com baixa intensidade de acamamento.
    Variedades mais produtivas tendem a formar vagens ao longo de toda planta, inclusive até a parte mais baixa. É desejável que não haja perda na colheita pela barra de corte e que a inserção das primeiras vagens na haste principal esteja pelo menos a 10-12 cm acima da superfície do solo.
    A deiscência das vagens antes da colheita é uma característica indesejável nas variedades de soja. Após a maturação, é desejável que as plantas permaneçam por duas a três semanas no campo sem abertura das vagens até alcançar a umidade de colheita.

Crescimento

Quanto ao hábito de crescimento das plantas de soja, pode ser diferenciado pela inclinação dos ramos laterais em relação à haste principal. Ereto, < 30º, semiereto >30 e <60 e horizontal >60º. Essa característica deve ser conhecida para o cultivo, pois as variedades com hábito ereto são as mais interessantes, uma vez que se pode utilizar populações de plantas maiores, sem risco de acamamento e alta competição intraespecífica de luz.

Proteína

A soja possui em torno de 40% de proteína e 20% de óleo, sendo o teor médio das cultivares brasileiras de 38 e 19% de proteína e óleo, respectivamente. Geralmente, quando cultivada em regiões mais quentes, o teor de óleo é mais elevado. Já o teor de proteína está inversamente correlacionado com o teor de óleo.
As variedades com alto teor de proteína, tegumento e hilo claro são as preferidas pelos fabricantes. A qualidade da proteína tem sido levada em consideração, em razão do aumento do teor de metionina e cisteína e decréscimo de fatores antinutricionais, como a eliminação do Tripsina de Kunitz.

Fitossanidade

A resistência a patógenos em variedades de soja está entre uma das maiores contribuições do melhoramento de plantas. A maioria das cultivares de soja comercializadas atualmente possui resistência à pústula bacteriana (Xanthomonas axonopodis pv. Glycines); fogo-selvagem (Pseudomonas syringae); mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina); e cancro-da-haste (Phamopsis phaseoli).
Atualmente, a ferrugem asiática é considerada a principal doença da cultura e poucas variedades possuem resistência, prevalecendo o controle químico. Os nematoides também são causadores de perdas consideráveis de produtividade da soja no Brasil, dentre eles: nematoide-de-cisto (Heterodera glycines) nematoide-de- galha (Meloidogyne sp) e nematoide-de-lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus).
Para registrar uma variedade, devem-se realizar testes de adaptabilidade e estabilidade, que se referem à capacidade de se adaptar a um ou mais ambientes e ter estabilidade produtiva durante o tempo, respectivamente. Dessa forma, a indicação de variedades é realizada para determinado local e em época apropriada, que propicie as condições ambientais mais ideais, como fotoperíodo e temperatura.
Assim, tem-se desde variedades com ampla adaptação a aqueles com restrição a determinados ambientes.

Obstáculos

A dificuldade de lançar uma nova variedade de soja, consiste na ocorrência da interação genótipo x ambiente. Essa interação ocorre, quando há respostas de genótipos em diferentes ambientes.
Ela pode ser simples, quando é proporcionada pela diferença de variabilidade entre as variedades nos ambientes, e complexa, quando a falta de correlação das medidas de um mesmo genótipo em ambientes distintos indica haver inconsistência na superioridade de genótipos com a variação ambiental.
Quando há a interação complexa, há dificuldades na recomendação de variedades de maneira mais ampla, tendo a necessidade de recomendar genótipos/variedades para locais/regiões específicas, reduzindo o efeito da interação, ou se prevalecendo de variedades de ampla adaptabilidade e boa estabilidade em sub-regiões, dentre as quais a interação passa a ser não-significativa, sendo essa alternativa a mais utilizada.
Diante do desafio de lidar com a interação genótipo x ambiente, os programas de melhoramento de soja têm lançado mão de estratégias com o intuito de mitigar seu efeito, a exemplo da identificação de variedades que associem adaptabilidade e estabilidade produtiva.
Contudo, existe uma grande diversidade de ambientes de cultivo da soja no Brasil, o que diminui sobremaneira a chance de identificar variedades amplamente adaptadas. Ademais, a cultura da soja apresenta particularidades adicionais que podem limitar recomendações amplas, como é o caso do grupo de maturação.

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