José Braz Matiello
Engenheiro agrônomo do MAPA/Procafé
A broca do café é um problema sério nas lavouras cafeeiras. O principal prejuízo é a destruição parcial ou total dos grãos, os quais são perfurados e comidos pelas larvas do inseto. Com isso ocorre perda de peso e do rendimento dos frutos, na sua transformação de frutos seco ou coco para o café em grãos ou beneficiado.
Além disso, o ataque da broca, quando os frutos ainda estão novos, provoca sua queda, representando uma perda adicional, pois vai diminuir o número de frutos na colheita. Um prejuízo secundário é a perda de qualidade do café, pois grãos brocados representam defeitos, significando um tipo pior do café quando da sua classificação comercial.
Condições para o ataque
As melhores condições para o ataque da broca ocorrem em zonas de clima mais quente, pois, nessa situação, o inseto tem seu ciclo, de ovo a adulto, em tempo reduzido, condicionando maior número de gerações no ano, e com isso resultando em maior população do inseto e maior ataque.
Em anos com período mais chuvoso na entressafra, igualmente a broca sobrevive nos frutos da safra anterior, favorecendo o seu ataque. Outro fator importante na evolução do ataque da broca é a quantidade de insetos remanescentes de uma safra para a outra.
Essa população, que vai iniciar o ataque em frutos novos fica alojada naqueles que sobraram da safra anterior. Portanto, uma colheita bem feita, deixando o mÃnimo possível de frutos no campo, é importante pra reduzir o ataque da broca.
A varrição
A varrição bem feita, ao resultar em menor número de frutos remanescentes na lavoura, no chão ou na planta, vai, exatamente, condicionar uma menor população da praga para a safra seguinte, sendo, portanto, uma prática cultural muito indicada para auxiliar no controle da broca do café.
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Prevenção x cura
Uma medida que tem sido necessária, quando a infestação se mostrar em evolução em níveis preocupantes, é a pulverização com inseticidas, o que resulta no controle químico efetivo da broca, desde que usados produtos, doses e épocas de aplicação adequadas. No entanto, adiciona despesas e elevação nos custos de produção do café.
Outra medida que pode ser adotada, embora menos importante, é a eliminação de lavouras abandonadas existentes na propriedade e, ainda, dentro do possível praticar uma colheita mais cedo.
Manejo
A varrição consiste em juntar e recolher os frutos de café caÃdos ao chão, antes ou durante a operação de colheita dos cafeeiros. Ela deve ser feita o quanto antes, depois da colheita do café da planta, pois quanto mais tempo os frutos permanecerem no chão, tanto mais vão ser depreciados, seja pelo ataque da broca, seja por fermentações e geração de grãos ardidos e pretos, que inflem negativamente no tipo e na bebida do café e, em consequência, no preço do produto.
A varrição pode ser manual, com auxÃlio de rodos, vassouras e rastelos, ou mecânica, por meio de implementos tratorizados de diferentes tipos. Os mais comuns exigem dois dispositivos distintos -um que varre e junta/enleira o café e outro que recolhe e limpa os frutos.
Custo
O custo da operação é muito dependente da forma/modo da varrição e da quantidade de café presente no chão. PoderÃamos dizer, de forma geral, que na varrição manual podem ser empregados 8-15 homens/dia por hectare e na varrição mecanizada, duas passadas, uma para varrer e outra pra recolher.
Assim, observa-se que o custo-benefÃcio da varrição é favorável, pois serão aproveitados os frutos que caÃram no chão, quantidade/volume variável de ano para ano, conforme a época de colheita, a ocorrência de chuvas etc., representando de 15 a 40% de toda a produção de café, portanto, um valor muito significativo.
Além disso, como já dito anteriormente, a técnica favorece o controle da broca do café e, ainda, evita o nascimento e posterior necessidade de controle de plantas de café que germinarem sob ou entre as plantas.