Na
agricultura, diante dos desafios trazidos por fatores climáticos e/ou cenários
econômicos, as informações e os pacotes tecnológicos gerados pelas instituições
de ciência tornam-se ainda mais relevantes. São as orientações de especialistas
que podem auxiliar os setores de produção no enfrentamento das dificuldades, de
modo a reduzir perdas e manter produtividade agrícola, qualidade dos produtos e
rentabilidade. Exemplo de transferências de tecnologias que sustentam a
agroindústria está no XVI Seminário de Milho Safrinha 2021, que será virtual,
nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2021, sempre no período da manhã. A
realização é do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento de São Paulo, e do Centro de Desenvolvimento do Vale do
Paranapanema (CDVALE).
Por conta da pandemia da COVID-19, a abertura do Seminário, no dia 22, será
restrita a autoridades, com transmissão online, e terá uma conferência sobre o
tema “Impacto da Safrinha e Perspectivas do Mercado de Milho no
Brasil”. O público participante terá acesso a estandes virtuais e vídeos
exclusivos sobre a cultura. Todas as informações do evento estão no site do evento (clique aqui). Este ano, o
Seminário tem como slogan “Três décadas de inovações: avanços e
desafios”, comemorando 30 anos do milho safrinha com tecnologia
desenvolvida no Brasil pelo IAC e também celebra o retorno do evento à região
de origem do milho safrinha com tecnologia. O Seminário tem apoio das seguintes
instituições: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Consórcio
Intermunicipal do Vale Paranapanema (CIVAP), Coordenadoria de Desenvolvimento
Rural Sustentável (CATI-CDRS), Cooperativa Agropecuária de Pedrinhas Paulista e
Coopermota.
De acordo com o pesquisador do IAC e coordenador do evento, Aildson Pereira
Duarte, em 30 anos esta modalidade de cultivo teve a produtividade média
triplicada, passando de 2 toneladas por hectare para 6 toneladas por hectare. A
área, que antes era inexpressiva, saltou para 15 milhões de hectares. “Nos
melhores anos, a produção do milho safrinha (ou segunda safra) esteve próxima
de 75 milhões de toneladas correspondendo a ¾ de todo o milho produzido no
país”, comenta Duarte.
No entanto, nesta safra 2020/21, em decorrência do atraso na semeadura e dos
eventos climáticos adversos, a produção do milho safrinha reduziu de 75 milhões
para 59 milhões de toneladas, frustrando as expectativas de exportação, com
queda de 37% em relação à temporada anterior. Segundo o pesquisador, a seca em
quase todas as regiões produtoras e as geadas no Paraná, São Paulo e Mato
Grosso do Sul levaram a essa queda. “Os preços do milho, como os da soja e
dos demais produtos de exportação, subiram acentuadamente, dado à
desvalorização do real, atrelado ao crescimento da demanda mundial, notadamente
da China, que passou à condição de maior importadora mundial de milho”,
explica. No mercado interno, o milho continua sendo usado principalmente para
alimentação animal, para onde são destinados cerca de 66% do grão, e na
indústria de derivados, que consome outros 26%, aproximadamente.
Duarte relata que o cultivo do milho safrinha, após a soja, contribuiu com o
aumento da renda dos agricultores brasileiros, que colhiam grãos apenas no
verão. “Mais da metade da área destinada à soja no verão, hoje é ocupada
pelo milho safrinha no inverno. Consequentemente, o Brasil, que beirava o limite
da autossuficiência, saltou para o terceiro maior produtor e exportador mundial
do cereal”, complementa.
Há cerca de 30 anos, os agricultores pioneiros tinham apenas a semente como
insumo. Ainda assim, eram de cultivares pouco adaptadas a essa modalidade de
cultivo. “O Médio Paranapanema destacou-se no cenário nacional como a
primeira região que investiu e obteve altas produtividades em milho safrinha,
demonstrando que esta nova modalidade de cultivo tinha vindo para ficar”,
relata o pesquisador do IAC. As tecnologias apropriadas para o cultivo do milho
safrinha foram desenvolvidas a partir do início da década de 1990, quando o IAC
implantou, na região do Médio Paranapanema, a primeira rede de pesquisa para
esta modalidade de cultivo.
O pesquisador ressalta que o Seminário Nacional de Milho Safrinha é o principal
evento desse cultivo no Brasil. Criado pelo Instituto Agronômico, em 1990, o
Seminário teve suas quatro primeiras edições realizada em Assis, interior
paulista, região produtora de milho safrinha. Em 2005, o evento voltou ao seu
local de origem, onde também será realizado este mês. O Centro de
Desenvolvimento do Vale do Paranapanema (CDVALE) é parceiro do IAC desde a
edição inaugural do Seminário. “A projeção nacional do evento se deu a
partir da sua sexta edição, em 2001, quando o milho safrinha já tinha atingido
2,5 milhões de hectares. Naquele ano, o evento passou a ser promovido pela
Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS), comenta o organizador.
O que é o milho safrinha?
O milho safrinha é definido como o milho cultivado em condição de sequeiro –
sem irrigação -, semeado na segunda safra, em sucessão de culturas, quase
sempre depois da soja. A implantação das lavouras ocorre de janeiro a março e a
colheita, de junho a agosto, dependendo principalmente da região. No mercado de
milho, é a modalidade de cultivo mais importante no Brasil, desde 2012,
suplantando o milho verão. “Sua expansão se deu no início dos anos 1990,
nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, notadamente no Médio
Paranapanema”, comenta o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Atualmente, os principais estados produtores são, em ordem decrescente, Mato
Grosso, que é o maior produtor e exportador nacional, Goiás, Paraná, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. “Nem todas os estados produtores
de milho na safra de verão (ou primeira safra) cultivam o milho safrinha, como
é o caso do Rio Grande do Sul, que é inapto por apresentar clima muito frio no
inverno”, diz Duarte.
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo completa 130
anos em novembro de 2021. Fundada em 1891, a Secretaria de Agricultura tem
raízes no setor nacional que movimentam a economia brasileira. Desde o seu
início com vistas às pesquisas com o cafeeiro, no século XIX, até a atualidade,
a Secretaria reúne instituições de pesquisa e de transferência de tecnologias
que oferecem suporte às atividades agropecuárias de São Paulo e do Brasil. A
celebração dos 130 anos se dá com a atuação moderna de suas unidades, que por
décadas conquistam a credibilidade, o respeito e a parceria dos diversos
segmentos que compõem o agro nacional.
SERVIÇO
XVI Seminário de Milho Safrinha 2021 – virtual
Data: 23, 24 e 25 de novembro de 2021
Horário: período da manhã
Informações: Site do evento