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Cresce o número de mulheres na produção de flores e plantas ornamentais 

Criatividade, dedicação e cooperativismo destacam a mão de obra feminina que vem ganhando espaço e protagonismo em várias funções dentro do setor

Andreia Tamiris Cosi Andrade, proprietária da  “Giardino di Cosi” – Acervo pessoal 

O crescimento da participação das mulheres no setor de produção de flores, segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura – IBRAFLOR – tem sido satisfatório. A inserção de mulheres cresce de forma acentuada nos campos, nas estufas, plantando, cuidando e colhendo as flores. Estima-se que o contingente feminino ultrapasse os 48% da mão de obra. Elas são as protagonistas também na linha de frente. Comercializando e embalando as mais diferentes espécies, agregando valores e serviços aos mercados de paisagismo e decoração. O mercado se expande e torna-se mais exigente e os clientes querem inovações.

Por terem maior afinidade com as flores – inclusive na produção – as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço, pela dedicação, pois entregam-se ao trabalho, com profissionalismo, delicadeza, paciência, perfeccionismo e capricho. Em uma das últimas pesquisas, essas trabalhadoras atuavam em: 36,37% diretamente na produção, 3,9% na distribuição, 55,87% na comercialização e 3,8% em outras funções.

O setor de Flores e Plantas Ornamentais gera 272.000 empregos diretos, representando 1,17% das vagas geradas pelo agronegócio brasileiro (CEPEA/ESALQ/USP), sendo o setor que mais contrata mulheres no segmento, com uma média de quase 50% de empregabilidade feminina, chegando a 63%, dependendo da região. Este setor, apesar de contar com a presença majoritariamente masculina, tem sido enriquecido por mulheres que também têm propriedades rurais como berço.  

O número de propriedades agrícolas administradas por mulheres no Brasil mostra muito do trabalho feminino no campo: são 30 milhões de hectares, ou seja, 21%. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) traz que: 59,2% das mulheres são proprietárias ou sócias, 30,5% fazem parte da diretoria e atuam como gerentes, administradoras ou coordenadoras e 10,4% são funcionárias ou colaboradoras.

Maria Adriana Nyssen Liebe, proprietária da Liebe Plantas – Acervo Pessoal  

Andreia Tamiris Cosi Andrade sempre ajudou no negócio da família. O pai e o avô iniciaram a produção de violetas próximo ao ano de seu nascimento. Não demorou muito para que ela começasse a acompanhar os projetos, os sonhos e o trabalho na estufa. Mesmo crescendo nesse meio, cursou a Faculdade de Psicologia, mas em 2018 entrou como sócia do pai e proprietária da “Giardino di Cosi”. Segundo a produtora de plantas pendentes como Jiboias Verdes, Philodendrons e Samambaia, não foi tarefa fácil, já que a família já havia consolidado o nome no mercado, então a responsabilidade em manter a qualidade dos produtos era maior. “Eu era jovem, mulher. Então eu tive que me posicionar para conquistar o meu espaço. Eu acho que uma das coisas que fez com que eu conseguisse me estabelecer foi sempre a força de vontade, dando a cara para bater, se posicionando, se apresentando.”

Já Maria Adriana Nyssen Liebe iniciou no setor quando tinha apenas 18 anos, após trocar o curso de Contabilidade pelo de Técnico Agrícola. Com ajuda do pai, montou sua primeira estufa em campos de Holambra. Hoje, com 61 anos, a produtora de azaleias, palmeiras e plantas ornamentais de grande porte,  continua a gerenciar seu negócio, agora ao lado das duas filhas, que também trabalham na empresa Liebe Plantas. “Uma estudou agronomia e é responsável pela parte do campo, a outra se formou em administração e cuida da parte logística, vendas e recursos humanos”, explicou a empresária. 

A Cooperativa Veiling Holambra tem cerca de 28% de mulheres associadas, que integram o Comitê de Mulheres Cooperativistas, criado em 2019, mas instalado oficialmente em 8 de março de 2021.  A produtora Andreia participou do início da criação da Comissão de Mulheres Cooperativistas do Veiling em 2021, que tem como objetivo criar um espaço de troca de desenvolvimento, de crescimento para as mulheres através de palestras, reuniões, cursos, entre outras ações. Um espaço que permite que as mulheres se firmem mais no mercado.”A mulher sendo mais participativa, não tem nada a ver com ocupar o espaço de alguém, mas sim de somar.” 

Segundo dados do Anuário do Cooperativismo 2023, feito pelo Sistema OCB, houve um crescimento da participação feminina no cooperativismo em 2022, com as mulheres representando 41%, dos mais de 20 milhões de cooperados no Brasil. Em 2020 e 2021, esse percentual permaneceu estável em 40%. Em 2021, 20% dos dirigentes de cooperativas eram mulheres. Em 2022, esse número subiu para 22%, de acordo com o MundoCoop.

As que estão no Comitê acreditam que erigiram alicerces sólidos e naturais de ocupação de espaços. Tanto que muitas associadas hoje ocupam cargos de decisão. Anos atrás as mulheres tinham papéis secundários. Mas hoje, a realidade é outra. Elas estudaram, se capacitaram para se tornarem protagonistas. E isso é verificado em vários cargos e muitas até assumiram a condução do próprio negócio, no Sítio, na Fazenda ou liderando os setores comerciais e operacionais. Deram à atividade uma grande relevância econômica.

Na COOPERFLORA, 30,48% do total de produtores são mulheres. Em dezembro de 2023, registravam-se 148 colaboradores, sendo 42% mulheres, e deste índice, 39% de liderança feminina. Dentro do agronegócio, os segmentos de flores e paisagismo ornamental são os que mais empregam mulheres.

A produtora Maria acredita que não encontrou tantos problemas ao se inserir no mercado, pois o cultivo de flores também é delicado e sempre teve bastante mão de obra feminina em sua empresa. “Eu contratava mulheres para trabalhar comigo. O quadro funcional era composto  aproximadamente de 80% de mulheres e 20% de homens. Hoje essa estruturação é de 70% de mulheres e 30%  de homens.”

Com persistência e muita determinação, as mulheres do agro romperam diversas barreiras de preconceitos e estereótipos, demonstrando que são capazes e eficientes nos cargos de gestão, operacionais ou naqueles consagradamente, tidos como masculinos. Há muitas histórias de coragem, pioneirismo, perseverança e criatividade, que dão vida aos índices desta crescente etapa de superação.

Para as mulheres que trabalham no setor, Andréia destaca: “acredite que você faz a diferença, e que é importante. Tudo aquilo que deseja, conquistará, pois está pondo a mão, está se colocando a frente e fazendo. O resultado é que cada ação posta em prática, fará diferença na vida de alguém.”

Por sua vez, Maria Adriana enfatiza:” Façam o que amam para receber aquilo que agrega a vida e a vida de todas. Que uma flor sempre é um presente de simbologia, de carinho, de amor. Eu acredito que elas fazendo o que amam, receberão em dobro.” 

Além deste gigantesco trabalho no campo ou em outras atividades ligadas ao agronegócio, há de se lembrar que grande parte destas mulheres realiza ainda os trabalhos domésticos (cuidando da casa, dos filhos e marido), duplicando a jornada do dia a dia.

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