Renato Alves Pereira
Engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Guararema
O desenvolvimento vegetal é função de diversos fatores, tais como água, ar, luz, temperatura e sais minerais. A produtividade ideal não é função apenas de um solo com níveis ideais de fertilizantes, mas também dos teores de matéria orgânica, de umidade, de boas condições climáticas, do potencial genético e do adequado controle fitossanitário. Assim, um solo fértil não será necessariamente um solo produtivo, mas potencialmente capaz de produzir boas safras.
O manejo do solo e a nutrição da planta devem visar a manutenção das características químicas, físicas e biológicas do solo ideais para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Para evitar o processo erosivo do solo e tornar eficaz a ciclagem de nutrientes, o solo deve se manter permanentemente coberto por vegetação.
O uso de fertilizantes deve ser baseado em análise de solo e de folhas, bem como no crescimento dos ramos produtivos e na produção, minimizando, assim, o risco de contaminação ambiental por excesso de fertilizantes.
Calagem
A necessidade de calagem é a quantidade de calcário necessária para neutralizar a acidez do solo que decorre do balanço de H+ e OH–. Sempre que se tem mais H+ do que OH– ocorre a acidificação do solo. O aumento de H+ é decorrente dos ácidos orgânicos, da sua liberação pelas raízes no processo de absorção e da lixiviação de nutrientes.
Portanto, a calagem prepara o solo para a adequada nutrição das plantas. Os benefícios decorrentes desse preparo são: neutralizar o alumÃnio e manganês tóxicos, aumentar os teores de cálcio e magnésio, aumentar a disponibilidade de fósforo e molibdênio, aumentar a atividade dos microrganismos, e elevar o pH.
Todavia, é preciso evitar aplicações exageradas, porque elas podem reduzir a disponibilidade de alguns nutrientes e prejudicar as características físicas do solo.
Passo a passo
A calagem deve ser feita antes do plantio e do preparo das covas, em áreas mecanizáveis, visando proporcionar uma profunda incorporação, o que não seria possível após o plantio. Nas áreas não mecanizáveis, o calcário deve ser aplicado no preparo da cova.
Os benefícios oriundos da aplicação de calcário são restritos à sua profundidade de aplicação, sendo impraticável a incorporação, em profundidade, nos pomares implantados, pelos riscos oferecidos ao sistema radicular das frutÃferas. Com isso, em muitos casos as condições do subsolo podem permanecer inadequadas ao crescimento radicular. Diante disso, o monitoramento mediante a coleta de amostras na camada de 20 ” 40 cm é recomendado.
O primeiro passo para a correta recomendação de calagem e adubação do caquizeiro baseia-se numa boa amostragem do solo da área de plantio, nas camadas de 0 ” 20 cm e de 20 ” 40 cm. De posse dos resultados, sob orientação técnica calcula-se a dose pelo método usado em cada região.
A incorporação do calcário deve ser feita no mÃnimo três meses antes do plantio, usando calcário dolomÃtico (25 – 30% de CaO e 13 – 20 MgO) para fornecer magnésio e manter o teor mÃnimo de 9mmolc/dm3 e a saturação de bases para 70%, ou calcÃtico (40 – 45% de CaO e 1 – 5% MgO) para solos com teor de magnésio elevado devido aos cultivos anteriores.
O pH deve ser elevado para 6,0, visando neutralizar ou reduzir os efeitos tóxicos do alumÃnio e/ou do manganês, e proporcionar melhores condições para absorção de alguns nutrientes essenciais, porém, se for acima de 6,5 pode provocar redução acentuada na absorção de zinco.
Se o calcário foi aplicado em área total, deve-se fazer a complementação nas covas. Para isso, use o seguinte raciocÃnio: o calcário aplicado em área total foi incorporado em 2.000 m3 de solo. Uma cova de 60 x 60 x 60 cm, descontando os primeiros 20 cm de profundidade, sobra 40 x 60 x 60 cm com um volume de solo de 0,144 m3, que receberá a quantidade equivalente de calcário aplicada em área total.
Por exemplo, se a quantidade de calcário aplicada em área total foi de 5.000 kg ha-1, cada cova receberá 360 gramas para complementar a operação.
Adubação
Os nutrientes necessários para o adequado desenvolvimento das árvores frutÃferas são os mesmos exigidos pelas demais plantas superiores. Isto é, os macronutrientes (além do oxigênio, hidrogênio e carbono), tais como nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e magnésio, que são consumidos em quantidades mais elevadas; e os micronutrientes como o boro, cloro, cobre, ferro, molibdênio, manganês e zinco, que são exigidos em pequenas quantidades.
Todavia, eles desempenham papel tão importante quanto os macronutrientes e a sua carência pode levar a uma sensÃvel queda de produção. Para esclarecer a diferença entre macro e micronutrientes, pode-se dizer que os primeiros são recomendados em quilogramas, enquanto os micronutrientes em gramas.