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Projeto ProBAT inova com R$ 3 milhões para controle biológico de praga da cana

Empresas, instituições de pesquisa e universidades avançam na busca por soluções que minimizem o impacto do bicudo da cana-de-açúcar e estendam o tempo de prateleira de fungos para controle biológico

Divulgação IB

Com foco no manejo biológico do bicudo da cana-de-açúcar, o Programa para Bioprodutos para Agricultura Tropical (ProBAT) é um exemplo de inovação aberta envolvendo empresas, institutos de pesquisa e universidades que estão atuando em conjunto para o desenvolvimento de bioprodutos, sistemas de monitoramento e aplicação para controle da praga. Liderado pelo Instituto Biológico (IB) com gestão da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), o projeto está em andamento há um ano e envolve investimentos que já somam R$ 3 milhões.

O Bicudo da Cana (Sphenophorus levis) é uma importante praga canavieira, que pode causar prejuízos de até 30 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, além de reduzir a longevidade do canavial. Esse inseto, que infecta principalmente o solo, está espalhado por praticamente todas as áreas produtivas da cana, principalmente no estado de São Paulo.

De acordo com o coordenador do projeto e pesquisador científico do Instituto Biológico, José Eduardo Marcondes de Almeida, o objetivo do ProBAT é minimizar os impactos causados pelo Bicudo, com o desenvolvimento de processos de produção em massa de partículas infectivas de fungos Beauveria bassiana IBCB 170 e Metarhizium anisopliae IBCB 383 para bioprodutos, desenvolvimento de formulações, manutenção da qualidade do bioproduto, avaliação de eficiência agronômica em campo, sistemas de monitoramento remoto da praga, sistemas de aplicação, caracterização do sistema de comercialização, registro e certificação do bioproduto.

Inovação aberta

O ProBat é um exemplo de inovação aberta, conceito defendido e difundido pela Fundepag, quando empresas e instituições promovem o desenvolvimento de soluções por meio da descentralização da pesquisa. Neste modelo de inovação, as empresas e instituições economizam recursos com pesquisa e desenvolvimento, sem afastar a evolução tecnológica e a melhoria da eficiência dos seus processos.

“As empresas trabalham em parceria com os pesquisadores das instituições, desde a fase inicial de identificação das soluções necessárias nas linhas de pesquisa até o acompanhamento e orientação do projeto ao longo de seu desenvolvimento”, pontua o coordenador.

Atualmente, o ProBAT conta com o apoio das empresas Jacto, Nodusoja, Hizobio, Ubyfol e Biocaz e a participação do Instituto Biológico/APTA/SAA-SP, Fatec Pompeia (SP), Universidade de Araraquara (UNIARA), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP/Campus Barretos), Instituto de Economia Agrícola/APTA/SAA-SP e da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia. As pesquisas se concentraram no laboratório URL Controle Biológico do IB (Campinas/SP), que devem durar até 2026, podendo ser prorrogadas.

Controle biológico com fungos: desafios e oportunidades

Uma das frentes de desenvolvimento em destaque é a pesquisa sobre fermentação líquida que, ao otimizar os métodos existentes, pode reduzir significativamente o tempo necessário para produzir fungos, de 15 dias (tempo atual) para apenas três ou cinco dias.

“Essa abordagem oferece vantagem em termos de eficiência temporal. Atualmente, a produção de fungos ainda é realizada em arroz, um processo complexo e dispendioso. Com a fermentação líquida, vislumbramos uma maneira mais eficaz e econômica de escalar a produção”, explica o pesquisador do IB.

Apesar dos desafios, incluindo os custos envolvidos, o projeto representa uma iniciativa avançada na área de controle biológico de fungos, mas também um exemplo de como a colaboração entre empresas e instituições de pesquisa pode impulsionar a inovação e transformar ideias em realidade.

A próxima etapa do programa envolve o escalonamento dos meios de cultura já selecionados e o aprimoramento dos processos de formulação, explica o coordenador que também destaca a colaboração com a equipe da Uniara, que já obteve resultados promissores em relação ao shelf life das formulações.

“Prolongar a vida dos fungos no ambiente é essencial para o sucesso do projeto. Estamos trabalhando para estender essa vida útil, talvez até por um ano”, destaca o pesquisador. Essa melhoria é fundamental, considerando o desafio enfrentado pelos fungos em ambientes adversos, onde sua sobrevivência é ameaçada.

Além disso, o projeto está se preparando para a transição do laboratório para o campo. “É crucial avaliar a eficácia das formulações no ambiente real. Estamos nos organizando e planejando cuidadosamente essa próxima fase. Esses passos representam não apenas um avanço técnico, mas também uma expansão do escopo e dos objetivos do projeto”, finaliza Almeida.

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