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Podridão das raízes afeta cultivo da abobrinha

Saiba identificar, prevenir e controlar os principais patógenos responsáveis por reduzir a produtividade e qualidade dos frutos

Crédito Adriano Salviano 

Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Produção Vegetal – Unesp
jeanosouza2030@gmail.com

A abobrinha (Cucurbita pepo L.) pertence à família das cucurbitáceas e é extremamente suscetível a podridões de raízes causadas por vários patógenos, como: podridão de phytophotora, podridão do colo, podridão de fusarium e tombamento, que acometem a cultura, reduzindo a produtividade e qualidade do vegetal produzido.

A podridão de phytophotora (Phytophthora spp) é uma das doenças que ataca a abobrinha, sendo o fungo capaz de produzir alterações em ramas, frutos, e colo de plantas. Essas alterações têm aspectos úmidos cobertos por micélio branco e denso.

Ocorre, também, podridão parda nas flores, na extremidade dos frutos e no pedúnculo, contribuindo para reduzir a qualidade do vegetal colhido. Nas raízes, desenvolve-se uma podridão mole aquosa, marrom escura e sem cheiro.

O ápice das folhas e os frutos mais jovens são muito sensíveis, e a podridão o necrosa, levando à queda na produtividade da cultura devido à morte das plantas no campo.

Condições favoráveis

A doença é favorecida por condições de alta umidade (períodos chuvosos) e temperaturas de 20 a 30ºC. As plantas acometidas por essa podridão sofrem murchas irreversíveis pouco dias após a infecção.

Manejo

Para o controle eficiente dessa doença, os produtores podem lançar mão de algumas práticas culturais, como: evitar o plantio em épocas chuvosas, cultivar em solos leves, não irrigar por longos períodos, fazer boa drenagem e praticar rotação de cultura com gramíneas.

Essas medidas reduzem a incidência da doença, sendo importante o manejo da água de irrigação, visto que que é o fator mais importante para o desenvolvimento e a distribuição de microrganismos.

Deve-se planejar um número apropriado de irrigações, especialmente no período de maturação dos frutos, de forma que não aumente demasiadamente a umidade local do solo e do ambiente.

Antevendo o problema

A podridão de colo (Macrophomina phaseolina) é uma doença de importância socioeconômica para a cultura da abobrinha, principalmente em regiões de clima mais quente. É favorecida por temperaturas altas e moderada umidade do solo.

O cultivo em condições em que as plantas estejam submetidas a estresse hídrico e ou salinização também predispõe a planta ao ataque desse fungo.

Sintomas

Os sintomas de podridão são observados nas raízes, folhas e frutos, em contato com o solo. Nos frutos, as lesões são aquosas e de cor marrom. Em plantas adultas, os pecíolos são afetados e as folhas amarelecem e morrem.

Com a redução da área fotossintética das plantas, ocorre a redução da translocação de fotoassimilados para a formação dos frutos, com reflexos negativos tanto na qualidade quanto na produção.

As plantas infectadas apresentam deterioração do sistema radicular, com formação intensa das estruturas reprodutivas do fungo sob a epiderme, os quais matam as plantas prematuramente, contribuindo assim para reduzir o estande das plantas e, consequentemente, a produtividade da cultura.

Dicas úteis

O manejo racional da água, evitando que a cultura se desenvolva sob condições de estresse hídrico prolongado, é importante para manter o equilíbrio hídrico e reduzir a predisposição ao ataque do patógeno.

Eliminar frutos podres no final do ciclo da cultura reduz a produção das estruturas fúngicas, diminuindo o potencial de inóculo para novas infecções. Recomenda-se, também, utilizar as sementes sadias ou tratadas com fungicidas, além de um bom preparo do solo para incorporação da matéria orgânica nas camadas mais profundas do solo.

Essas medidas contribuem para minimizar as condições favoráveis ao ataque do fungo e dar condições para que as plantas possam ter uma boa proteção fitossanitária, com desempenho produtivo e qualitativo das plantas no campo.

A abobrinha

A podridão de fusarium (Fusarium solani f.sp. cucurbitae) também apresenta relevância para a cultura, visto que o fungo ataca praticamente todas as cucurbitáceas, sendo mais comum em abobrinha.

Pode afetar as plantas em qualquer estádio de desenvolvimento. As plântulas ficam murchas, podendo ou não tombar, secam e as raízes e a região do colo apresentam-se necrosadas.

A necrose circunda o colo da planta, e o tecido afetado torna-se mole e esponjoso. Sob alta umidade o fungo cresce sobre a parte afetada, formando uma massa branca. As plantas maiores podem perder o vigor, paralisar o crescimento, murchar e secar.

Às vezes, a planta pode emitir novas raízes acima da região necrosada e conseguir se recuperar. Como o fungo tem colonização localizada, o sistema vascular da planta não fica alterado como na murcha de fusarium.

Quando o fruto é infectado, desenvolve-se podridão seca e firme. Infecções em plântulas resultam em tombamento. A morte prematura de plantas no campo contribui para reduzir o potencial produtivo da cultura.

Crédito Miriam Lins

Hora de agir

É necessário um conjunto de medidas, sejam elas de forma preventiva, curativa e/ou cultural, para impedir o desenvolvimento da doença, como: a rotação de culturas, para impedir aumento de inóculo; incorporação de compostos orgânicos ao solo; utilização de cultivares mais resistentes e a solarização do solo, a fim de diminuir o inóculo ativo do patógeno.

Já o tombamento de plântulas, causado por vários patógenos, como Fusarium spp, Phytophthora spp, Rhizoctonia solani e Pythium spp., quando as plântulas são infectadas por fusarium, ocorre podridão no hipocótilo. A região afetada torna-se seca e de coloração escurecida. Quando as plântulas são afetadas por Phytophtora e Pythium, elas apresentam coloração verde opaca e no hipocótilo, próximo ao solo, ocorrem lesões aquosas que levam à murcha e morte das plântulas.

Há, ainda, o tombamento de plântulas por condições de alta umidade do solo e elevadas densidades de plantio, que contribuem para reduzir a aeração no interior das plantas e favorecer as condições de colonização e infecção desses patógenos.

Anote aí

As medidas de controle adotadas são as mesmas recomendadas para a podridão de phytophthora. O tratamento químico de sementes com fungicidas específicos, uso de mudas de boa qualidade e nutricionalmente vigorosas contribuem para diminuir o tombamento, além de densidades adequadas de plantio para evitar que se crie um microclima favorável ao desenvolvimento desses patógenos.

Portanto, o conhecimento dos agentes causais das principais podridões de raiz em abobrinha, as condições ambientais que favorecem seu aparecimento, bem como os sinais observados na manifestação dos sintomas das podridões orientam o olericultor na melhor tomada de decisão e de quais as estratégias de controle/manejo serão mais eficientes e adequadas para se obter a melhor proteção fitossanitária da cultura.

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