Artigo de Antônio Carlos de Oliveira
Os mercados globais apresentam um comportamento misto nesta terça-feira, refletindo uma combinação de fatores que incluem expectativas sobre dados econômicos nos Estados Unidos, oscilações nos preços de commodities e tensões geopolíticas. Com o índice de confiança do consumidor e dados do PIB e da inflação PCE dos EUA a serem divulgados esta semana, os investidores estão cautelosos, influenciando as operações nos principais índices de ações globais.
Comportamento dos Mercados Globais
Na Europa, o mercado de ações abriu em alta, impulsionado pelo desempenho positivo das mineradoras, após um balanço favorável da BHP. No entanto, nos Estados Unidos, os índices futuros caem levemente, com o S&P 500 recuando 0,1% após um recorde do Dow Jones na véspera. Na Ásia, os mercados fecharam sem uma direção clara, refletindo uma leitura mista dos dados econômicos locais.
Desempenho dos Principais Índices:
· S&P 500 Futuro: -0,1%
· Stoxx Europe 600: estável
· FTSE 100 (Londres): +0,2%
· Nikkei 225 (Tóquio): +0,5%
· Shanghai SE Comp.: -0,2%
· MSCI EM: -0,3%
Petróleo e Minério de Ferro em Destaque
O mercado de petróleo experimenta uma leve queda, com o WTI sendo negociado a US$ 76,8 por barril. Esse movimento reflete um ajuste após a alta registrada no dia anterior. Já o minério de ferro teve um avanço significativo de 1,2% em Singapura, cotado a US$ 101,55 por tonelada. A estabilização na desaceleração econômica da China impulsionou os preços, embora a BHP tenha alertado para um possível platô na demanda chinesa, sugerindo um possível excesso de oferta no mercado.
Cenário Doméstico: IPCA-15 e Política Monetária
No Brasil, o IPCA-15 de agosto confirmou as expectativas do mercado ao apresentar uma desaceleração, registrando uma variação de 0,19%, abaixo dos 0,30% de julho. Esse resultado atenua as preocupações com a inflação, especialmente após o impacto dos reajustes nos preços da gasolina e da energia elétrica no mês anterior. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumulou uma alta de 4,35%, ligeiramente inferior aos 4,45% registrados no período anterior.
A desaceleração da inflação pode influenciar as expectativas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), onde a possibilidade de manutenção ou elevação da taxa Selic será discutida.
HADDAD de olho na agenda política
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se encontrará com o ministro de Finanças da China, às 9h30, e com o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, às 11h. Já às 18h15, os olhares se voltam para a participação na Conferência Anual do Santander
Empresas em Foco
Entre as empresas brasileiras, a Vale anunciou a eleição de Gustavo Pimenta como próximo presidente, o que sinaliza uma nova fase para a companhia, especialmente diante dos desafios no mercado chinês. A Raízen, por sua vez, enfrenta dificuldades com a perda de 1,8 milhão de toneladas de cana-de-açúcar devido aos incêndios em São Paulo, o que pode afetar sua produção. Já a Cielo, ao converter seu registro para categoria “B”, poderá ver uma diminuição na liquidez de suas ações, afetando sua atratividade no mercado.
Tensão Geopolítica: Rússia e Ucrânia
A escalada da tensão entre Rússia e Ucrânia atingiu um novo patamar com um ataque massivo russo à infraestrutura energética ucraniana. Esse evento intensifica o conflito, com impactos devastadores nas regiões atingidas e uma resposta firme do governo ucraniano, que promete fortalecer suas linhas de defesa.
Eleição Presidencial nos Estados Unidos
O cenário eleitoral nos Estados Unidos continua sendo um fator de incerteza global. A disputa acirrada nos estados-chave pode definir o futuro da política americana, com implicações econômicas e geopolíticas significativas. O foco das campanhas está em estados como Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, onde a dinâmica eleitoral pode ser decisiva.
Conclusão
O cenário atual é marcado por uma combinação de incertezas econômicas, tensões geopolíticas e fatores domésticos que exigem atenção redobrada dos investidores e formuladores de políticas. A desaceleração da inflação no Brasil traz um alívio temporário, mas a volatilidade nos mercados globais e os desdobramentos da eleição americana mantêm o ambiente econômico desafiador.