23.4 C
Uberlândia
sexta-feira, novembro 22, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosIncompatibilidade na calda gera falta de homogeneidade na aplicação

Incompatibilidade na calda gera falta de homogeneidade na aplicação

 

Ulisses R.Antuniassi

Doutor em Agronomia e professor da UNESP

ulisses@fca.unesp.br

Alisson A. B. Mota

Rodolfo G. Chechetto

Fernando K. Carvalho

Doutores em Agronomia e consultores da AgroEfetiva

 

Obstrução do fluxo na ponta de pulverização devido ao acúmulo de resíduos, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade - Fotos: AgroEfetiva
Obstrução do fluxo na ponta de pulverização devido ao acúmulo de resíduos, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade – Fotos: AgroEfetiva

Para começar o assunto, nem toda calda concentrada vai gerar falta de homogeneidade, o que ocorre apenas em caso de incompatibilidade física.Além disso, quando a calda está muito concentrada no tanque, pode haver dificuldades na diluição do produto. De maneira geral, quando se trata de mistura em tanque, e não de produtos isolados, a maior concentração pode aumentar as chances de ocorrência de incompatibilidades físicas e, consequentemente,de falta de homogeneidade.

Uma recomendação importante é que o técnico realize uma avaliação prévia da mistura, utilizando o “teste da garrafa“, que consiste em misturar os produtos na mesma ordem e proporção utilizada em campo, para um volume de 2 L, em garrafa PET.

A operação

A redução no volume de calda aumenta o rendimento operacional na fazenda, facilitando a vida do agricultor, com menor número de paradas para abastecimento de calda.

Outro fator importante é o melhor aproveitamento das condições climáticas para as aplicações, pois o número de abastecimento das máquinas é reduzido. No entanto, vale ressaltar que a redução de volume exige um grau de cuidado maior com as aplicações, bem como ajuste das técnicas de aplicação. Caso haja incompatibilidade física, pode haver desuniformidade.

Outro ponto importante é a deriva, pois a redução do volume de calda implica no uso de gotas menores. Deve haver, portanto, um equilíbrio entre redução do volume de calda, qualidade e segurança nas aplicações.

Misturas de herbicidas nas mesmas doses e ordem de colocação dos produtos: Esquerda a 50 L/ha e  direita a 100 L/ha. Observa-se que o menor volume de calda apresenta fases distintas, característico da ocorrência de incompatibilidade Fotos:AgroEfetiva
Misturas de herbicidas nas mesmas doses e ordem de colocação dos produtos: Esquerda a 50 L/ha e direita a 100 L/ha. Observa-se que o menor volume de calda apresenta fases distintas, característico da ocorrência de incompatibilidade Fotos:AgroEfetiva

Agitação da calda

O bom dimensionamento do sistema de agitação da calda é fundamental para a homogeneidade de muitas caldas, e essa observação é válida para o reservatório do pulverizador ou para os sistemas de calda pronta.

Em geral, a vazão de retorno deve ser de, no mínimo, 30% da vazão nominal da bomba, visando à manutenção de um padrão mínimo de agitação hidráulica. A agitação mecânica também deve ser considerada, bem como a instalação de bicos agitadores.

Amostra de calda ilustrando a imcompatibilidade física entre formulação e ineficiente sistema de agitação da calda Fotos:AgroEfetiva
Amostra de calda ilustrando a imcompatibilidade física entre formulação e ineficiente sistema de agitação da calda Fotos:AgroEfetiva

Prós e contras

Segundo a recomendação de bula dos produtos, as caldas teriam a concentração normal, que foram avaliadas pelo fabricante, garantindo a dispersão e homogeneidade do produto dentro do tanque. Mas, quando o agricultor opta pelo volume reduzido, ele concentra a calda. Neste caso, os pontos a seguir podem explicar um pouco das vantagens ou desvantagens do volume reduzido:

Redução do volume de calda:

Vantagens:

  • Melhoria de desempenho de alguns produtos (ex.: glifosate e 2,4-D, mas não é para todos os produtos);
  • Maior rendimento operacional;
  • Menor quantidade de água utilizada nas aplicações;
  • Melhor controle fitossanitário, quando realizada a aplicação em condições meteorológicas corretas, pelo uso de gotas mais finas (necessárias para o volume reduzido) e melhor momento para aplicação;
  • Potencial para redução de custos.

Redução do volume de calda:

Desvantagens:

  • Dificuldades na operação (a redução do volume de calda é uma técnica mais difícil do que a convencional);
  • Para fazer volume reduzido, em geral a velocidade é maior. Por isso pode haver degradação da qualidade dos depósitos por excesso de velocidade e oscilação das barras;
  • Problemas com misturas em tanque, incluindo as incompatibilidades, que causam a desuniformidade;
  • Na ocorrência de incompatibilidades há maiores problemas de obstrução do sistema de pulverização, gerando falta de uniformidade na dose do produto aplicado;
  • Dependência das condições meteorológicas mais restritas pelo uso de gotas mais finas;
  • Maior risco de deriva.
Acúmulo de resíduos no filtro de linha, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade física Fotos:AgroEfetiva
Acúmulo de resíduos no filtro de linha, provenientes de mistura em tanque com problemas de incompatibilidade física Fotos:AgroEfetiva

Danos

Caldas desuniformes vão causar desuniformidade na distribuição das doses dos produtos. Por exemplo: se o produto ficar mais concentrado no fundo do tanque, no início da aplicação haverá uma dose excessiva, sendo que ao longo da aplicação essa dose reduzirá gradualmente, tornando-se insuficiente.

A situação se torna mais crítica quando há mistura em tanque, em que os diferentes produtos podem se concentrar de maneira diferente no tanque de pulverização (decantação ou formação de sobrenadante), o que vai gerar desuniformidade no controle e ainda favorecer a ocorrência de plantas tolerantes ou resistentes na área.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

 

ARTIGOS RELACIONADOS

Controle eficiente de plantas daninhas em eucalipto

  Arthur Arrobas Martins Barroso Doutorando em Produção Vegetal na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) " Campus Jaboticabal arrobas@usp.br O setor florestal brasileiro vem se...

Deficiência de boro – Mudas de café não podem pagar o preço

Luís Paulo Benetti Mantoan Doutorando em Ciências Biológicas/Fisiologia Vegetal - UNESP Carla Verônica Corrêa cvcorrea1509@gmail.com Doutoranda em Agronomia/Fisiologia Vegetal - UNESP O boro é um elemento químico...

Tecnologia de enxertia em mudas de tomates e pimentões

  Há muitos anos os japoneses utilizam a técnica da enxertia em pepinos com cavalos de abóboras, porém, nós últimos anos, com todos os problemas...

Bioflavonoides aumentam conservação pós-colheita do tomate

Roberta Camargos de Oliveira Engenheira agrônoma e doutora em Produção Vegetal, ICIAG-UFU robertacamargoss@gmail.com Fernando Simoni Bacilieri Engenheiroagrônomo e doutorando em Produção Vegetal, ICIAG-UFU ferbacilieri@zipmail.com.br Ernane Miranda Lemes Engenheiroagrônomo, fitopatologista e doutor...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!