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Raiz rosada em cebola – Proteja sua lavoura desse mal

Igor Souza Pereira

Engenheiro agrônomo e doutor em Fitopatologia – IFTM – Campus Uberlândia

igor@iftm.edu.br

Márcia Toyota Pereira

Fitopatologista da Faculdade de Agronomia da Unipac ” Uberlândia

Cebola - Crédito IAC
Cebola – Crédito IAC

O termo “raiz rosada“ reflete o sintoma mais comum e de maior importância para diagnose visual dessa doença fúngica causada por Phomaterrestris (sin. Pyrenochaetaterrestris) na cultura da cebola (Allium cepa). A doença ocorre em todos os estágios de desenvolvimento da cebola, sendo considerada uma doença importante para a cultura.

No Brasil, esse patógeno pode se multiplicar no alho (A. sativum) sem causar maiores danos, e em outros países há relatos de ataqueao alho-poró (A. porrum),chalota (A. cepavar.aggregatum), rakkyō (A. chinense) e cereais como o milho, trigo, sorgo, entre outras.

É um patógeno do solo com melhor adaptabilidade às temperaturas mais elevadas, podendo ser encontrado na maioria das áreas de produção de cebola do País. Grandes perdas são associadas a áreas tradicionais na produção de cebola, em que não se realiza rotação de culturas ou há o plantio de espécies hospedeiras do patógeno.

Cultivares resistentes contribuem para a redução dos danos, mas o seu uso deve estar sempre associado a outras práticas de manejo para a convivência com essa doença.  O primeiro passo para seu manejo é reconhecer a existência do problema e realizar práticas para reduzir os danos.

Reconhecendo a doença

As raízes atacadas apresentam uma coloração rósea, podendo também ser amareladas ou evoluir de rosa-palha para rosa, púrpura, parda ou escurecer. Essas raízes ficam flácidas e são facilmente invadidas por outros microrganismos causadores de outras doenças ou não.

As plantas severamente atacadas podem ser facilmente arrancadas, apresentam deficiências nutricionais diversas e as folhas tornam-se murchas, amareladas e secam. Essa doença não afeta o bulbo ou outras partes da cebola, porém, tornam-se mais predispostas à ocorrência de outras doenças, incrementando o apodrecimento dos bulbos no campo e reduzindo o período de conservação em pós-colheita.

Os bulbos podem ter redução no tamanho e consequente queda de produtividade e qualidade da cebola colhida.

Condições favoráveis ao inimigo

A manifestação dessa doença pode ocorrer em todos os estágios de desenvolvimento da cultura, porém, com maiores perdas quando o patógeno ataca as plântulas ou em estágios iniciais do desenvolvimento da planta, podendo induzir a bulbificação mais precoce.

Essa doença pode ocorrer em todas as regiões em que se produz cebola no País, sendo mais importante nas regiões mais quentes, sob temperaturas entre 24ºC e 28ºC. Há relatos de maiores danos às lavouras conduzidas em solos desestruturados, com baixo teor de matéria orgânica e pH próximo ou acima de 7.

A disseminação do patógeno ocorre pela movimentação do solo, escorrimento da água e, no caso das lavouras produzidas por mudas, pelos bulbilhos infectados. Além disso, o ataque de pragas às raízes, nematoides, patógenos ou a ocorrência de condições que agridam as raízes podem elevar a severidade dessa doença.

Como o inimigo pode sobreviver

O fungo sobrevive livremente no solo, nos restos culturais ou em hospedeiros alternativos, como espécies diversas da família da cebola, a exemplo do alho, chalote e rakyyō, cereais como o milho, o sorgo, trigo, além do pepino e do tomate, entre outros.

O cebolicultor deve ficar atento ao acréscimo no inóculo com o plantio sucessivo de cebola ou outras plantas hospedeiras, o plantio de variedades ou híbridos com baixa resistência, que favorecem a multiplicação do patógeno, e práticas culturais que mantenham restos de raízes na área de produção.

É muito comum a realização do toalete da cebola e do alho na própria área de produção, mantendo as raízes infectadas no local.

Proteja a raiz da sua cebola

Recomenda-se ao cebolicultor a prática da rotação de culturas com espécies não hospedeiras por pelo menos quatro anos, tais como leguminosas, beterraba e batata-inglesa, entre outras. O plantio de cereais como o milho, sorgo e trigo pode incrementar o inóculo do patógeno e, portanto, deve ser evitado.

Devem-se realizar práticas que contribuam para o aumento da matéria orgânica do solo e de microrganismos que naturalmente possam competir com patógenos de solo. O incremento da matéria orgânica pode ser realizado pelo plantio de milheto e espécies de crotalárias.

Há relatos de redução da doença pela utilização de produtos biológicos à base de espéciesTrichoderma,decompostos ricos em ácidos húmicos e ácidos fúlvicos associados a microrganismos benéficos, além de fungos endomicorrízicos que também são descritos como benéficos no enfrentamento a esse patógeno.

No entanto, o cebolicultor deve ficar atento às condições em que esses produtos são aplicados, pois sua eficiência é muito dependente das condições edafoclimáticas a que são submetidos e os resultados são controversos.

Essa matéria completa você encontra na edição de Julho 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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