Rogério Novais Teixeira
Chefia de Transferência de Tecnologia da Embrapa – Café
A cochonilha é o nome vulgar dos insetos da família Pseudococcidae que apareceram em lavouras de café na década de 1920. É uma praga que pode causar grandes prejuízos. Seu ataque pode ser sazonal, causando danos severos num determinado ano e não ter nenhuma significância no ano seguinte. Seu aparecimento é muito dependente das condições climáticas, especialmente da temperatura.
Prejuízos
O ataque das cochonilhas ocorre principalmente em reboleiras, podendo causar perdas significativas de até 50% dependendo do nível de infestação e da época que essa infestação teve início. Se acontecer logo após o florescimento (fase de rosetas), os prejuízos serão drásticos devido ao “chochamento“ dos grãos, que tiveram sua seiva sugada.
Se o ataque iniciou na etapa final do enchimento dos grãos, os prejuízos poderão ser menos expressivos. No entanto, vale ressaltar que a infestação sempre causará perda de qualidade aliada à queda de produtividade.
Normalmente, com o ataque da praga ocorre a formação de uma camada preta nas folhas denominada fumagina, que diminui a área de realização de fotossíntese. Esses fungos se desenvolvem sobre as excreções das cochonilhas, podendo ocorrer a presença de formigas.
Condições para o surgimento
Muitos trabalhos têm sido conduzidos para aumentar o conhecimento sobre essa praga. Um fator unânime entre os técnicos é o efeito das altas temperaturas que normalmente vêm associadas com anos ou períodos de estiagem.
Os ataques podem infestar ramos, folhas, botões florais, roseta e até os frutos. Muitas vezes elas utilizam-se de outras plantas, tais como os quebra-ventos ou plantas daninhas, para se hospedarem e subirem para as plantas de café no início do florescimento.
Fonte de alimento
Como esses insetos são sugadores, eles se alimentam da seiva das plantas que seriam direcionadas para o crescimento das raízes e parte aérea. As plantas atacadas por cochonilhas apresentam um aspecto de plantas mal nutridas.
A principal espécie de cochonilha é a Planococcus citri (Risso), conhecida como cochonilha branca das rosetas, ou simplesmentecochonilha branca. Um ataque mais severo de cochonilhas pode até derrubar os grãos antes mesmo do completo enchimento.
Preocupação
Uma das regiões que tem registrado grande preocupação dos agricultores cafeeiros com cochonilhas são as áreas produtoras de café conilon no Espírito Santo, devido aos períodos de estiagem que provocaram um grande déficit hídrico nas lavouras de café nos últimos três anos.
Mas, as plantas de café arábica também podem ser infestadas em função das condições climáticas.
Controle
Existe uma grande quantidade de inimigos naturais que ajudam a manter o equilíbrio natural dessas pragas. Devido ao uso indiscriminado de inseticidas sem um monitoramento adequado, a população de inimigos naturais, tais como a joaninha, vem diminuindo drasticamente.
A utilização de inseticidas químicos deve ser realizada mediante um criterioso acompanhamento da lavoura. O início das pulverizações deve ser apenas nas reboleiras e no início da formação dos grãos (rosetas). Em anos de poucas chuvas e, consequentemente, de temperaturas mais altas, o cuidado deve ser ainda maior.
Atualmente, o inseticida que tem apresentado uma boa eficiência no controle da cochonilha é o Clorpirifós. Deve-se utilizar um alto volume de calda promovendo um bom molhamento das partes internas da planta.
Custo
Os custos dos manejos preventivo e curativo são aferidos por cada cafeicultor em função das escolhas de controle biológico ou dos diferentes produtos inseticidas disponíveis no mercado.
No entanto, vale a pena observar que o trabalho do manejo preventivo deve ser realizado ao longo da vida útil da lavoura de café e os resultados são percebidos paulatinamente. Ele tem um longo tempo para ser amortizado, além de contribuir de maneira sustentável para uma agricultura mais racional.
Além disso, como comentado anteriormente, o aparecimento de infestação de cochonilha está muito relacionado com as condições climáticas. As aplicações foliares são mais baratas e eficientes, enquanto que as aplicações via solo de produtos sistêmicos são mais caras e não têm se mostrado tão eficientes.