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Marco Antonio Lollato
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)
O Brasil planta em torno de 4,1 milhões de hectares de feijão e colhe aproximadamente 3,2 milhões de toneladas por ano em três safras. A região Sul é a maior produtora (Paraná, Santa Catarina e um pouco no Rio Grande do Sul), sendo que na safra de inverno entram Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. Existe ainda a produção artesanal no Nordeste, considerada de pouca expressão.
A tecnologia de cultivo é muito importante para a qualidade final do feijão, pois a cultura é muito sensÃvel a doenças. Há uma série de doenças que se mostram o maior problema de produção dessa cultura, e por isso é preciso um controle fitossanitário adequado visando não só a quantidade colhida, mas também a qualidade.
Condução da lavoura
A colheita é uma das etapas mais importantes na produção de feijão. Durante muitos anos, a colheita dessa cultura foi feita manualmente, o que limitou muito a sua área de plantio, dado que os grandes agricultores não queriam depender de mão de obra, algo já escasso e que envolve problemas de várias ordens.
Recentemente, o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) desenvolveu variedades de porte mais ereto de feijão, e, junto, um método de colheita direta para que os médios e grandes produtores pudessem entrar na atividade e manter uma oferta regular de feijão no mercado.
Com essa evolução, o percentual de área no Brasil colhido mecanicamente passou de 70%. Apenas na agricultura familiar se observa a colheita manual, mas se tratam de pequenas áreas, com pequena expressão na produção.
Tendência
A mecanização na colheita do feijão é uma tendência irreversÃvel, tanto que, se retirar a mecanização da colheita, o feijão sai da agricultura brasileira. As vantagens do sistema são: rapidez na colheita, redução de custo na colheita, não necessidade de mão de obra em grande quantidade e redução de problemas sindicais, o que tornou a cultura do feijão mais atrativa.
Os médios e grandes agricultores entraram na atividade e aumentaram parcela significativa da produção, e, para quem ainda não conhece, vale lembrar que não é preciso comprar máquinas especiais para colher feijão. Ela pode ser a mesma utilizada para colher soja, trigo e arroz.
É necessário, apenas, que se façam regulagens, mas não se exigem adaptações ou gastos na compra de equipamentos.
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Custo
Em geral, para fazer uma colheita manual, gasta-se de oito a 10 homens/dia/hectare, o que gera um custo de R$ 1.000,00/ha. Por outro lado, para fazer a colheita mecânica, considerando o gasto com óleo diesel e operador (cada máquina por dia trabalha 12 hectares, em média), esse valor cai para R$ 300,00/ha.
Nota-se, então, que a colheita mecânica representa menos que um terço da colheita manual, algo muito interessante, visto que a margem de lucro do agricultor é aumentada, assim como a segurança. A colheita manual exige arranquio, secagem e outros critérios que não estão sob controle, como chuvas, que podem ocasionar prejuízos na qualidade e na quantidade colhida.
Já a colheita mecânica é direta: o agricultor entra, colhe e rapidamente consegue retirar o feijão do campo, levando-o para o armazém e se livrando das intempéries que podem acontecer na época da colheita.
A colheita mecanizada é tão favorável ao produtor que até os pequenos agricultores que não têm condições de adquirir as máquinas arrendam a colheita. Assim, a colheita mecânica viabilizou a cultura do feijão na maioria das situações brasileiras.