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Rafael de Rezende Sant´Ana
Engenheiro agrônomo e vice-presidente da ABRATOP (Associação brasileira de tomate para processamento)
Abadia dos Reis Nascimento
Doutora e professora da Universidade Federal de Goiás – UFG
Atualmente, a área plantada com tomate industrial perfaz algo em torno de 17.600 hectares, com um volume estimado em 1,4 milhão de toneladas de tomate. A produção brasileira de tomate para processamento visa o suprimento das fábricas para produtos atomatados, tais como molhos, catchup, purê e extrato de tomate.
O crescimento desse mercado é diferenciado por produto, sendo verificado um maior crescimento no segmento de molhos devido à praticidade e mudança no perfil de consumo do brasileiro. No campo, temos mantido produtividade por hectare que varia em torno de 75 a 85 toneladas, sendo considerado estável nestes patamares, e oscilações existindo por fatores climáticos.
As principais regiões produtoras são Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco, com 69%, 13%, 17% e 1% respectivamente.
A realidade
As empresas processadoras ajudam os produtores fornecendo insumos como fertilizantes, fungicidas, inseticidas e herbicidas, bem como toda recomendação técnica para cultivo do tomate, os quais são posteriormente pagos com o tomate colhido.
O fornecimento dos insumos é uma das formas de manter a rastreabilidade da cadeia, evitando que produtos não registrados sejam aplicados na cultura. Os produtores, portanto, devem suprir os custos de preparo de solo, irrigação, equipamentos para pulverização e mão de obra para transplantio, pulverização e colheita mecanizada.
A cadeia de tomate para processamento possui, ainda, prestadores de serviço para transplantio e colheita mecanizada. Lembrando, ainda, que não existem colheitas manuais, sendo 100% da produção atual realizada mecanicamente.
O custo de produção está em torno de R$10.000,00, fora o frete para fábrica. Quando ao preço de venda, está, em média, em R$190,00 por tonelada, valores que podem variar dependendo da época de plantio e distância da fábrica.
Demanda
A indústria para processamento necessita de um volume aproximado de 1,4 milhão de toneladas de tomate. A produção brasileira tem capacidade para suprir a indústria, mas problemas climáticos podem reduzir a qualidade do tomate, especialmente quanto à cor, o que prejudica a polpa produzida, obrigando as indústrias a importar polpa de tomate com melhor qualidade para “blendar“, a fim de que o produto final tenha a mesma qualidade.
Novidade
A cadeia de tomate para processamento inova a cada ano, sendo que dificuldades para conseguir mão de obra no campo forçaram a cadeia a se mecanizar. Atualmente, 100% da colheita é mecanizada por máquinas italianas, que possuem seletores infravermelhos para separação de frutos (maduros e verdes).
O uso de híbridos com resistência a diversas doenças, melhores aspectos qualitativos, como firmeza e coloração, e alta produtividade, também vêm, ano a ano, melhorando a cadeia. Nas fábricas, o uso de embalagens flexÃveis vem tomando o lugar de latas, gerando economia para o consumidor, por meio do menor custo e maior eficiência.
Viabilidade
A cadeia do tomate para processamento se difere das outras pela organização, planejamento, fornecimento de insumos, recomendação técnica e organização das empresas para realizar serviços como produção de mudas, transplantio, colheita e transporte da fazenda para indústria.
O tomate plantado para indústria é considerado uma das culturas com melhor rentabilidade por hectare. Problemas e riscos, como chuvas excessivas, pragas e doenças/vírus, podem ocasionar redução desta rentabilidade ou prejuízo aos produtores, o que é mitigado por híbridos mais resistentes, fungicidas mais eficientes e uso de técnicas como plantio de direto.