25.6 C
Uberlândia
sábado, maio 4, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosGrãosPlantio na hora certa reduz perdas de produtividade no trigo

Plantio na hora certa reduz perdas de produtividade no trigo

Sérgio Ricardo Silva

Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Trigo

sergio.ricardo@embrapa.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O Brasil tem cultivado anualmente cerca de 2,2 milhões de hectares de trigo, com produtividade média de 2.450 kg/ha nos últimos 10 anos, sendo, portanto, uma cultura de grande relevância para a economia nacional.

Os principais produtores de trigo do Brasil são Paraná e Rio Grande do Sul, que juntos têm representado quase 90% da produção do País (2008-17). Em termos de produtividade média nos últimos 10 anos, temos duas situações: para o trigo irrigado destacam-se o Distrito Federal (5.788 kg/ha) e Goiás (4.861 kg/ha); e para o trigo de sequeiro temos SC (2.712 kg/ha), PR (2.524 kg/ha) e RS (2.270 kg/ha) como os mais produtivos.

As maiores produtividades de trigo no Brasil têm sido obtidas em propriedades irrigadas de Minas Gerais e no perímetro agrícola do DF, com valores superiores a 7.000 kg/ha. No entanto, quando se considera apenas o trigo de sequeiro, podemos destacar como ambientes altamente produtivos a região dos campos gerais do Paraná (como Ventania e Ponta Grossa), e regiões de maior altitude dos três Estados do Sul, destacando as microrregiões de Guarapuava (PR), Abelardo Luz (SC) e Vacaria (RS), onde é comum a obtenção de produtividades entre 05 e 06 t/ha.

Sérgio Ricardo Silva, pesquisador da Embrapa Trigo - Crédito Arquivo pessoal
Sérgio Ricardo Silva, pesquisador da Embrapa Trigo – Crédito Arquivo pessoal

Tecnologias

Dentre as tecnologias disponíveis para o aumento da produtividade do trigo podemos destacar:

u Melhoramento genético, que permite a geração de novas cultivares de trigo com maior potencial produtivo, resistência a doenças e adaptação a diversos ambientes edafoclimáticos.

u Manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras, utilizando o conhecimento acumulado sobre a relação hospedeiro-patógeno-clima, que permite a indicação de técnicas culturais e agronômicas mais assertivas para cada situação e sistema de produção, incluindo a rotação de culturas, a opção por cultivares mais resistentes, a escolha da época apropriada de semeadura para promover o “escape“ de doenças e, quando necessário, o controle químico baseado no monitoramento e em índices de intensidade de danos econômicos.

A disponibilidade de novos e modernos equipamentos de pulverização tem possibilitado ao agricultor a realização do controle químico de pragas, doenças e plantas invasoras em grandes extensões de área e em curto espaço de tempo, permitindo a realização das atividades nos momentos mais apropriados.

u Adubação eficiente, realizada nos estádios fenológicos-chaves para potencializar a formação dos componentes vegetais de produção (perfilhos/planta, espiguetas/espiga e número de grãos-espigueta), utilizando fertilizantes com composição balanceada dos nutrientes e com aditivos para aumentar a eficiência dos adubos (como inibidores de urease).

u Irrigação, utilizada em áreas altamente tecnificadas, principalmente no Cerrado brasileiro, onde o trigo faz parte do sistema de rotação de culturas sob pivô central.

u Zoneamento agrícola, que associa milhares de informações de clima, solo e material genético, de modo a permitir o melhor posicionamento e a melhor época de semeadura de cada cultivar para cada ambiente edafoclimático, objetivando reduzir os riscos de perdas de produção devido ao déficit hídrico, geadas e chuva na colheita.

Trigo irrigado no Cerrado - Crédito Sérgio Ricardo
Trigo irrigado no Cerrado – Crédito Sérgio Ricardo

Desempenho da cultura

O bom desempenho da cultura do trigo depende de fatores ambientais e daqueles relacionados ao manejo agronômico, dentre os quais podemos destacar:

Fatores climáticos: disponibilidade hídrica adequada nos diferentes estádios fenológicos da cultura, principalmente nos primeiros 20 dias após a semeadura e na fase de enchimento de grãos. Temperaturas mais frias (em torno de 10-19 °C), principalmente para promover o perfilhamento e para minimizar o surgimento de doenças de espiga (giberela e brusone).

Fatores edáficos e relevo: solos com boa capacidade de armazenamento de água, porosos e não compactados ou adensados. Altitudes acima de 700 m, que propiciam clima mais ameno durante o ciclo da cultura e menor evapotranspiração, aumentando a eficiência de uso de água pelas plantas.

Rotação de culturas: promove a redução de pragas e de inóculo dos principais fungos causadores de doenças foliares do trigo (como as manchas amarela e marrom), além de melhorar a ciclagem de nutrientes e a estruturação física do solo.

O Brasil cultiva anualmente cerca de 2,2 milhões de hectares de trigo - Crédito Shutterstock
O Brasil cultiva anualmente cerca de 2,2 milhões de hectares de trigo – Crédito Shutterstock

Época ideal de semeadura

A época ideal de semeadura do trigo considera dois fatores principais: maximizar a produtividade por meio do cultivo em épocas mais favoráveis ao desenvolvimento das plantas; e minimizar os riscos de perdas oriundas de fatores ambientais adversos, como comentado anteriormente.

Para ilustrar as recomendações do ZARC, temos os exemplos abaixo para algumas regiões tritícolas:

Trigo irrigado no Distrito Federal - Crédito Sérgio Ricardo
Trigo irrigado no Distrito Federal – Crédito Sérgio Ricardo

–Na região tropical, mais quente e com inverno seco (Cerrado de MG, GO e DF), o principal objetivo é evitar a deficiência hídrica nos estádios de enchimento de grãos. Portanto, a semeadura deve ser realizada mais cedo, no primeiro trimestre do ano, nos períodos específicos estabelecidos pelo ZARC para cada região e cultivar. Porém, outro fator de risco não contemplado pelo ZARC deve também ser considerado, isto é, a ocorrência de brusone.

–No norte do Paraná, quente e com chuvas razoavelmente bem distribuídas ao longo do ano, o foco é evitar chuvas na colheita, sendo a época de semeadura indicada para o período compreendido entre o final de março e o início de maio. Àsemelhança do comentado anteriormente, o risco de brusone também deve ser levado em consideração. Deste modo, agricultores e pesquisadores têm observado que há redução de brusone quando se posterga o início da época de semeadura para meados de abril.

–No centro-sul do PR, em SC e no RS, é priorizada a estratégia de escape de geadas nos estádios fisiológicos compreendidos entre 07-10 dias antes até 05-07 dias após o florescimento. Portanto, a semeadura deve ser realizada mais tarde, normalmente de junho até agosto.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de julho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

Ou assine

ARTIGOS RELACIONADOS

Pesquisa utiliza irrigação com água salina para produção de minimelancias

É muito comum encontrar, nas regiões semiáridas, problemas relacionados à salinização de água e do solo. Com o objetivo de avaliar os efeitos da...

Alface – Não deixe pendoar

Fábio Akiyoshi Suinaga Pesquisador da área de Melhoramento de Plantas da Embrapa Hortaliças O pendoamento na alface é a expressão da fase reprodutiva dessa espécie. O...

Sarna da macieira exige atenção do produtor

Givago Coutinho Engenheiro agrônomo e doutor em Fruticultura givago_agro@hotmail.com Herick Fernando de Jesus Silva Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia/UFU herickfernando@gmail.com   Dentre as fruteiras de clima temperado, a macieira...

Há necessidade de colocar o fósforo em profundidade?

O sistema de cultivo e o manejo da adubação fosfatada influenciam a disponibilização do P no solo, seu acesso pelas plantas e, por fim, a produção das culturas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!