Talita de Santana Matos
Doutora em Agronomia
Elisamara Caldeira do Nascimento
Doutora em Agronomia e professora – Sesitec – MT
Rafael Campagnol
Professor de Olericultura ” Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura ” UFMT
O solo, para ser considerado produtivo, deve ser fértil (rico em nutrientes), ter boas características físicas (textura, estrutura, densidade, drenagem), boas condições de relevo e não deve conter elementos ou substâncias fitotóxicas.
Portanto, é importante salientar que um solo fértil é aquele que tem a capacidade de suprir as plantas com nutrientes essenciais, na quantidade e na proporção adequadas para o seu desenvolvimento, visando obter alta produtividade.
Além da fertilidade do solo, a produtividade da goiabeira depende de outros fatores essenciais à produção, tais como: clima, cultivares e outras características do solo, como profundidade, teor de matéria orgânica, pH, saturação por bases, acidez potencial e disponibilidade de nutrientes.
A faixa de pH ideal está entre 6 a 6,5. É a mais adequada baseada na disponibilidade/mobilidade dos nutrientes. A redução da acidez do solo promove a insolubilidade de Al e Mn, aumenta a disponibilidade de P e Mo e diminui a disponibilidade de micronutrientes, como Zn, Mn, Cu e Fe.
Dessa forma, o pH ideal é a faixa que disponibiliza a maior quantidade dos nutrientes essenciais.
Calagem
O objetivo da calagem é corrigir a acidez do solo, fornecer suprimento de cálcio (estimula o crescimento das raízes e, portanto, o aumento do sistema radicular e uma maior exploração da água e dos nutrientes do solo, auxiliando a planta na tolerância à seca) e magnésio, diminuir as concentrações tóxicas de alumÃnio e manganês, melhorar as propriedades físicas e biológicas do solo, propicia melhores condições para a decomposição da matéria orgânica, com consequente maior disponibilidade de nutrientes e favorece a fixação biológica de nitrogênio, como também aumenta a eficiência no aproveitamento dos nutrientes.
A quantidade ideal de calcário, assim como a escolha do produto a ser utilizado vai depender dos resultados obtidos com a análise de solo. Por meio dos resultados de pH, Al trocável, Ca, Mg e H+Al (acidez potencial) será possível indicar o caminho a seguir.
Manejo
É importante lembrar a necessidade da incorporação e homogeneização do calcário na implantação de culturas perenes, já que aplicações superficiais atuam lentamente nas camadas mais profundas, e um solo mal corrigido no início comprometerá a produtividade por muito tempo.
Para tal, a calagem deve ser realizada no preparo do solo, visto ser a última oportunidade de mobilizar o solo, partindo da premissa de que não é aconselhável revolvê-lo em pomares já implantados, nem tampouco aplicar calcário na cova de plantio, especialmente junto com fontes de fósforo.
Esta incorporação deve ser realizada à profundidade mÃnima de 20 cm, cerca de 60 dias de antecedência ao plantio, dependendo do poder relativo de neutralização total (PRNT) e do poder de neutralização (PN), que são as garantias do produto de alta reatividade. Muitos estudos demonstram que o efeito residual desta prática (quando realizada adequadamente) persiste por vários ciclos subsequentes.
Em pomares já implantados, o procedimento indicado pelos boletins oficiais no Brasil é uma leve incorporação do calcário nas entrelinhas, entretanto, é importante ressaltar os diversos problemas fitossanitários decorrentes dessa prática, como: ferimentos e redução do volume de raízes, com consequente risco de infecções, disseminação de doenças no pomar e favorecimento da dispersão de pragas.
Alguns trabalhos vêm demonstrando que é possível aplicar o calcário na superfície do solo, sem incorporação. Este neutralizará gradualmente a acidez em profundidade, devido ao movimento das partículas no perfil numa taxa de 01 a 02 cm por ano, se as condições de umidade e drenagem forem adequadas.
Gessagem
O Ca é um elemento de baixa mobilidade em solos e, sendo assim, o efeito do calcário, em geral, não é observado em camadas mais profundas do solo.Para suprir as necessidades de Ca em profundidade, a fim de evitar que as raízes se concentrem na superfície do solo, favorecendo as intempéries, utiliza-se o gesso agrícola composto basicamente por sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O), contendo aproximadamente 32,6% de CaO e 18,7% de S, sendo fonte, além de cálcio, de enxofre.
Dessa forma, é considerado um condicionador do solo e não um corretivo. O ânion acompanhante sulfato (SO42-) imprime elevada mobilidade ao cálcio, permitindo que este nutriente chegue a camadas mais profundas do solo.
Versatilidade
Por fornecer enxofre e cálcio, dar mobilidade ao cálcio até camadas mais profundas do solo e reduzir a toxidez de alumÃnio em subsuperfície, o gesso é um insumo fundamental, especialmente para fruteiras de grande porte, pois favorece o crescimento e o desenvolvimento radicular.
Com isso, as plantas ficam menos sensíveis a períodos de veranico e são capazes de absorver nutrientes presentes em um maior volume de solo.O gesso pode ser aplicado junto com o calcário, mas é preferÃvel que seja após a calagem.
A dose a ser aplicada é determinada pela interpretação da análise de solo para a profundidade de 20-40 cm ou mais profundo (e não de 0-20cm, como para calagem), e pode ser aplicado em cobertura, sem necessidade de incorporação, pois é muito móvel no solo.
A utilização do gesso deve satisfazer uma das seguintes situações: a) Teor de cálcio menor ou igual a 0,5 cmolc dm-3, b) Teor de alumÃnio maior que 0,4 cmolc dm-3 e c) Saturação por alumÃnio (m) maior que 15%.
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