Cássio Pereira Honda Filho
Engenheiro agrônomo, mestrando em Fisiologia Vegetal ” Universidade Federal de Lavras e membro do Núcleo de Estudos em Melhoramento e Clonagem da UFLA(NEMEC)
CyntiaStephânia dos Santos
Tecnóloga em Cafeicultura, engenheira agrônoma, mestre e doutoranda em Agronomia/Fitotecnia ” UFLA e membro do NEMEC
Fernanda Aparecida Castro Pereira
Engenheira agrônoma, doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, Bolsista do Consórcio Pesquisa Café ” UFLA e membro do NEMEC
Mariana Thereza Rodrigues Viana
Engenheira agrônoma, mestre e doutoranda em Agronomia/Fitotecnia ” UFLA e membro do NEMEC
“O crescimento e a produção das lavouras são limitados pelo nutriente que se encontra em menor quantidade no solo“. Essa lei, proposta por Liebig em 1843, também conhecida por Lei do MÃnimo, é um princÃpio utilizado bastante na área de agrárias.
Segundo essa lei, a falta de um elemento (nutriente) essencial para o desenvolvimento da planta, seja ele macro (N, P, K, Mg, Ca, S) ou micronutriente (Mn, Zn, Fe, Cu, B, Mo, Cl) é capaz de limitar o desenvolvimento e/ou produção da planta. Resumindo, os nutrientes devem estar disponíveis em quantidades adequadas e no momento certo no solo.
Essencialidade
O fósforo (P) é o terceiro nutriente mais exigido pelo cafeeiro. É um componente de nucleotÃdeos fundamentais para a planta armazenar e transferir energia em seus processos metabólicos e compõe os chamados elementos ricos em energia, sendo o exemplo mais comum a adenosina trifosfato (ATP), que é utilizada em todas as reações do metabolismo que exijam energia.
Neste sentido, o P influencia o teor de açúcar, gordura e proteína, cuja biossíntese necessita de energia do ATP, promovendo assim a rápida formação e crescimento das raízes, a melhora na qualidade dos frutos, o pegamento da florada, a regulação da maturação e a formação da semente. Além do que foi citado, o fósforo também cumpre um papel fundamental na estrutura de ácidos nucleicos – o DNA e o RNA.
Acúmulo
As plantas acumulam P principalmente de duas formas – uma inativa ou P inorgânico (Pi), denominada de fração não-metabólica, quando ocorre armazenamento do nutriente no vacúolo das células e como P orgânico (Po), fração metabólica localizada no citoplasma de suas células.
A alta eficiência de uso do nutriente é atribuÃda à capacidade da planta na reciclagem do Pi atendendo às demandas do compartimento metabolizável em momentos de estresse ou quando há maior demanda por P. A compreensão da dinâmica dessas frações fosfatadas na planta auxiliam no entendimento do comportamento da planta em função das adversidades presentes no meio de cultivo.
Disponibilidade de P
De maneira geral, são encontrados baixos teores de P nos solos brasileiros, valores abaixo de 10 mg dm-3, o que implica na limitação da produção.Além disso, este elemento tem adsorção com compostos de Fe, Al e Ca, que são compostos de pouca solubilidade, tornando-se indisponível para as plantas, chamado fósforo não-lábil.
A textura do solo também influencia a fixação do P em solos de textura argilosa, que geralmente têm presença de óxidos de Fe e Al.As plantas absorvem o fósforo presente na solução do solo, chamado fósforo lábil. Este elemento é pouco móvel no solo e absorvido por difusão, processo lento que ocorre próximo à superfície radicular (0 – 10 mm).O elemento passa do meio mais concentrado para o menos concentrado.
Critérios
Para o manejo da adubação fosfatada é necessário ter alguns critérios, dentre eles realizaranualmente a análise do solo, e quando necessário a correção do pH, por meio de calagem.
O pH ideal para a disponibilidade de fósforo às plantas está entre 6,0 e 6,5. A correção prévia dos solos ácidos é de suma importância para o maior aproveitamento do P aplicado às plantas, pois promove a neutralização do Al e de grande parte do Fe, reduzindo sua precipitação.
A recomendação de P pode variar em função da região de cultivo, observando características como tipo do solo, textura, teor do nutriente, carga pendente e idade da planta.
Além disso, cada Estado segue uma recomendação, como por exemplo, Minas Gerais segue as recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5ª Aproximação.Já São Paulo segue as recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo (Boletim 100). Dessa forma, é necessário a consulta ao profissional da área para uma correta interpretação da análise de solo e posterior recomendação de adubação.
Fornecimento
Conforme descrito anteriormente, o P é pouco móvel no solo, além de ser absorvido por difusão. Por este motivo, é importante o fornecimento próximo à raiz, sob a “saia do cafeeiro“, onde há maior atividade radicular, favorecendo uma maior disponibilidade desse elemento à planta.
A aplicação no cultivo de café em sequeiro ocorre com o início do período chuvoso, para que haja maior solubilidade do nutriente, já que a água é o veículo de transporte desse elemento.
Benefícios para o cafeeiro
O cafeeiro vem se mostrando responsivo à adubação fosfatada, aliado à irrigação. Nas condições de Cerrado do Planalto Central do Brasil, foi observado maior pegamento na florada, taxa de crescimento e vigor de plantas em cafeeiros que receberam doses elevadas de P2O5.