Jade Cristynne Franco Bezerra
Ernandes Macedo da Cunha Neto
Graduandos em Engenharia Florestal na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) – campus Paragominas (PA) e membros do Grupo de Pesquisa e Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais
Gustavo Antônio Ruffeil Alves
Doutor e professor ” UFRA – campus Paragominas e coordenador do Grupo de Pesquisa Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais
Atualmente, o milho (Zea mays L.) é um dos vegetais que mais se destaca, devido ao seu potencial para a alimentação humana e animal aliado à sua utilização como biocombustÃvel. Entretanto, esta cultura tem apresentado baixa produtividade, pois é um cultivo bastante exigente, de modo que demanda altas quantidades de nitrogênio, que provavelmente não serão supridas apenas pelo solo. Dessa forma, é aplicada uma grande quantidade de fertilizantes químicos para reverter este cenário.
Contudo, tal prática traz grande impacto ambiental, além de os custos com adubação se tornarem maiores do que os lucros obtidos com a produção (Silva et al., 2005).
Nitrogênio
O nitrogênio (N) é considerado um dos maiores fatores de produção responsáveis pelo acréscimo da produtividade e da proteína dos grãos de milho (Amado et al., 2002). A utilização de fertilizantes nitrogenados por muito tempo mostrou bons resultados, contudo, com o avanço dos sistemas de plantios se fez necessário adaptar as quantidades de nitrogênio para essa cultura.
No plantio direto, em que não é realizado o revolvimento de solo, há a diminuição da dinâmica do nitrogênio. Logo, faz-se necessário uma grande quantidade de fertilizante para fornecer os nutrientes necessários para a planta.
Sabe-se que grande parte do nitrogênio fornecido durante a adubação é volatizado ou lixiviado, o que também leva à poluição de rios pelo nitrato, que é um composto extremamente poluente, de modo que se prospecta que apenas 50% do nutriente é absorvido pelas plantas.
Diante disso, novas tecnologias foram estudadas com o intuito de atingir alta produtividade. A partir de então, foi descoberta uma alternativa eficaz para a maximização da produtividade e diminuição de custos.
A solução
A inoculação de bactérias surge como meio de redução do uso de fertilizantes químicos, além de proporcionar uma nutrição adequada, aliada à fixação biológica de nitrogênio e, consequentemente, mais germinação e crescimento da planta.
A tecnologia de inoculação consiste na introdução da bactéria diretamente na planta para estimular o seu crescimento, de modo que estes atuam no sistema radicular, podendo fornecer até 30% do nitrogênio necessário para o seu desenvolvimento.
Dentre as bactérias utilizadas para este fim, destaca-se a Azospirillum brasilense, um microrganismo desenvolvido pela Embrapa Soja de Londrina em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para este fim. Atualmente, existem inoculantes comerciais contendo essa bactéria que podem ser facilmente encontrados.
Apesar dessa união bactéria-planta ainda não ser muito bem compreendida, sabe-se que há uma troca benéfica entre estas, na qual a planta oferece energia e abrigo para a bactéria, e esta oferece nutrientes para o desenvolvimento do milho, resultando em plantas mais verdes e sem estresse hídrico.
Bactérias x produtividade agrícola
Além da Azospirillum brasilense, outras bactérias pertencentes ao grupo Pseudomonas têm sido estudadas para o mesmo fim, tais como: Bacillus, Bradyrhizobium, Rhizobium, Gluconacetobacter e Herbaspirillum. Sabe-se que elas melhoram o desempenho fisiológico e possuem boa adaptabilidade às variações edafoclimáticas de qualquer região.
A bactéria do tipo Rhizobium é muito utilizada em culturas de soja. Em contrapartida, não necessita de adubação nitrogenada, diferente da utilização de Azospirillum na cultura do milho, que mesmo após a inoculação não dispensa o nitrogênio, sendo necessário inocular e adubar, porém, em doses menores.
Apesar de ser uma tecnologia mais cara do que o Rhizobium, ainda se torna compensatória em relação aos gastos com fertilizantes nitrogenados.
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