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Adubo verde – Solo saudável para receber HFs

Autor

Christiano L. de Oliveira
Graduando em Engenharia Agronômica – Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ/CSL) e coordenador de Ensino e Extensão do GEFIT (Grupo de Estudos em Fitotecnia)
christiano_oliveira@hotmail.com.br
Ricardo R. da Silva Almeida
Graduando em Engenharia Agronômica – UFSJ/CSL e auxiliar de Pesquisa do GEFIT
ricardoric-7@hotmail.com

A adubação verde é utilizada pelos agricultores, em distintas regiões do mundo, para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos agricultados. A eficiência da adubação verde é comprovada também no controle de nematoides, quando se utilizam leguminosas específicas, problema para o qual os produtos químicos, na maioria das vezes não são eficientes.

A adubação verde traz muitos efeitos benéficos, como: aumentar o teor de matéria orgânica, desde que utilizada continuamente; diminuir índices de erosão, protegendo o solo de chuvas fortes; aumenta a retenção de água no solo; recupera solos degradados e adensados; diminui a perda de nutrientes, como o nitrogênio; reduz a quantidade de plantas invasoras; favorece a proliferação de minhocas no solo, interrompe o ciclo e reduz o ataque de pragas e doenças.

A adubação verde com leguminosas proporciona vantagens, como a economia com fertilizantes nitrogenados, grande rendimento por área, sistema radicular profundo, que ajuda a descompactar o solo, e simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio (Silva et al., 1985)

Desintoxicação do solo

Um dos grandes benefícios que o uso da adubação verde proporciona para o solo é a desintoxicação, com a mitigação de metais pesados, resíduos de defensivos e excesso de nutrientes, além de fitorremediação.

De uma maneira geral, os solos sob cultivo, submetidos à mobilização excessiva e retirada da produção e resíduos vegetais, sofrem com o decorrer do tempo uma redução significativa no teor de matéria orgânica.

A situação é agravada em solos de textura média a arenosa e bem intemperizados, pobres em matéria orgânica, e em regiões de elevada temperatura e umidade devido à maior taxa de decomposição da mesma (Alexander, 1977).

Para solos com as condições citadas acima, que coincidem com as predominantes nos Tabuleiros Costeiros, o manejo da matéria orgânica é essencial, já que ela é a principal reserva de N e a responsável por grande parte da Capacidade de Troca de Cátions (CTC) dos solos tropicais, em que participa com 56 a 82% (Raij, 1981).

Toxidez

De acordo com o “Relatório de Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo” (CETESB, 2001), 20 são os elementos potencialmente tóxicos considerados contaminantes prioritários do solo: alumínio (Al), antimônio (Sb), arsênio (As), bário (Ba), boro (B), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr), ferro (Fe), manganês (Mn), mercúrio (Hg), molibdênio (Mo), níquel (Ni), N-nitrato (NO3-), prata (Ag), selênio (Se), vanádio (V) e zinco (Zn).

Apesar de associados à toxidez, nem todos os elementos potencialmente tóxicos podem ser considerados xenobióticos (compostos químicos estranhos ao organismo humano), uma vez que B, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, N-nitrato e Zn são nutrientes para o pleno desenvolvimento vegetal, além de o Co ter influência comprovadamente benéfica para plantas, sobretudo para as leguminosas (Biondi et al., 2011).

Neste contexto, o conhecimento dos teores naturais de elementos potencialmente tóxicos torna-se relevante, uma vez que possibilita, por um lado, definir valores orientadores de qualidade do solo, pela geração de VRQs (Valor de Referência de Qualidade para Solos) e, por outro, avaliar o potencial do solo em suprir elementos importantes ao metabolismo vegetal, a médio e longo prazos.

Contribuição dos adubos verdes

O tempo necessário para a correção do solo intoxicado será relativo às suas condições – quanto maior o tempo de uso da adubação verde, menos dificuldades e mais benefícios são encontrados.

A família das leguminosas é mais utilizada como adubo verde. Segundo Miyasaka et al. (1984), a principal razão pela preferência está em sua capacidade de fixar o N atmosférico mediante a simbiose com bactérias do gênero Rhyzobium bradyrhizobium nas raízes.

 Conforme nos informa Alvarenga (1993), comparando diferentes adubos verdes, o guandu é a espécie de maior potencial para penetração de raízes no solo, maior produção de massa seca e maior quantidade de nutrientes imobilizados nas condições por ele estudadas.

Kiehl (1960), em trabalho com o guandu, feijão-de-porco, mucuna-preta, mucuna-rajada, Crotalaria junceae e Crotalaria paulina, verificou que o guandu e a Crotalaria juncea foram as espécies que mais se destacaram na produção de massa verde e matéria seca.

Entretanto, existem evidências de falta de resposta dos adubos verdes à melhoria da fertilidade dos solos. Os efeitos promovidos pela adubação verde nas propriedades químicas do solo são bastante variáveis, dependentes de fatores como: espécie utilizada, manejo dado à biomassa, época do plantio e corte do adubo verde, tempo de permanência dos resíduos no solo, condições locais e interação entre esses fatores.

Para as hortaliças

Pesquisas indicam que a utilização dos adubos verdes como complemento ao composto orgânico, mesmo no primeiro ano de cultivo orgânico, o qual representa um sistema em início de conversão, permitiu a obtenção de cabeças comerciais de alface americana e de repolho com peso satisfatório para o mercado, demonstrando que a adubação verde pode ser considerada uma prática promissora na produção dessas hortaliças em sistema orgânico.

Custo

O custo da produção de adubos verdes varia, mas de uma forma geral, foram estimados para implantação de um hectare da espécie arbórea gonçalo Alves (Astonium fraxinifolium Schott), com adubação verde, em Latossolo Vermelho degradado, como se segue: gonçalo Alves + feijão-de-porco; gonçalo alves + crotalária; Gonçalo alves + fórmula NPK (04-14-08); e gonçalo alves + braquiária + lodo. A estimativa do custo de implantação de gonçalo alves variou entre R$ 2.829,13 e R$ 3.872,21.

A adubação verde é, pois, uma forma natural e renovável, que garante mais saúde para os consumidores e mais proteção ao meio ambiente. Essa união entre preservação ambiental e benefícios para os envolvidos no processo mostra que existem alternativas entre os químicos e a adubação verde, além de ser uma forma mais econômica de recuperar um solo degradado e ajudar no controle de pragas e doenças, garantindo melhor rentabilidade para o produtor.

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