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Pragas e doenças – Ameaça ao caquizeiro

Autores

Marco Antonio Tecchio
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Agronomia/Horticultura – Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA)/UNESP
marco.a.tecchio@unesp.br
Ronnie Tomaz Pereira
ronnie@educarpv.com
Victória Monteiro da Motta
victoriamonteiro11@gmail.com

O caquizeiro possui diversos problemas fitossanitários relacionados ao seu cultivo e que culminam na redução da produtividade, qualidade da produção e, em alguns casos, a perda do produto comercial. As principais doenças relacionadas à cultura são a cercosporiose (Cercospora Kaki), antracnose (Colletotrichum horii), mofo cinzento (Botrytis cinerea), pestalozia (Pestalotiopsis spp.), a queima-dos-fios (Cerotobasidium sp.) e a galha da coroa (Agrobacterium tumefaciens). A cercosporiose e antracnose consistem nas principais doenças que ocorrem na cultura.

Alerta

A cercosporiose é causada pelo fungo Cercospora caki e pela condição ambiental de elevada umidade relativa e temperaturas amenas, sendo disseminada pelo vento e água. As cultivares mais resistentes são Taubaté e Trakoukaki, enquanto que Rama Forte e Guiombo são moderadamente suscetíveis e Fuyu suscetível.

Recomenda-se como forma de controle o tratamento de inverno, com a aplicação de calda sulfocálcica em proporção 1:9, apresentando eficiência na diminuição das estruturas de resistência do fungo. Além da calda sulfocálcica, recomenda-se a utilização de fungicidas recomendados para a cultura. Os principais ingredientes ativos/produtos utilizados para o controle são: estrobilurina + triazol, ou triazol.

A antracnose também causa sérios danos à cultura. Possui como agente causal espécies do gênero Colletotrichum, desenvolvendo em condições de alta umidade relativa e temperaturas entre 10 e 36°C.

O Estado do Paraná apresentou maior infestação da doença, e em São Paulo a presença do fungo nos pomares já causa sérios danos à cultura. A doença é destrutiva e disseminada por insetos e água, e afeta folhas, ramos e frutos, que em consequência ocorre a desfolha, podridão, queda dos frutos e a perda do produto comercial.

Os frutos afetados apresentam maturação precoce, rachaduras, amolecimento da polpa e queda acentuada. Medidas preventivas são fundamentais para evitar a ocorrência da doença, como o tratamento de inverno com calda sulfocálcica no período de dormência; a eliminação de restos culturais; podar ramos secos, fracos e doentes para melhor arejamento e insolação das árvores; realização da poda verde em dezembro/janeiro; o uso de calda bordalesa durante o desenvolvimento dos frutos; a desinfestação das ferramentas; catação dos frutos com sintomas da doença; implantação do pomar em locais de maior altitude, evitando-se baixadas úmidas, entre outros.

A variedade Giombo é muito suscetível à doença, sendo praticamente extinta no Paraná, enquanto que a Rama Forte e Fuyu são pouco suscetíveis. Atualmente, existem apenas quatro produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo os princípios ativos utilizados para o controle o oxicloreto de cobre e sulfato de cobre.

Custo

O manejo fitossanitário no controle de doenças, segundo produtores Cooperativa NSV, de Jundiaí, representa cerca de 15% do custo total de produção, em que o número de pulverizações varia de 15 a 35, dependendo do produtor. O volume de calda utilizado é de 800 L/ha, considerando o espaçamento 7 x 6 m, o que equivale a 3,36 L/planta.

As pragas

Entre as pragas estão a lagarta-dos-frutos (Hypocala andremona), tripes (Heliothrips haemorrhoidalis), cochonilhas (Pseudococcus spp.), ácaro rajado (Tetranychus urticae) e a mosca-das-frutas (Anastrepha spp e Ceratitis capitata).

A lagarta-dos-frutos (Hypocala andremona) é uma praga que causa danos significativos no caqui, depreciando a qualidade e valor comercial. Os principais danos são perfurações, desfolhamento e o secamento, causado pelo hábito de broquear nervuras, em seguida depredam todo o limbo foliar, com exceção da nervura principal.

Os frutos são atacados, ocorrendo a raspadura da casca, e ao longo do desenvolvimento forma-se uma cicatriz anelar. O tripes (Heliothrips haemorrhoidalis) é uma praga de tamanho muito pequeno, e por essa razão consegue se abrigar facilmente no cálice dos frutos.

Os danos ocorrem nas folhas e frutos, em que as folhas atacadas caem prematuramente e a casca dos frutos fica ressecada, podendo ocorrer o rompimento, causando podridão da fruta e ainda atrair outros insetos. O controle do tripes deve ser realizado durante o florescimento e início da frutificação.

Cochonilhas

As cochonilhas (Pseudococcus spp.) sugam os frutos para se alimentarem e em consequência ocorre a formação de uma mancha escura, depreciando o fruto. A mosca-das-frutas é considerada uma praga secundária para a cultura do caqui e quando a colheita é feita no ponto certo dificilmente ocorrerá um ataque da praga. Os frutos atacados são, normalmente, maduros e já não apresentam valor comercial.

Há pouca disponibilidade de produtos químicos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de pragas da cultura do caquizeiro, tendo o neonicotinoide + éter difenílico (Eleitto) para mosca-das-frutas e o cetoenol (Oberon) para o ácaro rajado. Assim, utilizam-se técnicas alternativas para o controle.

Alternativas

O ensacamento dos frutos, prática comumente utilizada na produção orgânica, é uma alternativa no manejo de pragas, principalmente da mosca-das-frutas. A técnica proporciona ainda uma manutenção da qualidade dos frutos.

Experimentos recentes demonstraram que o ensacamento de caquis com embalagem de polipropileno perfurado é uma boa alternativa ao controle químico de pragas. Mais recentemente está o uso do Manejo Integrado de Pragas (MIP), o qual consiste em um sistema de manejo de pragas que associa o ambiente e a população da espécie, fazendo uso de técnicas apropriadas.

O MIP baseia-se na exploração do controle natural, níveis de tolerância das plantas aos danos causados, no monitoramento das população e na biologia da praga e da planta. O monitoramento da densidade populacional da praga-alvo é uma das formas de iniciar o MIP, com o uso de amostragens e armadilhas capazes de detectar a população de insetos.

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