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Os números estatísticos da safra de pimenta

Autora

Raíra Andrade Pelvine
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Horticultura, Unesp/Botucatu
raira_andpelvine@hotmail.com

O mercado para as pimentas é muito segmentado e diverso, devido à grande variedade de produtos e subprodutos, usos e formas de consumo. Este mercado pode ser dividido em dois grandes grupos: o consumo in natura, geralmente em pequenas porções, e as formas processadas, que incluem molhos, conservas, flocos desidratados e pó como ingrediente de alimentos processados.

Importância

As pimentas do gênero Capsicum destacam-se como importantes produtos do agronegócio brasileiro. Na pauta do comércio internacional de hortaliças, o volume das exportações brasileiras atingiu cerca de nove toneladas no valor aproximado de US$ 18 mil nos últimos anos.

No Brasil, a área cultivada com pimenta chega a 5 mil/ha. Atualmente, a China e a Índia têm mais de 1.000.000 hectares cultivados com Capsicum, e os tailandeses e sul-coreanos, tidos como os maiores consumidores de pimenta do mundo, comem de 5 a 8 gramas por pessoa/dia.

Produtividade

Os maiores produtores de pimentas são Espírito Santo e Pará, sendo a pimenta-do-reino a que mais se cultiva em ambos os Estados, que podem chegar a 17 mil toneladas/ano deste produto. As pimentas cayenne e jalapeño podem somar uma produtividade de 40 mil toneladas/ano.

Mercado interno x externo

As cotações de preço das pimentas nos mercados atacadistas e varejistas seguem as mesmas tendências das demais hortaliças. As oscilações de preços dependem da oferta e procura do produto, principalmente da ocorrência de fatores que afetam a produção, como oscilações do clima, incidência de pragas e doenças, disponibilidade e custo das sementes, entre outros.

De modo geral, as pimentas não estão listadas entre os produtos hortícolas contemplados nos calendários de comercialização, com exceção das CEASA de Goiânia (GO) e Campinas (SP).

O período de menor oferta de pimentas e alta de preços no atacado corresponde aos meses de julho, agosto e setembro em Goiás e aos meses de fevereiro, maio, julho, setembro, novembro e dezembro na CEASA de Campinas.

De uma maneira geral, com as temperaturas mais baixas nas regiões sudeste e centro-oeste durante os meses de inverno, existe uma tendência de redução na produção de pimentas, plantas típicas de clima quente. Em São Paulo existe uma maior demanda por pimentas na época de inverno, porque são usadas em sopas, caldos quentes e outros pratos típicos da estação (Embrapa-DF).

Dados estatísticos

O mercado de pimentas processadas é explorado por empresas familiares ou de pequeno porte, empresas de médio porte, especializadas ou não em derivados de Capsicum, e grandes empresas processadoras, geralmente especializadas em determinados tipos de produtos e que visam mais a exportação.

Existe um grande número de pequenos processadores familiares ou de pequeno porte que fazem conservas de pimentas em garrafas de vidro com 150 ml, praticamente um padrão de mercado, e que comercializam diretamente para os consumidores em feiras livres, mercados de beira de estrada, pequenos estabelecimentos comerciais e eventualmente atacadistas.

As empresas de médio porte, em geral, têm vários tipos de produtos, como conservas, molhos, geleias, conservas ornamentais, entre outros, que são comercializadas em supermercados, mercearias especializadas, lojas de conveniência e de produtos importados.

As grandes empresas são especializadas no processamento de determinados produtos, como páprica e pasta de pimenta. A pimenta para a fabricação de páprica (pimenta doce vermelha desidratada na forma de pó) é cultivada e processada por uma grande empresa na região do Cerrado Mineiro que exporta para a Europa grande parte de sua produção.

O cultivo da pimenta para páprica é feito pela própria empresa e também por produtores cooperados, sendo que em 2007 foram cultivados aproximadamente 1.600 ha na região noroeste de Minas Gerais, com cultivares próprias fornecidas pela empresa.

Situação semelhante ocorre no Estado do Ceará, onde uma empresa iniciou o cultivo da pimenta do tipo ‘Tabasco’, semelhante à ‘Malagueta’, para exportação na forma de pasta. O plantio da ‘Tabasco’ é feito por pequenos produtores em áreas irrigadas, sendo cultivados aproximadamente 400 ha/ano com este tipo de pimenta no estado.

Na região sudeste de Goiás cultiva-se anualmente em torno de 40 ha de pimenta do tipo jalapeño especialmente para agroindústria de molho. A pimenta jalapeño é picante e possui alta produtividade, atingindo até 40 t/ha, sendo assim importante fonte de matéria-prima para a agroindústria de molho.

Mercado para consumo in natura

Aumento da oferta e divulgação das qualidades das pimentas do tipo americano, de sabor mais suave e de melhor digestão; uso de pimentas menos ardidas e mais aromáticas, como a ‘de cheiro’ e ‘biquinho’; cultivo de pimentas com frutos de diversas cores, formas e de tamanho reduzido para a confecção de conservas ornamentais são um nicho de mercado.

Não há como garantir, porém, deve ser analisado o mercado em que deseja iniciar, pois ambas têm seus períodos de alto valor agregado em determinado período do ano. Por exemplo, a produtividade normal da pimenta malagueta por ano gira em torno de 10 t/ha, porém, são comuns médias de 6 t/ha.

A produtividade anual normal para pimenta biquinho e bode gira em torno de 20 t/ha, pimenta dedo-de-moça em torno de 25 t/ha e pimenta jalapeño em torno de 40 t/ha.

Investimento x retorno

O investimento na pipericultura varia de acordo com o material e a tecnologia a ser utilizada, porém, em cultivo menos tecnificado pode chegar a uma média de R$ 20 mil a R$ 25 mil/ha, sendo a mão de obra o item mais caro de toda a cadeia produtiva da cultura, caso não haja nenhuma tecnificação na instalação da cultura.

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