As pesquisas com pinus começaram na década de 1970, quando Brasil, África do Sul, Colômbia, Zimbábue, Índia e Honduras criaram uma rede experimental por meio de um programa de cooperação internacional. O melhoramento do pinus no Brasil foi implementado por empresas florestais, principalmente indústrias de celulose e papel e instituições de pesquisa, entre elas a Embrapa Florestas. “O principal objetivo do melhoramento é a perpetuação de exemplares mais fortes. Porém, na silvicultura já é possível atender diferentes necessidades da indústria”, explica Ananda Virgínia de Aguiar, engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa Florestas.
Um ciclo completo de melhoramento genético para pinus pode levar até 25 anos. “São várias etapas”, explica a pesquisadora. “Começa com a seleção de matrizes, passa pelo cruzamento entre os melhores exemplares, coleta de sementes e vários outros processos até o surgimento de uma nova geração”.
Herança genética garantida
Tão importante quanto ganhar produtividade e melhorar a qualidade da madeira é garantir que a herança genética seja preservada. O engenheiro florestal Julio César Soznoski explica que o processo envolve um alto nível de cuidado. “Trabalhamos respeitando a integridade do material genético coletado. As empresas precisam desta segurança, da garantia de que o material que está sendo colhido não seja mal manipulado. Desta forma, o “pedigree” será preservado e a qualidade do programa de melhoramento não será influenciada pela mistura de materiais genéticos”, conta Soznoski, que também é diretor da Kolecti Recursos Florestais. A empresa é especializada em diversas atividades na área de melhoramento genético, entre elas a coleta de sementes de espécies coníferas.
A colheita precisa ser realizada no momento certo da maturação de cada espécie e de suas respectivas matrizes. Cada uma delas deve passar por um procedimento de avaliação. “Caso essa maturação não seja respeitada, problemas com rendimento de sementes e germinação ocorrerão. Na colheita também existe um grande cuidado para não danificar a produção subsequente do próximo ano”, explica o engenheiro florestal.
O diretor da Kolecti Recursos Florestais conta que o procedimento de colheita pode ser realizado de forma mecanizada (com plataformas veiculares aéreas), ou manualmente, através de escalada com alpinistas florestais. A definição de qual forma será utilizada leva em consideração a geografia do terreno, diâmetro, altura e estrutura das árvores. Todos os envolvidos precisam ser capacitados e certificados com treinamentos rigorosos para trabalho em altura.
Atualmente estamos no período de colheita de sementes das espécies de pinus subtropicais. Entre as mais importantes economicamente estão Pinus taeda e Pinus elliottii. Praticamente todo o staff da Kolecti, mais de 40 profissionais, estão divididos em 15 equipes que trabalham simultaneamente com estas duas espécies nos Estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. “É um trabalho em altura, por isso fazemos isso respeitando todas as normas de segurança e saúde do trabalhador. Podemos nos orgulhar, pois temos índice de acidentes zero e pretendemos manter essa marca”, conclui o diretor da Kolecti.