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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Biocontrole é alternativa contra vaquinha verde-amarela?

Autores

Jade Cristynne Franco Bezerra
Engenheira florestal e mestranda em Agronomia/Produção Vegetal, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
jadefranco9@gmail.com
Samia Rayara de Sousa Ribeiro
samiaribeiro@ufpr.br
Ana Carolina Lyra Brumat 
Engenheiras agrônomas e doutorandas em Agronomia/Produção Vegetal – UFPR
Luís Amilton Foerster 
Engenheiro agrônomo, PhD em Entomologia e Zoologia Aplicada – UFPR
foerster@ufpr.br

Diabrotica speciosa é um besouro conhecido popularmente em sua fase adulta como vaquinha verde-amarela. Esta espécie ataca principalmente grãos como soja, milho, feijoeiro e hortaliças, tais como girassol, tomateiro, bananeira, algodoeiro e batata, se alimentando principalmente de suas folhas, especialmente na fase de plântula, mas podendo também, em sua fase de larva, atacar flores e as partes subterrâneas na planta (raízes), causando injúrias severas, danos que aparentam sintomas de deficiência de nutrientes e, consequentemente, perdas nos custos de produção (Hohmann; Carvalho 1989).

Alguns estudos constataram que até dois insetos por planta provocam desfolha de até 16%, em 24 horas de alimentação (Silva et al., 2003), problemática que provoca a necessidade de aplicações de inseticidas químicos para auxiliar no seu controle, entretanto, o uso excessivo pode causar a contaminação do ambiente e a resistência da praga.

Dessa forma, pesquisas relataram que a utilização de produtos naturais, quando utilizados como inseticidas, apresentam impacto ambiental reduzido, além de poucos resíduos nos alimentos, ausência de efeitos prejudiciais sobre organismos benéficos e o não aparecimento de resistência (Vendramim; Castiglioni 2000).

Controle cultural

O controle cultural vem sendo muito utilizado em pequena escala, no qual pequenas propriedades são passíveis de aplicação dessa técnica, que consiste em distribuir armadilhas para atrair o inseto para fora dos plantios. Entretanto, este procedimento torna-se inviável em grandes propriedades ou plantios em larga escala.

Dessa maneira, o controle biológico é um método promissor para o manejo da praga, no qual está sendo utilizado um novo produto biológico à base de um fungo entomopatogênico, Beauveria bassiana, que se caracteriza como sendo habitante natural da fauna do solo e, portanto, são usualmente utilizados neste ambiente para aumentar sua eficiência no controle de pragas.

Dessa forma, foram desenvolvidos métodos de aplicação, podendo ser na forma granulada ou líquida, comprovando-se grande contaminação do patógeno sobre insetos-pragas, além de provocar toxinas do fungo na fase larval, podendo causar, em média, de 5,0 a 10% de mortalidade natural do inseto (Hohmann; Carvalho 1989).

Atuação

O fungo não necessita ser ingerido pelos insetos para causar infecções, o que acontece desde a fase de ovos e pupas, pelo seu aparelho bucal. B. bassiana possui estruturas reprodutivas capazes de aderir à cutícula da vaquinha verde-amarela por meio de interações não-específicas.

A falha na adesão da infecção pode ser um dos fatores de especificidade do fungo ao hospedeiro, de modo que a cutícula do inseto também pode ser a maior barreira para invasão no hospedeiro (Charnley, 1997).

O manejo na área para controle da vaquinha com produtos biológicos já formulados deve seguir sempre a recomendação do fabricante quanto à dosagem, número e intervalos de aplicações do produto, assim como os produtos químicos.

É fundamental, também, que sejam realizadas inspeções periódicas na área por amostragem com armadilhas utilizadas no controle cultural, para que se tenha conhecimento sobre o índice de infestação dos insetos no cultivo, a fim de ajustar o controle de acordo com o número de insetos presentes na área.

Sem errar

O principal erro no controle da vaquinha verde-amarela quanto ao manejo biológico é a aplicação dos produtos em condições desfavoráveis ao microrganismo. Produtos biológicos necessitam de certos cuidados para sua aplicação.

Fatores ambientais estão relacionados diretamente à eficiência do produto. A aplicação do produto tem que ser realizada nas horas mais frescas do dia, em dias com temperaturas mais amenas e em solos próximos à capacidade de campo.

Condições desfavoráveis ao microrganismo fazem com que ele, quando aplicado no local, não consiga sobreviver, ou tenha a colonização e reprodução afetadas, diminuindo assim a eficiência do produto aplicado.

Quanto custa?

O custo médio do controle biológico, quando comparado com a adoção de medidas químicas de controle de insetos-praga, tem variações e é bastante inferior àquele. Contudo, questões relacionadas a problemas ambientais e ao custo de produção são as principais razões para a atual expansão do mercado de controle biológico no Brasil em substituição aos métodos químicos.

Entretanto, como normalmente um agente biológico só é eficiente para um ou poucos patossistemas, diferentemente de agentes químicos, o custo para seu desenvolvimento e registro é maior, fazendo com o que o preço final pago pelo produtor seja elevado.

Outro fator que explica o valor dos produtos biológicos é o baixo investimento de empresas do setor na produção e formulação de microrganismos, que priorize a máxima redução dos custos na obtenção do produto. Certamente, técnicas inovadoras, de baixo custo, que possam ser implantadas no sistema produtivo atual devem ser pesquisadas para permitir avanços no setor.

Para o agricultor, devem ser claras as vantagens da utilização dos produtos biológicos. O benefício esperado do uso do biocontrole não está relacionado apenas à eficiência do produto sobre o alvo, mas também por estes serem produtos biodegradáveis, seguros ao homem, seletivos a outros organismos e não causar desequilíbrios ecossistêmicos, por fazerem parte dele.

Para obter melhores condições de custo-benefício, o produtor deve buscar não apenas produtos de baixo valor, mas, considerar a qualidade e a procedência do produto, observando as formulações, doses e época de aplicação/entrada na área, no caso de uso de organismos vivos (Bettiol, 2009).

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