Autores
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Leandro Bianchi
leandro_bianchii@hotmail.com
Samara Moreira Perissato
samaraperissato@gmail.com
Vitor Muller Anunciato
vitor.muller@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia – UNESP/FCA
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define fertilizantes organominerais aqueles que contêm carbono orgânico e que apresentam determinados e mínimos teores de macro ou micronutrientes. As concentrações de carbono orgânico e de nutrientes exigidos dependem da apresentação do produto (sólido ou fluido) e da forma de aplicação recomendada: via solo, fertirrigação, foliar ou hidroponia.
São adubos que podem ter matérias-primas diversas, como: as derivadas das atividades agropecuárias, industriais, agroindustriais e comerciais, de origem vegetal, animal, lodos industriais e agroindustriais de sistemas de tratamento de águas residuárias, com uso autorizado pelos órgãos ambientais, restos de alimentos (in natura ou processados), todos isentos de dejetos sanitários.
O resultado são produtos de utilização segura na agricultura (quando o adubo é denominado de Classe A) e, ainda, podem ser gerados a partir de resíduos de atividades urbanas, industriais e agroindustriais, incluindo os resíduos sólidos urbanos da coleta de lixo convencional, lodos de estações de tratamento de esgoto, lodos industriais e agroindustriais de sistemas de tratamento de águas residuárias contendo qualquer quantidade de despejos sanitários, desde que tenham uso autorizado pelo órgão ambiental (quando é chamado de organomineral Classe B).
Pegamento da laranja
Plantas bem nutridas são mais resistentes ao ataque de pragas e doenças. Portanto, a melhoria proporcionada pelo aprimoramento no manejo nutricional favorece a obtenção de plantas mais sadias, cultivadas com menor contato com defensivos agrícolas, o que gera produtos de melhor qualidade nutricional, mais sustentáveis e saudáveis.
Além disso, as substâncias húmicas promovem agregação das partículas do solo, beneficiando assim a estrutura do perfil e, por conseguinte, propiciando a redução da densidade e a maior capacidade de retenção de água do solo.
O emprego de organominerais com ácidos húmicos na agricultura vem crescendo e a inclusão dos mesmos pode trazer benefícios aos cultivos, tais quais: a matéria orgânica presente em tais insumos melhora a fertilidade do solo (pelo fornecimento de nutrientes e aumento da capacidade de troca catiônica, pela ação de micelas húmicas coloidais) e suas propriedades físicas (aumenta a capacidade de retenção de água e a porosidade total do solo; forma agregados capazes de reduzir a erosão).
A presença dos ácidos orgânicos (ácidos húmicos e fúlvicos) nos organominerais pode reduzir a fixação de fósforo pelos óxidos de ferro e de alumínio; aumentar a população microbiológica benéfica do solo: os que são antagônicos aos fitopatogênicos e, ainda, liberam auxinas que estimulam a divisão das células das raízes, estimulando, assim, o enraizamento. Quando aplicado em estágios vegetativos ou reprodutivos das plantas, beneficiam o metabolismo vegetal (fotossíntese e respiração).
Em campo
O emprego de organominerais com ácidos húmicos pode ajudar no período de pré-floração, tendo em vista sua ação eficiente na melhora do enraizamento das plantas e absorção dos nutrientes presentes no solo.
Essa nutrição pode render o desenvolvimento de muitas flores, e quanto mais flores melhor, tendo em vista que apenas 2 ou 3% delas conseguem resistir e produzir frutos. Com uma boa quantidade de flores, o manejo se volta no pegamento, na formação e crescimento dos frutos.
Resultados em campo mostram que o pegamento de frutos pode aumentar em até 40% com a utilização de organominerais com ácidos húmicos. Estudantes e professores de Nutrição de Plantas do Curso de Engenharia Agronômica do UniPinhal estudaram a influência do uso de organomineral constituído de ácidos húmicos e fúlvicos associado ao potássio e em várias doses na formação de mudas de citros enxertadas: laranja: porta-enxerto Poncirus trifoliata e copa Valência; limão: porta-enxerto limão Cravo e copa limão Siciliano.
Os resultados mostraram que o organomineral promoveu acréscimo de desenvolvimento, traduzido pelo enraizamento, enfolhamento e altura, tanto das mudas de laranja como de limão.
Manejo
A aplicação do fertilizante organomineral deve ser tal qual é feita a aplicação do fertilizante mineral convencional. Não requer nenhum equipamento ou manejo especial para sua aplicação, sendo de fácil manuseio, excelente fluidez e pouca ou nenhuma geração de pó. Importante dizer que, devido à estabilização total da matéria orgânica, o fertilizante organomineral não apresenta riscos à saúde e ao solo.
A segregação é um fenômeno que pode acontecer quando se tem em uma mistura tamanhos de grãos variados. Quando ensacados ou na adubadeira, os grânulos de menor tamanho descem para o fundo do saco ou recipiente, e os maiores permanecem por cima. Se isso ocorrer durante a aplicação no solo, levará à desuniformidade na adubação, isto é, não se consegue aplicar a mesma dosagem de NPK ao longo do sulco de plantio. Assim, deve-se buscar o alto índice de uniformidade.
Custo-benefício
O custo do fertilizante organomineral complexado com ácidos húmicos vai depender do tamanho da área e também da dose que será utilizada. O que se pode dizer é que no mercado existem diversos produtos e que os preços variam de R$ 30,00 a R$ 500,00, dependendo do volume e material.
São inúmeros os estudos que comprovam uma melhor assimilação e aproveitamento destes nutrientes, que podem alcançar em torno de 50% a mais em relação aos nutrientes minerais. No entanto, vale ressaltar que isso é bastante variável e controverso, necessitando de mais pesquisas e testes sobre o assunto.