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Soja: Doenças de final de ciclo ainda preocupam

Autor

Marco Túlio Gonçalves de Paula
Engenheiro agrônomo e mestrando em Qualidade Ambiental – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
mtulio.agro@gmail.com

As doenças foliares da soja são comuns em todo o ciclo da cultura. Para que ocorram, quatri principais fatores são primordiais: a suscetibilidade da planta hospedeira, a capacidade e especificidade do patógeno, as condições ambientais e a eficiência da intervenção humana no manejo.

Normalmente, a ferrugem asiática da soja é a doença que mais exige cuidado e que basicamente comanda o cronograma de aplicações de fungicidas na cultura, distribuídas em três ou quatro aplicações, em média, no decorrer do ciclo da soja, variando de acordo com o comportamento das cultivares.

Como as aplicações de fungicidas e outros protetores contra doenças foliares são feitas baseadas na ferrugem asiática da soja, é comum, ao final do ciclo da planta, o surgimento de doenças secundárias após o efeito da última aplicação de defensivos. Esse conjunto de doenças é chamado DFC’,s ou doenças de final de ciclo.

Como acontece

Após o desmame dos grãos, ao final do enchimento, a planta fica nutricionalmente debilitada, pois suas reservas depositadas nas folhas e caule foram translocadas para as sementes. Isso contribui para que as DFC’s se instalem com mais facilidade e com maior severidade.

É um fato comum e que contribui para a entrega da planta e fechamento de ciclo, porém, o grande problema é quando elas ocorrem fora da época esperada, adiantando antes do desmame dos grãos ou até mesmo em fases vegetativas da cultura.

Na maioria dos campos de soja da região do Cerrado, a presença de mancha-parda (Septoria glycines) durante o desenvolvimento dos primeiros trifólios vem ficando rotineira e exigindo cuidados antecipados à primeira aplicação de fungicida para ferrugem asiática, que acaba controlando outras doenças em conjunto.

Geralmente esse controle é feito com uso de produtos menos complexos que as carboxamidas e estrobirulinas, o carbendazim e alguns triazóis, capazes de realizar um controle eficiente quando aplicados com tecnologia bem direcionada.

A mancha-alvo (Corynespora sp.) também tem surgido com mais severidade e reduzido as produtividades, quando presente antes da finalização do enchimento dos grãos. São todas doenças que danificam fortemente a área foliar da planta, causando queda fotossintética e quebra das atividades fisiológicas, interferindo no peso e qualidade dos grãos.

Controle

Várias são as formas de controle e prevenção das DFC’s, evitando que essas apareçam em momentos cruciais à produtividade: utilização de variedades resistentes, rotação de cultura, rotação de princípios ativos nas aplicações de fungicidades, entre outras.

A rotação de culturas é importante, pois a maioria das doenças de final de ciclo sobrevive em restos culturais, ou seja, seus inóculos estão presentes na palhada da soja do ano/safra anterior, só aguardando condições ambientais e hospedeiros aptos ao seu desenvolvimento. Por isso, em áreas cultivadas com soja após soja a atenção deve ser redobrada para tais doenças, podendo surgir no início do desenvolvimento da cultura.

A escolha de variedades deve ser feita observando sempre o histórico do talhão, quais doenças são frequentes, a época de surgimento das DFC’s e severidade das mesmas, e isso deve definir se a soja escolhida deve ter resistência a alguma doença do complexo de final de ciclo, qual arquitetura é melhor para receber produtos fitossanitários e não desenvolver patógenos, entre outras características.

A rotação de ativos que compõem os fungicidas e protetores também é importante para não haver pressão de seleção e indução de resistência dos patógenos às moléculas utilizadas, reduzindo assim sua eficiência de controle. Além disso, a união de princípios ativos para cercar o complexo de doenças por completo também é uma excelente alternativa.

Juntamente com os triazois e estrobirulinas, podem ser utilizados também os mancozebes, produtos com cobre em sua composição, hidróxidos variados e recomendados para tais finalidades, entre outros.

A questão nutricional sempre deve ser levada em conta quando o assunto são as pragas e doenças, pois uma planta nutricionalmente mais equilibrada resiste melhor ao ataque de microrganismos e insetos fitófagos, além de se recuperar melhor ao final do controle destas injúrias.

Portanto, tanto a adubação inicial de base, via sulco de semeadura ou cobertura a lanço, quanto a adubação com nutrição foliar, suprindo as necessidades da planta durante seu ciclo, devem ser bem feitas.

Visto de perto

Visando amenizar a severidade das DFC’s, o manejo de doenças deve ser feito sempre com acompanhamento, análise de histórico e atuação preventiva, para evitar que ocorra a redução da área foliar da soja e quebra fotossintética, o que reflete diretamente na produção de grãos.

A identificação da doença por meio dos sinais e sintomas também é de suma importância no manejo, pois por mais generalistas que sejam, alguns produtos são mais eficazes para controlar determinados patógenos. O engenheiro agrônomo responsável pelo acompanhamento deve estar sempre a par do histórico da área para tratar de forma preventiva o que for necessário.

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